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𝗔𝗻𝘆 𝗚𝗮𝗯𝗿𝗶𝗲𝗹𝗹𝘆 - 𝟭𝟭 𝗱𝗲 𝗦𝗲𝘁𝗲𝗺𝗯𝗿𝗼
𝗧𝗵𝗲 𝗥𝗶𝘁𝘇 𝗟𝗼𝗻𝗱𝗼𝗻 - 𝟮𝟬:𝟯𝟬
🍂 𝗔𝘂𝘁𝘂𝗺𝗻

- Quando estava no meu primeiro ano de carreira ouvi uma frase que fizera toda a diferença no meu percurso: "Amor: uma perigosa doença mental." De início, achei a frase estupida e guardei ela em meu subconsciente e segui em frente. Alguns anos depois após analisar vários pacientes cheguei a conclusão de que o amor é a raiz da amargura de muitas pessoas, lembrei-me da frase que havia ouvido anos atrás e comecei a estudar mais sobre o assunto, acontece que a frase pertence a um importante filósofo grego, Platão.

- Está afirmando que um dos maiores filósofos da Grécia antiga dizia que o amor era algo desnecessário? - A entrevistadora me pergunta como se sentisse ofendida pela minha afirmação.

- Não essencialmente, Platão dizia que o amor platônico é uma doença mental, ou seja, o amor que vem provido de várias paixões e atração entre duas pessoas ou mais, para Platão o amor real era algo totalmente puro e desprovido de paixão de coisas materiais que são essencialmente cegas, falsas e efêmeras.

- Nesse caso o que seria o amor "puro", assim digamos?

- Exemplificando, o amor puro seria o amor pela sabedoria, assim você alcançaria a beleza espiritual.

- Muito bem! Amei nossa entrevista e mal posso esperar amanhã para assistir sua primeira palestra aqui em Londres, não percam amanhã na Imperial College London às 09:30 em ponto a palestra da senhorita Soares com o tema: Amor, uma doença curável. Vou ficando por aqui e agora é com você Mariana. - Ela sinaliza para o câmera que imediatamente para de nos filmar.

Logo sou cercada pela a equipe que retira o microfone e os equipamentos de minha roupa enquanto assisto em silêncio as pessoas trabalharem, a jornalista que estava me entrevistando sai de meu campo de visão sem ao menos se despedir e em segundos estava novamente sozinha...

Agradeço por essa entrevista ter terminado, em todos os países que já havia viajado em toda minha turnê nunca imaginei que na Inglaterra seria o lugar onde as pessoas me tratariam de forma rude, por isso defendo fortemente minha tese de que o mundo é um lugar de aparências.

Saio da sala de convenções e me dirijo diretamente ao meu quarto, minha equipe realmente sabia meu gosto e acertou de cheio no quarto de hotel ,por isso não via problema em ficar contida lá estudando para a palestra de amanhã, não havia motivos para eu me sentir triste ou solitária! Estou realizando o grande sonho da minha vida vivendo o meu momento, tudo que eu lutei, tudo que eu quis e tudo que eu sonhei está aqui.

Sorrio por ter a certeza de que minha realização pessoal só havia começado e que este era o meu momento.

Retiro meu notebook da bolsa o jogando na cama enquanto ainda separo alguns papéis que serão necessários para a minha grande estreia em Londres e os ingleses tem fama de serem pessoas difíceis de agradar por isso preciso me preparar.

Estava prestes a começar quando meu celular começou a vibrar, encarei o nome na tela.

*Sabina Hidalgo*

Suspirei e ignorei, continuei a organizar e estudar mais ainda sobre o tema mas todo minha concentração estava no barulho do meu celular. Indo totalmente contra a minha própria vontade atendi uma de suas várias chamadas.

- Alô. - Ouvi a voz da pessoa que até anos atrás eu chamava de irmã.

- Any que bom ouvir sua voz, estou há meses tentando falar com você mas parece que minhas ligações andam sendo ignoradas.

- Sinto muito, eu ando muito ocupada. - Minto, estava de fato evitando ela.

- Não está ressentida pelo passado, certo? Já faz um ano.

