Blackout

Fantasma inconveniente

Jungkook estava em sua cabine, dormindo tranquilamente. O balanço das ondas do mar o fazia dormir mais confortavelmente, e é claro que esse sono gostoso era pela quantidade de vinho que tinha bebido algumas horas atrás.

Ele acordou sentindo uma corrente de vento frio passar por seu rosto. Se levantou tremendo de frio e fechou a porta da cabine, lá de cima podia ver o convés vazio e a luz da lua iluminando o mar. Pegou mais uma coberta e se deitou novamente.

Estava quase pegando no sono quando sentiu alguém puxando sua coberta, acordou assustado e viu que a coberta estava no chão, se levantou novamente, desconfiado e olhando em volta, mas estava sozinho, se deitou e fechou os olhos.

Novamente quando estava quase pegando no sono, sentiu alguém soprar em seu ouvido e se levantou num pulo, sacando sua espada e apontando em todas as direções.

-Quem está aí? Apareça seu ladrão miserável! - Mas não havia ninguém na cabine além dele.

Imaginou que talvez estivesse sob efeito do álcool ainda, foi até o pequeno banheiro de sua cabine e lavou o rosto, quando fechou a porta do armário, numa fração de segundos, viu de relance um vulto atrás dele no espelho. Olhou pra trás assustado e não havia nada nem ninguém lá.

-Deuses... eu preciso beber menos...

Jungkook já tinha perdido o sono, então resolveu ir até o convés, caminhou até a proa e ficou observando a lua, tão grande e prateada. A noite realmente estava bonita e agradável.

Olhou brevemente para a porta aberta de sua cabine e podia jurar que tinha um rapaz de cabelos pretos e roupas brancas lá dentro o observando. Correu até sua cabine achando que poderia ser um ladrão.

-Agora eu te pego seu vermezinho... como ousa querer roubar o rei dos ladrões? - Jungkook sacou novamente sua espada e entrou furioso em sua cabine. Mas pra variar, não havia nada lá.

Dia após dia, Jungkook ouvia sons estranhos no meio da noite, acordava com o armário abrindo sozinho, ou sentindo alguém soprando em seu rosto. via vultos constantemente, não conseguia ver com clareza, mas tinha certeza que era sempre um rapaz de pele pálida, lábios vermelhos e cabelos pretos, o rapaz usava roupas brancas e estava descalço, aparentava ser um pouco mais novo que ele. Tinha certeza que nunca havia o visto em lugar algum.

Jungkook já estava ficando furioso com aquilo, alguém estava lhe pregando alguma peça. Naquela tarde, ele chamou seu primeiro imediato e mais dois de seus homens de confiança. Explicou pra eles o que estava acontecendo, contou tudo o que estava vendo e ouvindo.

-Vocês também estão vendo isso? Será que tem algum espião aqui? - Jungkook perguntou.

-Capitão... com todo respeito... ou o senhor está ficando louco ou está vendo uma alma penada... crê em deus pai - O pirata fez um sinal da cruz e olhou pro céu como se fizesse uma prece.

-Para de ser idiota, essas coisas não existe - Jungkook revirou os olhos - Eu tenho plena certeza que é um espião de algum dos nossos inimigos, eles querem espreitar pra nos roubar depois...

-Senhor, não tem ninguém no navio, já reviramos isso aqui e não tem ninguém além da nossa tripulação, e também não tem ninguém entre a tripulação com as descrições que nos deu... Acho melhor o senhor ver se não tem algum objeto que possa atrair os espíritos e também é bom chamar algum mago especialista nisso pra expulsar esses espíritos do nosso navio...

-Quanta bobagem! Que mago o que! Tem espírito nenhum aqui não, e nem objetos que atraem espíritos, pare de falar essas asneiras - Jungkook suspirou e tocou em seu colar, que não era seu, sentindo o formato de pena do pingente. Por um momento passou pela sua cabeça a curiosidade de saber de quem era aquele colar. Seu objetivo ao roubá-lo era vender, mas por algum motivo se sentiu atraído ao colar e desde então sempre o usava como se fosse um amuleto.

Jungkook balançou a cabeça, desviando seus pensamentos, aquilo tudo era uma grande bobagem e aquelas bobagens que seus piratas estavam dizendo estava o afetando.

-Fantasmas... quanta bobagem.... eu vou é beber... TRAGAM O RUM! - Berrou para um dos piratas.

Naquela noite, Jungkook bebeu e cantou junto com sua tripulação, compartilharam uma boa refeição, um guisado de porco acompanhado de pães frescos, eles tinham um dos melhores cozinheiros. Jungkook estava farto e feliz pela refeição agradável, bebida inebriante e a companhia de sua fiel tripulação.

Foi para sua cabine cambaleando, se segurando no corrimão da pequena escada de quatro degraus entre o convés e a cabine. Entrou e tirou o casaco, o jogando em qualquer lugar, tirou também as botas e as deixou ao lado da cama. Desafivelou o cinto com a bainha da espada e a colocou cuidadosamente sob a mesa, tinha ciúmes de sua espada.

Estava cansado e precisava de um sono decente, fazia quase duas semanas que não dormia direito, sempre ouvindo sons estranhos e vendo vultos pela sua cabine.

Se deitou na cama e se espreguiçou, arrumou os travesseiros e apagou a luz de seu lampião sob o móvel ao lado da cama.

Jungkook pegou no sono rapidamente, estava muito exausto e cansado. Seu sono era tão pesado que acabou sonhando.

Em seu sonho ele estava andando pela floresta, sentiu um agradável cheiro de flores e seguiu esse aroma, mesmo dormindo ele conseguia sentir esse cheiro gostoso, o que o fazia dormir ainda mais pesadamente. Quando chegou enfim ao responsável pelo cheiro, viu um rapaz, o mesmo que sempre via seus vultos quando estava acordado, mas o rapaz estava deitado em uma espécie de altar, envolto por muitas flores e folhas, o rapaz parecia dormir. Jungkook foi até ele, estava curioso, pois o rapaz nem ao menos parecia que estava respirando e o tirou de lá. Pegou ele em seu colo e tentou acordá-lo, batendo levemente em seu rosto e pedindo desesperado que ele acordasse, mas o rapaz não tinha mais pulsação.

Mesmo não o conhecendo, Jungkook sentiu um pesar enorme ao ver que o rapaz estava de fato morto, que seu corpo estava gelado e seu rosto pálido, então apenas chorou e abraçou aquele desconhecido que parecia tão ligado a ele.

Jungkook acordou assustado, sentindo um grande pesar, sem pensar tocou no colar roubado que sempre o mantinha em seu pescoço, tentando recuperar o fôlego.

-Acho que você tem algo que me pertence... Capitão Jeon - Disse o espírito de Jimin que até então estava sentado em cima de sua mesa o observando.