No apartamento de Gustavo naquela mesma noite...
Maria deitada no sofá da casa de Gustavo em uma das mãos segurava a garrafa de cerveja que virava vez ou outro na boca, enquanto com a outra mão acariciava o cabelo longo e solto do amigo. Ele sentado ao piso e encostado ao sofá, sentindo os dedos da amiga entranharem em suas mechas ao mesmo tempo que tomava sua cerveja e contava como fora o reencontro com o filho:
- Ele está imenso, nos falavamos por chamada de vídeo do WhatsApp, mas pessoalmente se nota mais a diferença.
-Ren vai ficar alto, você e Maitê são...não tem como ele ser diferente...
- Verdade...
- Desde que você foi ao Japão que eu não vejo o Ren.
Gustavo tomou mais um gole da cerveja e ficou em silêncio por mais alguns segundos:
- Você sabe como é Maitê...
Maria tirou a mão do cabelo do amigo e se sentou, voltando-se para ele:
-Ela ainda com aquele ciúmes bobos?
-Ela nunca acreditou na nossa amizade. Assim que por ela, Ren não teria nenhum contato com você...
-Que louca!- sorriu.
Maria pensava que a ex-namorada e mãe do filho de Gustavo sempre desconfiou deles e para qualquer pessoa de fora a relação dos dois amigos eram suspeitoso realmente. Nunca pôde aceitar que eles tivessem aquela cumplicidade sem envolver algo mais que além de amizade. Naquele exato momento ali estavam os dois com seus corpos bem próximos, ela vestia apenas um camiseta branca enorme que cobria seu corpo até quase a metade das cosas com uma calcinha extremamente pequena sem nenhum tipo de pudor ao lado de Gustavo. Certamente daria margem a muitos pensamentos libidinoso já que seu corpo era muito bem delineado devido ao seu ofício e a sua genética, ela possuía quase nada de seio, o que a incomodara por muito tempo, já aceitava e não tinha planos de colocar silicone, com sua barriga plana, seu traseiro arredondado e pernas grossas causavam olhares cobiçosos. Não da parte de Gustavo. Ela se sentia tão à vontade com ele que poderia estar nua a seu lado sem sentir nenhuma especie de incômodo. O amigo vestia uma bermuda de moletom cinza e folgada, com uma camiseta também cinza. Ele era um homem magro, mas com seus músculos bem definidos sem exagero.
-Nunca aceitei cobranças...para estar comigo precisa entender que eu tenho minha vida e não abro mão. Além de que é impossível não sentir que estou 100% envolvido com a relação, por isso deu errado antes...ela nunca estava contente com o que eu oferecia.
A amiga encostou sua cabeça de lado no espaldar do sofá e esperava que ele seguisse com o seu relato.
-É angustiante quando o que temos parece pouco...
- Eu entendo você, mas também a entendo.
Gustavo a olhou fixo e perguntou:
- Você acredita que eu poderia ter um outro tipo de relação com Maitê antes do Ren ou até mesmo depois que ele nasceu?
-Não é fácil ser insegura e ter um namorado tão lindo e gentil com todos. Acho que talvez ela quisesse que você fosse só dela, que você se fechasse para os demais. Sei lá...
-Impossível! Eu sou assim...-explicou abrindo os braços como se expusesse. - Por isso me questiono muito sobre retomar uma relação com Maitê.
Assim ele se levantou para sentarse no sofá e logo levando sua cabeça ao colo da Maria. Ela sabia que ele precisava daquele contato físico para se sentir em casa ao seu lado, por isso voltou a acariciar-lhe os cabelos sedosos.
- No fim de semana, vou buscar o Ren e assim você vai vê-lo.
Ela, que o estava acariciando, deteve-se e disse:
-Não quero que você arrume problema com ela.
-Antes da viagem era mais complicado, acho que depois desse tempo todo fora, ela não vai continuar com isso de não querer que você veja o Ren, afinal ele é meu filho também. Você faz parte da minha vida! E não tenho planos de que o Ren e você não tenham contato.
- E sobre voltar com Maitê o que você tem pensado?
Ele se colocou com o rosto para cima assim poderia vê-la:
- Foi o que pensei nos últimos dias no Japão, quando aterrizei estava certo dessa possibilidade. Até mesmo nas últimas vezes que falei com Maitê pelo WhatsApp senti da parte dela um certo interesse...
Maria sorriu e confessou seus pensamentos sobre o caso:
-Maitê é louca por você, tanto que engravidou quando percebeu que a relação de vocês não estava indo bem. Tudo uma forma de prendê-lo a ela. Juro que você me surpreendeu quando falou que não ficaria mais com ela mesmo com o Ren em caminho. Entendi que você fez o melhor para os três.
Ele pensou por alguns minutos.
Maria continuou:
-Se você estava quase certo de voltar, o que mudou?
Gustavo saiu de seu colo e se sentou com as pernas recorridas ao lado da amiga:
-Percebi que era uma atitude precipitada. Agora mudando de assunto, e sua vida amorosa?- perguntou de repente colocando um dos braços apoiado no espaldar do sofá, segurando com isso sua cabeça, os olhos atentos a Maria.
Ela sorriu e colocou a garrafa de cerveja na mesinha ao lado do sofá e se sentou como o amigo, encarando-o com um olhar doce:
-Estou vivendo tranquilamente. Lembra que eu não ficava sozinha, sempre estava envolvida com alguém? Então...estou sozinha a mais de um ano.
O amigo colocou a mão na dela segurando como uma especie de apoio:
- E você está bem assim?
Ela gargalhou:
-Acho que antes eu era imatura demais, pensava que para me sentir bem precisava estar com alguém... Hoje quero conhecer alguém que esteja tão tranquilo quanto eu agora.
-E não existe ninguém que preencha esse requisito?
Os dois riram juntos:
- Quem sabe? Né?- falou e depois deu uma piscada para o amigo.
Ele riu e a puxou para os seus braços:
- Eu nunca fui com a cara dos seus namorados. Acho que você merece um homem melhor dos que eu conheci até aqui.
-E você nunca falou nada sobre isso!- reclamou ela ainda abraçada ao amigo.
-Não queria que você pensasse que eu estava com ciúmes, mas sempre estive para te consolar quando não dava certo. Ou não?
Ela se soltou dos braços dele e levou as mãos para o rosto dele. Gustavo não desviou o olhar e nem se distanciou quando a amiga se aproximou e encostou seus lábios nos dele. Os dois ficaram suspensos por alguns segundos naquele beijo casto até ele levar uma das mãos para a nuca da amiga e pressionar mais o beijo, passando a mover seus lábios juntos aos delas...
Continua...
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Por que agora?
Romansa(PAUSADA) Numa terça pela manhã, Gustavo Saito desembarca no Galeão e se depara com Maria Antônia, sua boa e velha amiga. Maria havia ido buscá-lo de surpresa, afinal depois de quase dois anos fora, o mínimo que uma amiga faria era recepcionar seu...