- Claro que não Sabina, eu já superei isso até porque não somos adolescentes para ficarmos brigadas por bobeira. Eu só ando ocupada mesmo e por isso não atendo suas ligações ou respondo suas mensagens.

- Assim fico mais tranquila! - A mexicana exclama - Semana que vem é o meu casamento, gostaria que você estivesse aqui. - Meu coração doeu.

- Sabe que estou em turnê, não posso voltar para o México para ver você casar.

- E a nossa consideração de irmãs? - "Foi para o ralo ano passado quando suas atitudes me afastaram" Pensei comigo mesma.

- Eu realmente sinto muito Sabi, espero que vocês dois sejam felizes.

- Obrigada Any, mas pelo mens tente aparecer ou me ligar, sabe que é um dia muito especial para mim.

- Eu sei Sabina, vou fazer meu melhor. - Suspirei derrotada. - Agora eu realmente preciso desligar.

- Tudo bem, me ligue quando puder.

- Tentarei.

Desliguei sem dar a oportunidade de ela se despedir evitando todo esse sentimentalismo tóxico.
Eu realmente estava confortável com toda aquela situação e eu não tinha o porquê de lamentar se eu estava me sentindo bem.

Decido não pensar mais no assunto e voltar a prestar atenção nos meus à fazeres.

Meu trabalho consistia em como o amor era prejudicial à saúde mental e física das pessoas, como a frase "o amor é lindo" é uma mentira e apenas faz as pessoas criarem uma dependência psicológica e emocional.

Mas eu tenho a solução para esses problemas, uma solução que demorei anos para arquitetar, levei anos de pesquisa e de experiência e que agora todos poderiam usufruir da liberdade desde mal.

Estava realmente satisfeita, o relógio em meu pulso indicava que já se passava das onze e meia, meu estômago roncava e a essa hora o restaurante do hotel provavelmente já estaria fechado.

Resolvi repentinamente de que iria atrás de algo para comer, não demorei à vestir um casaco e uma bota para impedir que o vento gelado do outono de Londres me causasse uma futura gripe, assim que tive total certeza que meu corpo estava completamente protegido do frio abandonei meu quarto à procura de algum restaurante que estivesse aberto.

Foi decepcionante, Londres uma cidade turística fechava todas as suas atrações às dez e meia da noite, estava prestes a desistir e voltar para o hotel quando em uma esquina afastada avistei um Pub que ainda estava aberto, sabia que não encontraria a melhor refeição de minha vida lá porém seria algo que tamparia meu estômago.

Adentro o local e percebo que estava vazio, só havia um homem loiro de costas assistindo televisão enquanto secava copos de cerveja.

- Com licença. - Tentei chamar sua atenção mas foi em vão - Com licença! - Aumentei um pouco meu tom de voz e o mesmo parece perceber a minha presença.

- Oi! No que posso servi-la? - Diz sorridente e que sorriso, era um homem muito atraente... foco Any Gabrielly.

- A cozinha ainda está em funcionamento?

- Está sim, com um incrível chefe vindo direto do Canadá com suas mais inéditas receitas.

- Mesmo? - Me interesso pelo assunto sentando em sua frente no balcão. - E qual é o nome dele? Talvez eu o conheça.

- Josh Beauchamp, não há quem prove sua comida e não diga que ele é o melhor. - Notei seu tom de brincadeira e percebi que referia a si mesmo.

- Então peça para ele fazer algo para mim, qualquer coisa rápida, porque estou morta de fome.

- Sim senhora! - Ele sai entrando em uma porta que deduzi ser a cozinha, enquanto isso volto minha atenção para o jornal que passava na televisão.

"Acabamos de interromper a nossa programação porque o instituto nacional de meteorologia acabou de anunciar alerta laranja para Londres, não saiam de suas casas e fechem bem as portas e janelas, fiquem longe de aparelhos eletrônicos, existe a possibilidade de queda de energia então onde é que estejam, tomem cuidado!"

Que azar, precisava comer rápido antes que a tempestade começasse.

𝗦𝗶𝗰𝗸 - .゚‪‪༘༘ - concluída Onde histórias criam vida. Descubra agora