Maria Antônia deixou seu carro no estacionamento do aeroporto Galeão e saiu ansiosa com receio de ter perdido a possibilidade de surpreender Gustavo desembarcando. Ele era seu vizinho de prédio, moravam no mesmo andar há tanto tempo que se a perguntasse desde quando eles eram amigos, ela não saberia dizer. Sabia apenas que a adolescência foi ao lado de Gustavo, de Mário, seu irmão, e Simone, sua cunhada. Os quatro eram inseparáveis naquela época... Somente o amigo não estudara na mesma escola que os outros três, mas isso não os impediu de irem às festas das escolas que frequentavam. Cresceram como qualquer jovem do Rio de Janeiro na década de 90: estudos, festas, praias, amigos, namoros... Tudo tão saudável que aos 35 anos Maria sentia imensa saudade de tudo que vivera. Não que sua realidade atual fosse angustiante ou algo do tipo, ela trabalhava na sua paixão de criança, a dança, possuía um apartamento, aliás havia ganhado dos pais o apartamento que morava. Os pais de Maria e Mário após a separação, resolveram na divisão de bens dar um moradia para cada um dos dois filhos. E a ela felizmente ficou com o apartamento do Leme.
Maria Antônia se deteve diante de uma das placas com os anúncios dos voos que estavam aterrizando e os portões de desembarque. Sabia que Gustavo viria de Tokio, cidade onde havia morado por quase 2 anos ao lado dos pais. Os pais de Gustavo resolveram viver no país de origem de seus ancestrais quando Senhor Saito se aposentou. Já o filho, depois de 1 ano dos pais no Japão, resolveu ir também para tentar a sorte como pintor naquele país de cultura milenar, sendo muito bem sucedido...
Ela quando descobriu o portão que Gustavo desembarcaria se dirigiu às pressas, pelo horário o avião já havia aterrizado, mas até os passageiros passarem por todos os procedimentos de desembarque, pegar as malas na esteira e passar na polícia federal, ela conseguiria estar justamente esperando-o quando ultrapassasse o portão. Maria se colocou ao lado de algumas pessoas que também estavam na expectativa da saída dos passageiros... Quando começaram a sair, reparou que alguns funcionários de empresas de turismos levantavam seus cartazes com o nome de quem eles esperavam. Ela deu um sorriso e pensou que deveria ter feito o mesmo para que o amigo se divertisse um pouco, mas não havia mais tempo para aquilo...
Os passageiros passavam com olhares cheios de expectativas, buscando alguém e nada de Gustavo. Começou a passar pela cabeça de Maria que talvez tivesse visto errado o número do portão, mas certamente aquele era um voo vindo da Ásia já que eram muitos com os traços orientais... Era bem possível que não tivesse visto o número correto, ela era um pouco ansiosa e isso fazia com que cometesse alguns equívocos...Quando já estava nervosa por não ver o amigo passar, ele apontou vindo tranquilamente pelo corredor de pessoas. Ela havia esquecido da personalidade tranquilo dele. Gustavo vinha sem se dar conta de que ela o esperava, apenas puxava sua mala, que não era tão grande como se esperava, e uma mochila. Ele se destacava com sua beleza oriental de quase 1,90 de altura por onde quer que passasse. Ela o assistia caminhar tranquilamente como se tivesse toda uma vida para fazê-lo. Esse era Gustavo Saito, um homem extremamente tranquilo, compenetrado. Eles costumavam dizer-lhe que parecia viver num mundo a parte...E realmente pelo olhar, ele parecia não se dar conta de que a amiga estava ali esperando-o.
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Por que agora?
Romance(PAUSADA) Numa terça pela manhã, Gustavo Saito desembarca no Galeão e se depara com Maria Antônia, sua boa e velha amiga. Maria havia ido buscá-lo de surpresa, afinal depois de quase dois anos fora, o mínimo que uma amiga faria era recepcionar seu...