- Todos para estibordo! - Gritava o piloto do "Mar Destemido". - Icem as velas! Rápido!
- Mas que raios se passa? - Questionou o capitão do navio, com um ar aborrecido, saindo da sua cabine acompanhado pelo seu Rottweiler.
- É a tempestade, senhor! - Respondeu um dos marinheiros.
- Ao trabalho, homens! - Berrava outro.
- Terra à vista! - Anunciou o que ia na proa.
- Vamos! Vamos! Atracar e desembarcar! Finalmente aquele tesouro vai ser meu! - Exclamou o Capitão, convencido de que o baú estava à espera dele, ansiosamente, na areia.
Era uma noite atribulada para aqueles piratas, mas a esperança era muito maior que o medo e o cansaço. Tantos anos navegando em águas traiçoeiras e perigosas, parecia que finalmente podiam enriquecer e ter um descanso. Só era preciso chegar à praia...
O homem-do-leme fazia as manobras mais complicadas para salvar o barco daqueles picos rochosos que saíam da água. Sem muita luz e dentro de uma tormenta não era fácil. Mas ia-se desenvencilhando. Até um grande estrondo se ouvir.
E esta foi a última noite em que Tubarão-do-Mar viu o seu dono. Toda a tripulação havia se afogado. Nem um dos marujos restara. Mas enquanto alguém do "Mar Destemido" estivesse vivo, a missão do Capitão seria cumprida.
- Toca a levantar, gato!
- O meu nome é Alga! - Reclamou o felino, muito ofendido, espreguiçando-se na areia dourada.
- Quando falas comigo, chamas-me Senhor Capitão Tubarão-do-Mar!
- Estás com sorte de não te tratar por saco-de-pulgas.
- Não temos o dia todo!
O cão do Capitão e o gato que caçava os ratos do navio tinham sido os únicos sobreviventes do terrível naufrágio. Mesmo assim, o tesouro tão procurado pelos piratas continuava a ter alguém no seu encalço.
- Ao que tudo indica, o tesouro está naquela gruta! Já estamos perto! - Apontou Tubarão.
- Pois claro que estamos, depois de meses a andarmos para lá! - Protestou Alga.
Chegou o anoitecer, e os dois já estavam à porta da gruta, que tinha um ar sinistro. No entanto, o cão era tão corajoso quanto o seu dono, e entrou.
O gato encolhia-se de medo enquanto se aventuravam cada vez mais na caverna. Havia morcegos nos tetos, e o som da água a pingar era aterrorizante.
Entretanto, chegaram a uma sala bem-iluminada e reluzente. Porquê a estranha luz? Ouro extraordinariamente brilhante em todo o lado, já para não falar de joias e pedras preciosas que acompanhavam o cenário.
- Finalmente! Conseguimos, gato, conseguimos! Cumpri o desejo do meu dono!
- É Alga!
Imediatamente o Rottweiler começou a puxar as arcas com os seus dentes. E no mesmo momento, o chão abriu-se. Felizmente, não caiu no buraco. Mas não podia passar.
- Anda, salta! - Disse Alga, do outro lado da fissura.
- Sem o tesouro, nunca!
E o chão continuava a abrir-se cada vez mais. Até o teto já tremia.
- Depressa! Salta!
Tubarão viu que não tinha outra opção. Saltou e deixou o valioso achado. Mesmo no momento em que escapava da gruta, toda ela desmoronou-se.
- Vamos embora desta ilha! - Anunciou Tubarão no dia seguinte.
- Porquê? - Perguntou Alga.
- Sabes o que aprendi? A vida é o maior dos tesouros. Não há ouro que valha mais. A partir de agora, só procurarei tesouros pela aventura. Não pelo valor. E faremos isso juntos, Alga!
- Havia de chegar o dia em que ele compreende as coisas... E chama-me Alga! Isso é um bom sinal! - Murmurou o gato.
- Prepara o bote! Até onde a aventura e a amizade nos leve!
(601 palavras)
Monte
05/06/2021
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Tubarão-do-Mar e o Tesouro Perdido - Conto
Conto🥉 3º lugar na categoria "Ação e Aventura", no Concurso "La Casa de Papel", do perfil @Suzza_Brum , a 01/2023 Tubarão-do-Mar, o cão do Capitão tão corajoso quanto o seu dono, e Alga, o gato do "Mar Destemido" são os únicos sobreviventes de um naufrá...