Por inteiro

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Manon não sabia se beijava ou socava Dorian.

Ele claramente não estava prestando atenção em nada que ela estava dizendo. Mas, ao mesmo tempo, a olhava com tanta admiração, com tanto... sentimento, que Manon não conseguiu ficar irritada.

Chaol tinha a testa franzida a sua frente, parecendo preocupado com o que a bruxa o dizia.

- Acha que tentarão deflagrar uma guerra contra vocês? São apenas humanos, não podem esperar vencer.

- Homens desesperados por poder fazem qualquer coisa. - Manon o encarou. - Especialmente quando acham que uma mulher está tirando o que seria deles.

- Mas eles não têm nenhuma reivindicação sobre aquelas terras. Foram das bruxas desde que... Deuses, desde que eu consigo me lembrar.

- Durante o período que estivemos exiladas, alguns humanos se aventuram pelos desertos, mesmo que o solo não tivesse boas condições. - Manon tomou um gole do vinho que estava a sua frente, sentindo o olhar de Dorian recair sobre seus lábios quando passou a língua por eles. - Alguns grupos viveram por lá durante esse tempo, e os acolhemos quando voltamos à nossa terra. Mas alguns líderes agora clamam que o território pertence a eles.

- Isso é ridículo. - Yrene falou. - Não havia cidades nem nenhum comércio por lá. Eu mesma soube disso quando estava na Torre. Apenas alguns acampamentos de pessoas que não tinham para onde ir e passavam alguns dias nos escombros para se proteger das tempestades de areia.

- Sabemos disso. - Manon olhou para a curandeira com admiração no rosto. Sabia que ela tinha vindo de uma cidade pequena que fora destruída por Adarlan e lutara muito para chegar onde chegou. - Eu poderia ter resolvido tudo simplesmente matando todos os insurgentes. Mas acho que os tempos atuais pedem outro tipo de abordagem.

Matar todos era tão mais fácil e simples. Tomaria tão menos tempo de Manon. Mas ela não queria.

Manon queria agir diferente, queria ser diferente. Ela não iria continuar no ciclo infinito de matança e destruição a qual fora forçada por toda a vida.

Não seria hipócrita de dizer que não gostava. Sim, Manon amava o clamor da batalha, o som de espadas se chocando, o vento frio e cortante em seu rosto. Mas isso fora antes. Antes que tudo acontecesse, antes que ela perdesse suas companheiras.

Agora Manon entendia o apreço pela paz. A paz trazia prosperidade, segurança. E tudo que ela mais temia era perder mais pessoas com quem se importava. Perder Dorian.

Por isso pensou muitas vezes antes de tomar a decisão de resolver tudo diplomaticamente. Se uma guerra se iniciasse nos desertos, ela tinha certeza que Dorian a apoiaria e lutaria com ela.

Manon sabia que Dorian podia se proteger muito bem sozinho, mas apenas a ideia de tê-lo num campo de batalha exposto a espadas e flechas e fogo trazia uma angústia enorme a seu peito.

Então, escolhera a diplomacia. Muito mais difícil do que ferro e espadas, na opinião da bruxa. Por isso ela fizera todo o caminho a até Adarlan para pedir ajuda.

Mas não apenas por isso. O homem com olhos azuis cor de safira que a fitava intensamente naquele momento era um dos motivos para que a mente de Manon sempre estivesse em Adarlan.

- Temos que descobrir o que querem, só assim poderemos negociar. - Chaol falou, com os olhos percorrendo os relatórios que Manon o entregou.

Por mais de uma hora, o mão do Rei debateu e ponderou possíveis abordagens aos insurgentes. Dorian deu algumas opiniões, mas sua mente parecia estar em outro lugar.

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