Sempre via aquela sombra alta no fundo escuro do quarto, sabia quem era, porém não me arriscada a dá um pio para essa criatura.
-mamãe sempre disse pra não mexer com o diabo.
Mas ele, atrevido por natureza me acordava às três da manhã com o ar da sua respiração em meu pescoço, ar esse que me deixava arrepiada, morta de medo, com os olhos bem fechados lentamente cobriame até o cabeça.
Se o ignorasse demais, não me deixava dormir com os grunhidos de súplica dele e mesmo com noites más dormidas, nunca me entreguei, até sentir a ausência de seu aspecto.
Diante de muitas noites de insônia estranhamente lembrando da criatura, sentir saudades.
Meus pensamentos vivem em tempestades de como e porque sentir algo assim por aquilo que me colocava tanto apavoro. Em uma dessas insônias, logo perto da aceitação de não te sentir mais, ouvir seus passos, e inconscientemente dei um sorriso perverso e com o ambiente quase nulo de sons, me veio uma dúvida, consumida pela ansiedade de pensar que era só um delírio meu em um instante me descobri e sentada na cama, extasiada com aquele rosto indescritível que levava uma expressão de alívio e um sorriso charmoso me questionou.
-gosta do verão?
Não consegui responder, nem precisei, ele lia o meus olhos, me tirou da cama rasgou ela no meio com seus dedos longos e garras vermelhas e em vez de sair espuma e destroços surgiu uma escada em chamas, segurou minha mão e disse que o fogo não iria me machucar e no meio disso tudo só pensava o quão a mão dessa criatura era quente.
Descendo aqueles degraus que parecia dar em lugar nenhum, me contava um pouco da sua história, disse quase todos os nomes q tinha e tinha muitos nomes, contou segredos, contou como irrita ele quando alguém o coloca no lugar de ladrão, disse que era um colecionador, chegando perto de um portão via que tinha mais escadas, já não aguentava mais tanto calor e degraus para descer, ao chegar no portão sorriu para mim como se tivesse contado uma piada, comentou que não me faria andar mais, abriu o portão e uma selva com vegetação de cores quentes apareceu, criaturas que parecia ter saído de uma obra de um artista que pinta com muita raiva, perto de um lago de fogo sentamos e conversamos por horas, descobri tantas coisas sobre o passado que se contasse para alguém diria que precisava de remédio para escrisofenia, quem me dera tivesse sido isso.
Na hora de ir embora só conseguia pensar em como estaria acabada o dia todo.
Mas me sentir bem, parecia que tinha tirado a melhor noite de sono e minha cama parecia que tinha acabado de comprar. Ao longo dos dias só tinha acontecido coisa boas, parecia dias de sorte para mim e de noite quase na hora de dormir resolvi ficar na sala tomando um vinho para comemorar a semana incrível que tinha tido, logo que a garrafa secou vi uma luz vermelha saindo do quarto.
Fui receosa, ao chegar tomei um choque da temperatura do quarto, parecia uma sauna ligada ao máximo, quando meus olhos caiu em cima dele não lembrava de ser tão alto, o silêncio tomou conta do ambiente e o ar pairava luxúria.
Que noite densa estava, cheirava bem, a pele tão macia, tinha uma firme pegada, parecia saber o caminho de cor quando precisava usar a língua, passamos horas e horas, tinha vezes que parecia que estamos ali há dias, não me importaria se tivesse passado um mês em cima daquele corpo gigante e tão quente que me deixava com queimaduras, ele via a minha exaustão mas era só me engolir com a sua boca enorme que estava pronta pra passar mais um mês ali.
O sol já no topo do céu ele me disse que precisava ir, disse pra não me preocupar que poderia ficar na cama descansando, embriagada com tudo aquilo, só aceitei. Acordei e já era de noite, me fiz um jantar, mais tarde a criatura não apareceu no meu quarto, já não posso falar dos meus sonhos que nem dava pra acreditar que fiz mais loucuras nos sonhos do que nas noites passadas, parecia tão palpável e real.
Fez sessenta e seis dias que não vejo ele, pensei em tantas coisas que me disse, tantos segredos que não vale mais de nada, estou tão confusa e furiosa.
Fui dormir, quase pegando no sono senti um ar quente no meu pescoço, desperto, levanto rápido demais sem dar tempo para o meu corpo acostumar, antes de ver seu rosto só vejo a silhueta do corpo vermelho e uma escuridão consome minha visão, cambaleou e caiu em cima de uma mão gigante, abrindo os olhos devagar vejo seu sorriso charmoso e perverso.
-O que vc está fazendo aqui?
Muito atrevido aparecer assim, já não conseguiu o que queria? O que posso ter pra vc vim aqui novamente depois de tanto tempo? Não vai falar nada? Vai ficar do rindo mostrando as presas? Acha que tenho medo de você?
-é burrice não ter.
- me poupe.
Me observando, reparo um olhar de desprezo na feição dele.
-você quer mais não quer?
Meu corpo suado.
-quero que vá embora.
- quer q eu te deixei?
- sim, pra sempre!
Sua postura começa a ficar mais hetera e seus olhos mais cheios de sangue, sua boca abrindo lentamente, mostrando todos os dentes pontudos, enquanto meu coração batendo tão forte que sinto meus pulmões, foi como eu senti
Esse boca enorme vindo em minha direção, fecho os olhos bem apertados e quando o abro novamente estou sendo chacoalhada dentro dele como se fosse enxaguante bocal, vou pra lá e venho pra cá, sinto meu corpo sendo sugado e é tão gostoso, penso pra que nunca pare, e de repente sou cuspida no chão cheio de urina e bituca de cigarro, meu corpo está fraco, parece que não como há anos, desnutrida em posição fetal ele chega bem perto.
-você vai ficar aí, até fazer as coisas direito.
Não tenho forças para nada, e agora que sou só uma carcaça fico lembrando e relembrando disso.
Escuto barulho de passos pelo primeira vez hoje, tenho esperança que seja a morte.
-não, ela não existe.
-Olá, criatura linda, nossa você está horrível!
Não pode ser, é ele mesmo.
-Por favor me tire daqui, por favor, imploro pra você.
-um pouco mais alto minha querida, não consigo ouvir daqui de cima.
- por favor, sabe oq quero, me tira daqui!!
Em minha direção o rosto dele em forma de fumaça vermelha, me tremo de medo, mas só invés de morrer, acordo na selva de cores quentes. E com a mão dele fervendo no meu pescoço.
-está vendo minha criatura linda, não sou tão mal quanto pensou, até vou deixar vc ficar aqui, sei que gostou muito do clima e da vegetação. Agora agradeça.
Sem conseguir abria a boca, sinto meu corpo diferente, está nutrido, mas não é mais o mesmo.
-vejo que está confusa, vou pegar um espelho.
Pasma com o que vejo, eu uma das criaturas do artista raivoso, virei parte do cenário.
-espero que esteja feliz com o novo lar, melhor do que o antigo não é?! Kklkk
-teria sido mais fácil se desde o começo vc desejasse ficar comigo.
- pq?
-Sou o diabo minha peça de coleção, o que esperava?! Kkll