• a janela •

10 4 1
                                    

      Acordar, nutrir-se, dormir, acordar... O quarto sem portas, claustrofóbico. E eu no meio, sem contagem de dias. Mas tinha a janela, iluminada, azul, encantada. Eu podia alcançá-la, abri-la se quisesse. Um dia as pílulas ficaram insossas, um dia ficou muito pequeno, lá dentro do quarto. Então fui à janela. Ela não abria. Tateei, senti, procurei e parei no canto descolado.
      Arranhei.
      As unhas passaram por baixo e puxei.
      O adesivo saiu em ruído embrulhado enquanto eu puxava e puxava. A faixada caiu e eu encarei a parede de concreto.

O terror que habita a esquina (Microcontos)Onde histórias criam vida. Descubra agora