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A capa cobria o rosto da mulher que adentrava o castelo com a folha de recompensas em mãos, os guardas não ousaram interferir no seu caminho, pois ao vislumbrá-la o que viam era um homem poderoso adentrar ao salão real.
Parou no meio do piso recoberto de ouro que brilhava com tamanha intensidade, enquanto muitos morriam lentamente pela fome que alastrava-se diante dos muros do castelo. O soberano estava sentado em seu trono, desfrutando de toda sua riqueza e o olhar fixado na figura que mantinha-se diante dele.
— Onde está a bruxa? — questionou o imperador, o timbre grosseiro ressoou pelas paredes.
Com lentidão a garota retirou o capuz e o feitiço se dissipou diante de todos os presentes. Murmúrios ecoaram pelo imenso salão, sendo rompidos pelo erguer de mãos de Conrado que analisava com voracidade a jovem. Erasmo ficou ao lado do pai, admirado com a beleza da garota que trajava um longo vestido vinho que destacava suas silhuetas e curvas, os cabelos negros caiam por suas costas com as ondas que se formavam entre seus fios e em seu olhar ele podia notar a fúria que exalava de Aggie ao estar diante do imperador, porém o soberano não foi o único a receber a atenção dela quando o olhar voltou-se para o padre ao lado esquerdo do trono.
— A bruxa está aqui, bem diante do senhor, apresento-me para todos neste salão. Sou Aggie Carrier, a filha mais nova de Bridgit Carrier e neta de Angèle Carrier, a única sobrevivente entre todas as gerações. — Proferiu firme com o olhar compenetrado no padre Gregório que mantinha a fisionomia horrorizada.
— Isto é impossível, toda a família foi levada a julgamento! — Exclamou Gregório para o soberano que mantinha o olhar intrigado na garota.
— Não todos. — Ela afirmou.
— Onde está o caçador que te trouxe? — questionou o imperador buscando o felizardo que receberia sua recompensa.
— Estou aqui por livre espontânea vontade, atrás do pagamento e o desejo concebido. — A risada de Conrado repercutiu pelo amplo espaço.
— Você? E o que te faz pensar que realizarei o seu desejo, criatura ingênua?
— O acordo foi firmado e nele vossa majestade deixou bem claro que qualquer pessoa poderia trazer uma bruxa. — Erasmo elevou a voz recebendo a atenção do pai — não há limitações para que a própria bruxa venha até o senhor e seja negado a sua recompensa. — Conrado abriu os lábios prestes a rebater, contudo foi cortado pelo próprio herdeiro — caso recuse-se a aceitar ficará reconhecido como um imperador que não cumpre com suas próprias palavras, será mal visto diante de todos os reinos e seus soberanos. — Afirmou.
— Não o escute majestade, este tolo não sabe o que diz. — O padre falou, virando-se para a bruxa — ela não pode receber a recompensa.
— E por que não? — indagou o príncipe — afinal, ela está colocando a vida em risco em prol de ajudar seu soberano. — Conrado virou-se para a menina e a analisou minuciosamente.
— Preparem os aposentos para ela — ordenou para os criados — começaremos o tratamento pela manhã e se você, bruxa — falou com escárnio — não conseguir me curar, será levada à fogueira como todas as outras. Sobre seu desejo diga-me e o realizarei. Sou um homem de palavra.
— Desejo me casar. — Declarou. O imperador riu com a tolice dela após escutar o pedido.
— E quem será o infortunado escolhido? — perguntou, Aggie sorriu grandiosamente cruzando o olhar com Erasmo que a encarou desnorteado com o anúncio que se seguiu.
— Erasmo Magno, o futuro herdeiro de Osborne e o que rege as leis deste reino a predestinada para a união com o jovem príncipe não deve ser lesionada ou finada por qualquer indivíduo residente da realeza. — A fúria refletiu nos olhos do imperador que fechou as mãos impetuosamente.
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Queime as Bruxas [CONCLUÍDO]
Historical FictionNo vilarejo de Eslma a família Carrier é sentenciada a morte após acusações de bruxaria. Aggie é a única sobrevivente, ela encontra-se perdida e sem rumo após descobrir os dons de seus ancestrais. Vagando pelos vilarejos, Aggie chega até o reino de...