Capítulo 20

625 35 3
                                    

Toni POV

Escutar tudo aquilo foi muito difícil, ter a confirmação que os meus pais foram assassinados me deixou com uma vontade imensa de fazer justiça e também me causou uma dor e uma revolta enorme, quem poderia fazer tal ato com pessoas de coração tão bom quanto os meus pais? Eles eram pessoas que só pensavam em ajudar o próximo, estavam sempre correndo atrás das coisas para melhorar a vida das pessoas que tinham mais dificuldades nessa cidade. Eu realmente não conseguia entender, mas algo muito serio me dizia que meu avô estava envolvido nisso até o ultimo fio de cabelo e eu iria descobrir e iria fazer que ele pagasse com a justiça. 

Desde muito nova nunca nos demos bem, ele apesar de não saber da minha intersexualidade ele sempre me olhava diferente, com um olhar desconfiado, com olhar de menosprezo como ele olhava também para minha mãe. Eu não entendia muito o porque disso e sempre falava com ela, afinal ele era o meu único avô vivo e eu queria muito que ele fosse aquele típico avô carinhoso, que contava historia, que abraçava, mas comigo ele nunca foi assim, já com a Babs ele era mais próximo, sempre a abraçava, dava bastante atenção. 

Quando os nossos pais morreram e tivemos que ir morar com o nosso avô para mim foi muito difícil pela questão da convivência, porque como meus pais sempre foram extremamente carinhosos e cuidadosos acabamos vindo parar em uma casa onde ele não nos dava esse suporte que precisávamos, sem contar que sempre que a Babs não estava perto ele fazia questão de me humilhar, de demonstrar o quanto não gostava de mim ou que tinha até nojo, depois que descobriu a minha intersexualidade. 

Ele sempre sumia por dias e nos deixava sozinhas, para cuidarmos de nós mesmas, e eu dava graças a Deus por ele sair e sumir assim e graças a Deus também que existia as mães do Fangs e do Swett e o Fp que sempre estavam conosco.

Agora escutando toda essa historia eu começo a entender porque ele sumia tanto e o porque do quarto dele viver sempre trancado, ele nunca descuidava com a porta aberta, era sempre um mistério, e quando uma vez a Babs perguntou o porque da gente nunca poder entrar no seu quarto mesmo quando ele estava ele disse "é o meu único espaço livre de tudo e de todos, então eu proíbo qualquer pessoa de entrar e se me desobedecer terão castigos gravíssimos." Então tínhamos medos desses castigos, que sempre vinham pra mim, nunca para Babs, mas eu não me importava com isso, preferia minha irmã bem a passar por algumas coisas que já passei com ele.

Estávamos ainda no escritório dos pais da Cheryl e estava uma conversa paralela muito grande, todos falavam ao mesmo tempo e isso já estava me deixando impaciente, foi quando me levantei e fui ate a minha irmã a abraçando, eu sabia exatamente como ela estava se sentindo, afinal eu estava sentindo a mesma coisa, e desde que nossos pais morreram nos aproximamos muito mesmo, e sabia que apesar de eu estar mal com tudo a minha irmã precisava muito de mim.

-Babs, vai ficar tudo bem, vamos descobrir tudo e pode ter certeza que tô aqui para cuidar de você e não te deixar sozinha nem por um segundo. - falei no seu ouvido abraçada com ela.

- Toni, como tiveram coragem de fazer isso com nossos pais? E se o vovô estiver envolvido em tudo o que vamos fazer? - falou chorando e pude sentir a dor na voz dela. 

- Se ele tiver envolvido em tudo ele vai ter que pagar meu amor, mas não se preocupe com isso agora, vamos resolver isso ta bom? - ela apenas me soltou do abraço e deu um sorriso triste e balançou a cabeça, quando Dylan voltou a abraça-la de lado e ela deitou a cabeça no seu ombro.

Me voltei para sentar ao lado da Cher que estava estranhamente calada. 

- Ta tudo bem Cher? - perguntei a olhando preocupada.

- Eu não sei Teetee, estou meio perdida com tudo o que ouvi, saber que meu irmão foi morto por algo assim é muito triste e complicado, eu estou com medo por você, por todos nós! - falou com um olhar triste me encarando.

Amor a todo preço! - ChoniOnde histórias criam vida. Descubra agora