- MERDA! MERDA! MERDA! MERDA LIZ! EU FAÇO MUITA MERDA! - Gritei agarrada no braço da Liz, enquanto seguíamos em direção ao Circo Voador.
A casa de show já estava cheia na porta e parecia estar bem recheada de gente feliz e sorrindo lá dentro também.
- AI MARINA! Para de drama vai! Tu beijou alguém, e daí?? ALIÁS, Ricardo é gostoso pra caralho!!!! Já pode contar como início da despedida de solteira!! - Liz deu uma gargalhada e seguiu na missão de me manter sã em meio ao caos da minha vida.
Depois da praia, contei pra Liz sobre meus medos e receios. Pedi para ela tentar me ouvir e dar sua opinião sem cair nas armadilhas fáceis de odiar o Tales. Não era isso que eu estava precisando. Eu queria perspectivas! Claro que isso não funcionou, afinal, ela realmente detestava o Tales. Mas minha amiga se manteve segurando minha mão e limpando meu choro enquanto eu desabafava. No fim das contas, acho que precisava mais disso do que de uma opinião. A única certeza que eu tinha era de que precisava conversar com o Tales. Logo.
Entramos no Circo Voador e fomos direto pegar bebidas. O show era de uma banda alternativa que eu não conhecia, mas que Liz parecia curtir bastante. Ficamos ali perto do quiosque de bebidas, batendo papo e tentando relaxar um pouco.
Seis cervejas e duas horas depois, eu já estava dançando soltinha demais. Estava feliz e bem distante dos meus problemas.
- DEIXA O DRAMA PRA SEGUNDA FEIRA MARINA!!! - Liz gritava e dançava perto de mim.
- Uhullll!!!! - Eu dançava, girava e olhava para as estrelas. O céu estava lindo demais essa noite. A lua estava imensa e eu sentia cada pedacinho do meu corpo em conexão com a música.
O ritmo era gostoso, meio lento e meio baladinha. O clima se agitava em alguns momentos com o som de um triângulo que não me deixava parar de dançar. Eu estava curtindo demais e era exatamente isso que precisava. Tudo estava muito leve e tranquilo, até que senti um braço na minha cintura. Um corpo que se juntou ao meu e que me deixou em estado de alerta. Olhei para Liz com os olhos arregalados. Ela abriu um sorriso e acenou com a cabeça, fazendo que sim. Estava tudo bem. Bem até demais. Comecei a rebolar e o corpo atrás de mim, me acompanhava nos movimentos.
Uma mão subiu pela minha cintura e colocou os meus cabelos de lado. Os dedos tocavam meu pescoço e me davam calafrios. Minha cabeça tombou um pouco leve demais para sentir aquele vento fresco que vinha me invadir. O braço voltou para minha cintura e os movimentos estavam mais gostosos. Eu sentia o vento batendo no suor que escorria pelo meu corpo. Ficamos assim por alguns minutos, até que senti a boca. Ela começou pelo meu ombro direito em um toque nada delicado. Aos poucos, a boca subiu pelo pescoço e chegou em um ponto atrás da orelha que me deixou arrepiada dos pés até o último fio de cabelo. Eu precisava sentir mais daquela boca. Mas a mão não me deixava virar para trás. Abri os olhos novamente e vi que a Liz não estava mais ali.
Tentei me virar mais uma vez e a voz que ouvi em meus ouvidos, estava longe de ser a voz que esperava:
- A gente já tinha dançado assim antes?
Dei um pulo e me soltei do corpo que me agarrava sem força alguma. Virei rápido e ali estava meu melhor amigo e seu copo de caipirinha. Rafael continuava dançando, mesmo sem meu corpo junto do seu e seus olhos me olhavam de um jeito diferente.
- RAFAEL! - Gritei.
- Você me deve uns bons anos de abraços, decidi começar a cobrar.... - Ele estava bêbado demais, só podia ser isso. Seus olhos continuavam vidrados nos meus e eu tentei afastar as sensações que estavam se espalhando pelo meu corpo. "É O RAFAEL! NEM PENSE NISSO!"
