Capítulo 1

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𝓒𝓱𝓻𝓲𝓼

Se algo tivesse acontecido com minha moto, eu mataria aquela mulher.

Saí da casa de Gabe com a garrafa de Jack Daniels na mão. Eu ainda estava de ressaca pela noite passada, mas nada melhor para curá-la do que beber mais um pouco.

Aquela mulher.

Ah, aquela mulher me deixava louco.

Completamente puto.

Primeiro, ela passava em frente a minha casa correndo todos os dias com suas malditas leggins fluorescentes as seis horas da manhã. Depois ela resolveu que poderia parar para dizer "Hey, Sunshine" enquanto eu estava treinando. Então, achou que tudo bem entrar em minha casa sem bater quando a amiga dela estava lá. 

Ok, era a casa do meu irmão também e a namorada dele vivia por lá, então Amélia achou que tudo bem fazer da casa de Gabe uma extensão da casa de Megan, mas porra, ela poderia ao menos bater e não entrar com um sorriso de 2000 watts no rosto e uma garrafa de Jack Daniels nas mãos em um sábado a noite, quando eu só queria que o mundo todo fosse para o inferno.

Antes

— Hey, Sunshine. Megan está aqui? — Ela abriu a porta quase correndo, com um sorriso de orelha a orelha e Jack nas mãos.

Ergui uma sobrancelha irritado enquanto mantinha a arma que quase saquei embaixo da almofada.

— Você entra na casa de todo mundo sem bater?

— Não, só na da Megan mesmo. — Ela continuou sorrindo.

— Aqui não é a casa da Megan. — Resmunguei.

— Megan, Jones... tudo a mesma coisa. Então, onde ela está? Quero comemorar hoje e preciso dela. — Ela ergueu a garrafa.

— Eles não estão aqui. Pode fechar a porta quando sair. — Falei e joguei um braço em cima do rosto enquanto encostava a cabeça no sofá.

— Droga, ela não responde minhas mensagens. Não quero atrapalhar eles, mas preciso beber. — Amélia falou mais para si mesma do que para mim enquanto encarava o telefone.

Oh, eu também precisava beber.

— Você sabe onde os copos ficam. Em casa você já se sente de qualquer forma. — Murmurei.

— Sunshine! Você vai beber comigo? Tem certeza? Eu poderia colocar veneno na sua bebida. — Ela sorriu.

Encarei ela durante alguns segundos.

—Você vai pegar os copos ou o que? — Esperei.

— Bom, se não tem outra forma, vai você mesmo então. — Ela piscou e foi para a cozinha.

Amélia voltou com dois copos e a garrafa de Jack nas mãos, abriu e despejou o líquido dentro me alcançando um dos copos. Ergui uma sobrancelha para ela e troquei os copos em nossas mãos.

— Só para garantir que você não esfregou laxante no meu.

— Ah Sunshine, você faz piadas agora? — Ela sorriu e tomou um gole do copo piscando para mim em seguida.

Algumas horas e várias doses de Jack depois, Amélia jogou a cabeça para trás no sofá.

— Eu vou matar a Meg, ela tinha prometido que iria me ajudar hoje, tenho um encontro importante e nunca fiz isso antes. — Ela resmungou, ergui uma sobrancelha.

— Você precisa dela pra escolher a sua roupa?

— Oh, não, eu vou sem roupa mesmo. — Ela riu e eu engasguei precisando limpar a garganta uma vez.

— Mas agora vou me atrasar. Tudo deve estar pronto, só falta eu.

— Você preparou algum tipo de encontro no escuro que não pode ligar avisando que vai se atrasar?

— Tipo isso.

Ficamos em silêncio alguns instantes.

— Ei, Sunshine, me empresta sua moto? — Ela perguntou me olhando com olhos suplicantes.

— Nem fodendo.

— Por favor, isso é muito importante, eu realmente preciso!

— Sem chances. — Escondi as chaves no meu bolso da frente.

— Por favor, Chris!

Olhei para ela com as mãos juntas fazendo um bico para mim e os olhos implorando.

— Pegue do meu bolso. — Desafiei, Jack estava me batendo com força, ela nem parecia muito afetada.

Amélia me encarou por alguns segundos então veio para cima de mim no sofá tentando pescar as chaves das minhas calças.

— Isso não é uma chave. — Eu murmurei na orelha dela. Ela paralisou.

— Vamos, me dê isso. Estou atrasada. — Ela enfiou a mão no meu bolso finalmente pegando as chaves.

Quando ela levantou para sair eu puxei seu braço e a fiz cair de volta em meu colo, nossos lábios se tocaram por um pequeno instante e ela se afastou rapidamente. Eu acho que talvez tenha sorrido um pouco, mas logo tudo ficou escuro e a bebida me derrubou.

A última coisa que lembro foi ouvir o ronco da minha Harley Davidson enquanto eu caía em um sono embalado a Jack Daniels.

Agora

E agora, agora eu estava correndo como uma louco pela cidade atrás da louca que pegou a minha moto depois de ter dividido uma garrafa de Jack Daniels comigo e ido Deus sabe aonde em algum encontro com deus sabe quem.

Eu iria matar aquela mulher se algo tivesse acontecido com minha moto.

Fui até a casa de Amélia novamente depois de sair da casa de Megan. Estava tudo quieto. Toquei a campainha diversas vezes e nada dela atender.

— Porra, onde ela se meteu? — Resmunguei procurando os contatos do meu celular e ligando para Gabe. Ele atendeu no segundo toque. — Me manda o número dela ou eu vou arrombar essa porta. — Falei irritado.

— Ela não está aí.

— E por que a Megan me disse para ver na casa dela de novo?

— Na casa nova dela, ela se mudou ontem.

Fiquei em silêncio por alguns instantes.

— Se mudou para onde?

— Vou te mandar o endereço.

— Ok.

Desliguei o telefone e esperei a mensagem, então peguei um táxi e fui até o endereço novo dela. Cheguei em sua rua e o carro estacionou em frente a uma casa com cercas brancas e um jardim cheio de flores. 

Definitivamente a casa dela.

Amélia estava sentada nas escadas da entrada tomando sol em seu rosto com os olhos fechados e um sorriso contemplativo.

Quando desci do táxi e fechei a porta ela me notou. Seus olhos imediatamente se arregalaram quando ela olhou de mim para minha moto.

Eu estava puto.

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