Otávio Augusto é um jovem típico paulistano que acabou de completar dezoito anos de idade. Entretanto, o término de seu relacionamento amoroso o afundou numa depressão profunda. Agora ele tem que saber lidar com a sua família, seus amigos, sua decep...
Já nem sei mais que dia é hoje. No fim, todos eles são iguais depois do que aconteceu. Meu café esfriou enquanto eu tentava pensar em um único bom motivo para eu ter saído da cama e a forte tempestade da manhã é a única coisa que eu consigo ver pela janela. Mesmo que pudesse enxergar outras coisas, seria tudo cinza além do seu retrato na minha parede. Sim, aquele mesmo, da foto que tiramos no Parque do Ibirapuera quando comemoramos nosso primeiro mês de namoro. De alguma maneira, no fundo do meu coração, ela faz me lembrar que nem tudo é tão ruim.
Perdi as contas de quanto tempo se passou desde que você se foi. Por que você teve que partir? Por que você me deixou assim, desse jeito? Será que eu estou tão absorto em meu ego, sendo tão egoísta que não consigo enxergar os seus motivos? Sequer imaginá-los eu consigo!
Tento, de todas as maneiras, achar um jeito de não pensar em você. Entretanto, sem sua presença, o céu está mais cinza, as flores estão mais murchas, o sol está mais frio e as estrelas não têm mais o mesmo brilho; os filmes – que nós amávamos assistir juntos – agora parecem piores... as piadas estão mais sem graça e os livros parecem mais burros. A comida está menos temperada e a bebida não é mais a mesma coisa. Até as músicas, que sempre fizeram parte da minha vida, parecem não ser o que já foram. O que me deixava feliz, agora me deixa triste. Tudo que eu consigo fazer – o dia todo, todos os dias – é pensar em você.
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Quando saio de casa para ir aos diversos bares da cidade e vejo pessoas novas percebo que elas não parecem mais ser tão interessantes quanto foram um dia. Todas elas têm características e manias que me lembram as suas e isso me deixa... triste. Afinal, nenhuma delas é você. Ninguém tem o seu abraço, ninguém tem o seu beijo, ninguém tem o seu carinho. Ninguém é você; ninguém tem o que só você tem. No fim, volto sozinho para casa, pensando em você e decepcionado com a minha vida.
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Acho que só estou escrevendo isso para ver se toda a dor da sua partida some. Mais uma vez sonhei com você; novamente eu vi seu rosto, iluminado por uma aura dourada, na minha frente. Agora, estou sentado de frente à janela, vendo um mundo cinza, bebendo um café gelado e fumando mais um cigarro para ver se, finalmente, sinto alguma coisa além de tristeza. Cada trago que dou é uma memória sua que volta à minha mente.
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Mesmo sentindo muito a sua falta, espero, do fundo do meu coração, que você seja uma pessoa extremamente feliz. Quero que todos os seus sonhos que você me confidenciou nos nossos momentos mais íntimos se realizem. Torço para que encontre alguém que faça por você todas as coisas que eu faria. Ficarei a vida toda imaginando o que poderia ter sido se tivéssemos continuado juntos. Sim, eu sei que sempre te disse que tudo tem um propósito, mas a parte mais complicada da existência humana é entendê-los. Minha sina será sempre pensar como as coisas seriam se você estivesse ao meu lado.
Você sabe que eu sempre amei escrever, Helena, e é assim que vou tentar te esquecer. Talvez se colocar o que sinto no papel, relatar o que acontece em minha vida, você vai embora mais rápido de dentro de mim.
Talvez, um dia, eu entenda seus motivos. Uma hora ou outra eu posso até entender o propósito de tudo isso. Eventualmente, não sentirei mais o que sinto. O show tem que continuar.
