Cap. 16 - Praia e melancolia

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Num dia ensolarado, em que a primavera aproximava-se, em disputa ao frio do inverno, Charlie sentava no capô de seu carro, olhando as ruínas do que um dia foi o seu lar. Seus pensamentos nostálgicos se esvaneceram ao ouvir a familiar voz de Mariano, fazendo-a descer do capô do carro de aluguel e olhar alarmada para ele.

"Mariano? O que faz aqui? Porque está aqui?" Ela olha para ele e depois para os lados.

"Fique calma. Não... farei nada." Ele diz. Charlie continuou a olhar para os lados e Mariano notou porque ela fazia aquilo repetidamente. "Você não acha mesmo que eu vim com o Elio, não é?" Ele pergunta, levemente erguendo as mãos, acalmando a mulher agitada.

"Não me importa. Você deveria ir agora." Ela diz ríspida.

"Eu só quero conversar com você Charlie. Se fosse para dedurar você, eu viria com a senhorita Naomi ou o Elio... Veja.." Ele aponta para Luigi, dirigindo o olhar de Charlotte para ele. "...Só vim com Luigi. Apenas nós os dois encontramos você." Charlie suspira e assente. Ela caminha até o banco antigo de madeira ao lado do carro e senta-se, ainda olhando as madeiras queimadas a sua frente.

"Você diz que me encontrou, eu não sabia que estava procurando." Ela diz.

"Bem... Todo mundo está procurando você. Me surpreende ainda não ter anúncios nos jornais com a sua foto e a da Dixie." Ele diz. "Ou milhares de helicópteros sobrevoando esse lugar." Ele olha para o céu.

"Você está aqui para algum tipo de distração enquanto eles me caçam?" Ela pergunta e Mariano a olha confuso. Ela olha para ele. "Mariano... porque você fez isso? Você não tem vergonha de vir até mim? Ou foi motivado por algum tipo de remorso?"

"Do que você está falando?" Ele pergunta.

"Não aja como se não soubesse. Isso me irrita." Charlie diz e desvia o olhar.

"Charlie..." Ele começa se aproximando. "Eu realmente não sei do que está falando. Mas seja o que for, eu tenho a certeza que não é verdade."

"O que é mentira? Que enquanto estava com você e Luigi, eles faziam um teste na minha filha? Enquanto ela estava indefesa?" Ela pergunta e olha para ele. Mariano viu raiva no olhar de Charlie, mas viu sobretudo mágoa e dor. Dor do que parecia ser pela sua traição. Ele nega com a cabeça quando se apercebeu do que ela o acusava.

"Não. Deus, não. Charlie, me escute. Eu nunca faria isso com você." Ele se explica. "Eu sabia que ele estava pensando em chamar o médico da família, mas nem em sonhos imaginava que ele seria capaz de testar a Dixie sem você saber. Eu nunca participaria de tamanha humilhação." Charlie assente.

"Se você dissesse que era verdade eu estaria surpresa." Ela diz. "Acho muita coincidência que tenham feito o teste no exato momento que você me convidou para sair."

"Charlie, eu chamei você para comer porque notei que nem você ou Dixie estavam se alimentando. Dixie tinha Paola, mas e você? Você acha que eu ficaria bem sabendo que ninguém estava dando comida a você?" Charlie repensa sobre o que Mariano diz e olha para ele. "Se não fosse esse o caso, porque viria aqui? Porque me preocuparia em estar com vocês agora?" Ele pergunta e Charlie desvia o olhar. "Você me conhece. Você sabe que por mais idiota que seja, nunca magoaria você dessa forma. Jamais." Após ouvir o que Mariano disse, Charlie olhou para ele e assentiu, descansada.

Ela estava na verdade aliviada por poder acreditar nele. Ela não queria pensar que ele seria capaz de trair a sua confiança.

"Eu não queria que ele notasse que saí do palácio dourado dele." Ela diz. "Na verdade, não pensei que ele percebesse. Desde que chegamos naquele lugar, ele ignorou a mim e à Dixie. Não existíamos para ele." Ela diz. Mariano assente.

A viúva de brancoOnde histórias criam vida. Descubra agora