ARO IMISCÍVEL • JJK + PJM

04|| Amar não é errado

#ChamaEscarlate

Existem muitas teorias que revelam a criação do mundo, até o momento, nenhuma teoria parecia ser verdadeira. De acordo com a mitologia grega, o mundo havia sido criado pelo Caos. No poema As Metamorfoses, o poeta romano Ovídio descreve assim a terrível divindade que deu origem a tudo: "Antes que a terra, o mar e o céu tomassem forma, a natureza tinha apenas uma única face, chamada Caos: uma massa crua e desestruturada, um conglomerado de matéria composta por elementos incompatíveis... Nenhum elemento estava em sua forma correta, e tudo estava em conflito dentro de um mesmo corpo: o frio com o quente, o seco com o molhado, o pesado com o leve".

A verdade era que, independente de como havia se dado a criação do Universo, esse espaço cheio de mistérios, portava consigo a vida. A injusta e fria vida. O difícil, sempre seria entender o porquê de a vida mostrar-se tão horrível para pessoas que jamais mereciam isso, Jimin era um exemplo, qual a culpa ele tinha para desde que nasceu viver confinado e sendo criado por uma pessoa que não se importava com nada além de poder?

Injusto. Tão injusto.

A vida era uma droga.

Jungkook tinha os olhos vidrados no teto do quarto enquanto ponderava sobre isso. Na noite passada, o jovem peblo passou tanto tempo pensando em Jimin que esqueceu-se de ir falar com irmão, e agora lá estava ele, lutando contra sua mente que persistia em lhe questionar coisas que ele nunca teria uma resposta.

A mente também era uma droga.

Jeon suspirou fundo e fez um grande esforço para levantar-se de sua cama. Depois de banhar-se e limpar-se como de costume, o moreno dirigiu-se ainda sonolento para a cozinha, onde ele mataria a fome e se tivesse sorte, diria a Seokjin o que precisava dizer.

Ao entrar na cozinha, Jungkook logo notou a presença de Seokjin junto a si. O mais novo percebeu que o corpo do irmão estava rígido e sua respiração mantinha-se pesada, ele podia notar o medo por meio das ações extremamente desajeitadas do irmão mais velho. Ora o loiro derrubava um dos hashis, ora ele deixava o chá de camomila — que remexia dentro da xícara devido às suas mão trêmulas. —, respingar pelo chão.

Se não fosse uma situação desastrosa, Jungkook com certeza estaria rindo do estado que seu irmão se encontrava.

— O papai já saiu? — Jungkook interrogou, depois de um tempo mexendo o chá com uma colher.

— Hm? O quê? — Seokjin levantou a cabeça, saindo da bolha onde encontrava-se. — Ah... Ele foi fazer algo para o Líder Jiyang.

Jeon apenas assentiu, levando a xícara até a boca e tomando um pequeno gole do chá que mantinha-se quente.

Embora ambos vivessem se desentendendo, o clima nunca parecia ter ficado tão pesado quanto estava agora, Jungkook tinha conseguido ser um completo idiota, não só uma vez, mas duas vezes no mesmo dia.

Qual é? Quando ele deixaria de ser assim?

— Me desculpa, eu deveria ter te escutado quando disse, mas é que eu fiquei surpreso, entende? Nunca imaginei que um dia teria que viver sem você. Parece assustador — expôs, sentindo-se extremamente aliviado.

Seokjin, no entanto, pareceu surpreso. A verdade era que ele não esperava que Jungkook teria alguma iniciativa em relação ao assunto da última discussão. Era um assunto delicado e ele sempre quis adiar por saber que seu irmãozinho não reagiria bem, mas, o jeito que ele imaginava não incluía a presença de um clima ruim entre os dois.

— É eu sei, eu não me sinto diferente, eu não quero ficar longe de você, é por isso que antes de pensar em ir, eu estava planejando uma forma de vir te visitar sempre. Não é a mesma coisa, eu sei, mas eu juro que vou sempre te mandar cartas e encher você de bolinhos quando estiver aqui. Acredita em mim, eu nunca te deixaria.