•Único•

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Hoje o dia foi uma merda.

Desde que eu acordei tudo começou a dar errado: caí da cama e torci o pulso, derramei café no meu único uniforme limpo, e ainda por cima me atrasei pra aula.

E como se o dia não pudesse piorar eu esqueci que hoje tinha prova, então não estudei nada. Talvez eu tenha me saído bem, o professor ainda não corrigiu as provas, mas sou um dos melhores alunos da turma, eu não preciso estudar muito pra tirar notas altas.

Ainda por cima eu acabei brigando com o meu melhor amigo, dizendo que o odiava, a única pessoa que consegue me acalmar, e pela qual eu infelizmente me apaixonei. Pra variar eu sempre afasto as únicas pessoas que ainda tentam conviver comigo.

Depois, a tarde em uma das aulas, eu fui pra diretoria porque acabei me descontrolando e xinguei o professor na frente de todo mundo.

Acho que o estresse acumulado das últimas semanas está começando a afetar o meu dia a dia.
O turbilhão de problemas que me persegue está tentando a sair do meu controle.

Pelo menos a aula já acabou, agora eu só quero ir pro meu quarto ficar sozinho, e tentar afastar um pouco dos meus problemas por um tempo.

Eu cheguei no meu quarto e tomei alguns remédios pra dor de cabeça, e me joguei na cama, afundei a cabeça no travesseiro e sem que eu percebesse, eu comecei a chorar. Não sei exatamente o porquê. Talvez é porque eu seja fraco, ou seja só um jeito de me acalmar, ou ao menos tentar.

Depois de alguns minutos chorando sem parar, eu ouvi alguém bater na porta.

- Bakugou...?

Eu ouvi a voz calma de Kirishima soar no corredor, eu até tive vontade de abrir a porta e me aconchegar em seus braços, mas eu apenas fiquei em silêncio, não queria falar com ninguém e além do mais eu tinha brigado com ele mais cedo.

- Abre a porta - ele falava em um tom calmo e preocupado - eu só quero conversar.

Será que se eu não responder ele vai continuar enchendo o saco?

- Vai embora Kirishima - era notável que minha voz estava um pouco embargada por causa do choro, mas eu não me importei - Me deixa sozinho caramba!

- Você... Você tá chorando?

- Que? Claro que não! - respondi tentando firmar minha voz num tom não muito convincente - vai embora.

- Bem, eu vou ficar aqui até você abrir a porta - ouvi ele deslizando sobre a porta e sentando-se no chão - saiba que eu tenho todo o tempo do mundo.

Novamente, eu não respondi, talvez se eu ficasse quieto ele fosse embora. Eu não queria acabar descontando toda minha raiva nele, e também não queria mais nenhuma briga.

Eu continuei na minha cama deitado, com a cara enfiada no travesseiro, chorando baixinho, esperando minha respiração se ajustar, e meu corpo parar de tremer.

Já tinha algum tempo que o Kirishima não falava nada, talvez ele já tivesse ido embora, então eu decidi levantar e ir até a porta, encostei o meu ouvido na madeira procurando algum som e não ouvi nada.

- Kirishima... Você já foi embora?

Eu esperei e ninguém me respondeu, provavelmente ele já tinha cansado de esperar, então destranquei porta, e quando eu abri a maçaneta, eu vi parado no corredor um garoto ruivo com os braços cruzados sobre o peito e um pequeno sorriso de dentes pontiagudos.

- Eu disse que eu não iria embora, posso entrar? - o ruivo se aproximou um pouco me fazendo abrir passagem.

- Que saco, o que você quer?

- Eu disse que eu vim conversar, dá pra perceber que você não está bem. Você está bem mais alterado que o normal e é visível que tem algo te incomodando, por que não me conta? Não confia em mim?

Eu me sentei na cama e apoiei minha cabeça nas mãos, tentando evitar as orbes vermelhas do ruivo que penetravam até minha alma.

Eram tantas as coisas que vinham me atormentando que eu não saberia por onde começar.
Eu confiava em Kirishima, mas eu não costumava falar dos meus problemas com ninguém, acho até que eu na verdade guardava tantas coisas pra mim mesmo que eu não sabia desabafar com ninguém.

Acho que um tanto das coisas que eu não contava para ninguém era por medo. Medo que se eu as contasse a alguém talvez acabasse afastando a pessoa.

- Eu confio em você, mas...

- Mas o que? - o ruivo se aproximou, sentou do meu lado e começo a afagar meus cabelos - as vezes é bom conversar com alguém, se você guardar tantas coisas para si mesmo, pode acabar ficando doente.

Então eu cedi; baixei minha guarda, me encostei em seu ombro e comecei a chorar, falei sobre as brigas com meus pais, sobre as pessoas que eu perdi por causa do meu jeito irritado, sobre o fato de nunca ter tido pessoas em quem eu realmente pudesse confiar, o medo que eu tinha de ser rejeitado, e tudo mais que me incomodava.
O ruivo escutava com atenção cada palavra que eu dizia, enquanto continuava a acariciar meus cabelos, quando eu terminei de falar ele me envolveu em um abraço e me permitiu chorar mais um pouco em seu ombro.

- Sabe Bakugou... Todo mundo tem problemas, os de alguns são piores que dos outros, então não é porque você não consegue lutar contra eles que você é fraco, eu te acho um pessoa incrível, meio irritada é claro, mas isso não tira o fato de que você pode resolver tudo isso, só tenha um pouco de calma. - ele segurou em meus ombros e me deu um sorriso confortante - Se sente melhor agora?

Eu balancei a cabeça, e me recostei na parede atrás da cama e o ruivo sentou ao meu lado.

- Kirishima por que você continua se importando comigo? Sabe, eu sempre brigo com você e acabo te xingando, as vezes eu até grito com você na frente das pessoas, por que continua sendo... Assim?

O rosto do ruivo ganhou um leve tom avermelhado, ele desviou o olhar e começou a mexer com as mãos em um ato nervoso.

- A-Assim como?

- Tão gentil comigo, como se eu fosse uma pessoa legal, e eu sei que eu não sou uma pessoa legal caramba.

- Comigo você é legal, e você também sabe que somos amigos, eu acho que eu deveria me importar com os meus amigos.

Eu virei a cabeça para o lado ficando perto de seu rosto, o par de olhos escarlates encontraram os meus que o fitavam atentamente, então eu sussurei provocativo.

- Somente amigos?

O ruivo sorriu e corou timidamente, ele ergueu a mão acariciando minha bochecha, e passou o polegar em meu lábio inferior aproximou seu rosto do meu e selou nossos lábios, pedindo passagem com a língua, que em um gesto calmo eu concedi.

Então ele afastou nossos rostos e deu um sorriso divertido.

- Pensei que você me odiasse, como disse hoje mais cedo.

- Mas eu ainda te odeio idiota.

Eu colei nossos lábios novamente e o abracei forte.

Katsuki sabia que aqueles momentos de paz não durariam para sempre, mas o fato de ter sido correspondido, e de ter o ruivo ali com ele já era o suficiente por enquanto.

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Chupada Dimensional reversa ---

Exagerada eu? Talvez um pouco hehehe.
Enfim, pra quem perdeu tempo aqui, eu espero que tenha valido a pena, pq essa foi o minha primeira oneshot, então eu desconfio que não esteja muito boa, mas eu só queria escrever alguma coisa daí saiu isso.
Obd pela atenção bye!

Just Friends? • KiriBakuOnde histórias criam vida. Descubra agora