Ele se aproximou rápido de mim e passou a mão pelo meu rosto, colocando uma mecha do meu cabelo para trás da orelha. Minha cabeça começou a fazer um movimento leve de aceitação pelo seu toque e eu tinha certeza de que meus olhos giravam de prazer. Mas o meu cérebro se mantinha gritando dentro de mim: "É O RAFAEL! É O RAFAEL! APENAS PARE!!!!!!"
Minha ruína. Era o que eu sentia no fundo do meu coração. Junto com aquelas sensações confusas e a boca de Rafael no meu ouvido, a banda parecia querer participar da zombaria e decidiu trocar de música. Era tudo que eu não precisava. A melodia da música da CÉU sempre guiou os corpos na Lapa. Malemolência era, de longe, a pior (OU MELHOR?) música para tocar naquele momento.
O vento fresco no calor do meu corpo, a música, a mão na minha cintura, a boca no meu ouvido, meus olhos girando... [suspiros ] Ele soltou o copo no chão e os respingos de caipirinha bateram nas minhas pernas. Eu tinha quase certeza de que o calor do meu corpo havia causado um efeito imediato de evaporação nas gotas de limão. A mão esquerda dele subia pelas minhas costas e minha perna direita encontrou abrigo no meio de suas pernas. Malemolência. Nossos corpos se moviam com a música e meus braços subiam por seu pescoço... minhas mãos procuravam pelos seus cabelos e ele soltou um gemido em meu ouvido. "Eu - vou - explodir!!!!" Nunca havia precisado tanto de um beijo quanto naquele momento.
Meu cérebro decidiu desligar e desistir de mim. Rafael parecia sentir a necessidade que pulsava entre nós e mergulhou seus lábios nos meus... A língua dele era quente, cítrica e seus movimentos seguiam o ritmo da música. Absolutamente tudo em nós estava sincronizado. Nossas mãos, nossas pernas, os quadris unidos como um só, nossas bocas... minha língua brincava com a dele e juntas, causavam inveja nos maiores dançarinos do mundo!
Sentia minha alma saindo do corpo. O beijo não parecia ter fim. E não podia ter fim. Estávamos ofegantes e grudados, como se fôssemos apenas um. O suor da nossa pele se misturava e a dança justificava todos os nossos movimentos. A mão dele começou a descer pelo meu quadril e fez morada na minha bunda. Ele me apertou com mais força. Como se precisasse de cada pedaço da minha pele grudada na dele. Assim como eu precisava da sua. Passei a mão por seus cabelos e ele gemeu entre meus lábios, mais uma vez...
A música terminou, do mesmo jeito que começou, e a banda anunciou um intervalo. Vozes, copos, brindes, gargalhadas... meu cérebro decidiu religar suas funções desmaiadas pelo beijo. Abri os olhos e vi com toda a minha insuportável autoconsciência... Rafael!! "É O RAFAEL!" Me libertei rapidamente de seus braços de forma desesperada, o empurrando para longe de mim. Confusa e assustada, saí correndo. Sem olhar para trás.
***
"Quase..." - Rafael pensou, enquanto Marina saía correndo.
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Nota da autora: AAAAAAAAAAAA! Uma curiosidade: Essa é a primeira cena de Marina e Rafael que surgiu na minha mente há 10 anos em um show na Lapa. Os dois são história viva dentro de mim e fico feliz por, finalmente, compartilhar esse momento especial com vocês! Espero que tenham gostado - Sugiro dar o play em 'Malemolência' da Céu e prestar atenção na letra. Em breve trago o desenrolar dessa treta maravilhosa! Hahahaha Obrigadaa!! ❤
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QUASE SEM QUERER
RomanceA primeira vez que Marina ouviu alguém falando de "borboletas no estômago", foi em algum filme romântico com personagens clichês e cheios de problemas. Ela nunca entendeu o que isso significava, até começar a prestar atenção nos momentos mais excita...