Capítulo 09

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S/N Point Of View.


Gamboa havia feito um maravilhoso café da manhã e mesmo que panquecas de tofu não fossem as minhas favoritas, Gamboa tinha conseguido fazer com que uma simples comida fosse maravilhosa.

Terminei de tomar meu café e segui para a garagem, onde Ariana já estava ali com uma pequena mala de mão.


Achei que iria para a praia. — Comentei encarando a mala.


E vamos S/N! Mas acontece que quero aproveitar o dia na praia. — Respondeu Ariana se aproximando de mim.


O perfume dela estava tomando conta de tudo ao meu redor e uma vontade imensa de beijá-la tomou conta de mim, porém contive o desejo e apenas peguei sua mala e coloquei no bagageiro.

O caminho até a praia havia sido até que bem calmo, estávamos em paz e aquilo por si só já era ótimo. Em pouco menos de vinte minutos chegamos na tão esperada praia e enquanto decidi tirar a bagagem do porta malas, Ariana me encarou tensa.


Espero que saiba nadar S/N!


— Porque? Você não sabe? — Devolvi a pergunta a provocando.


Claro que sei! Mas caso aconteça algo, você terá que me salvar! — Respondeu Ariana apertando meu rosto com suas unhas grandes.


— Sou sua motorista e não sua segurança! — Exclamei vendo o olhar de irritação dela.


Era incrível como não conseguíamos ficar em paz por muito tempo. Enquanto observava Ariana nadar do lugar em que havíamos escolhido naquela praia meio desertica, senti meu coração acelerar. Ela era realmente uma sereia mas como ela mesma adorava me lembrar, éramos de classes sociais diferentes e Ariana merecia um príncipe e não uma garota intersexual que não tinha onde cair morta.


Deveria entrar na água! A temperatura está perfeita! — Comentou Ariana assim que se aproximou de mim.


Apenas concordei e tirei ali mesmo minhas roupas ficando apenas com a cueca box feminina preta e o top.


Ariana Grande's Point Of View.


Mesmo que não quisesse era impossível não encarar para o corpo dela. Para uma garota, S/N tinha muito mais traços masculinos do que femininos e talvez fosse culpa de sua condição intersexual. De qualquer forma S/N conseguia roubar a atenção de qualquer uma.

Enquanto ela se divertia na água, a encarei sentada na cadeira de praia e milhões de coisas começaram a passar em minha mente. Tínhamos um vida diferente, e talvez por isso era tão difícil darmos certo.

Durante uma boa parte daquele dia S/N e eu passamos a  reversar o tempo em que uma entrava na água e a outra cuidava das coisas. Porém conforme a maré começava a subir e com a chegada do entardecer, tivemos que terminar aquele momento.


Se quiser vou ligar para Gamboa e pedir que ela prepare um delicioso jantar. — Comentou S/N se aproximando de mim.


O que acha de jantarmos fora? Já estamos na rua mesmo e no final dessa praia tem um quiosque perfeito! — Convidei vendo o olhar de S/N brilhar.


Por alguns minutos apenas nos encaramos. Não existiam palavras que pudessem descrever de repente o que estava acontecendo. Porém antes que pensássemos em qualquer outra coisa uma estranha chuva acabou caindo de surpresa nos forçando a voltar para o carro que estava a alguns metros dali.


Maldita chuva! Como não reparei nas nuvens? —  Indagou S/N assim que entrou no carro.


É só uma chuva S/N! E nem nos molhamos tanto! Pare de reclamar! Até parece que é feita de açúcar empregadinha! — Provoquei vendo S/N revirar os olhos para mim.


Percebi que ela estava pronta para dizer algo, porém foi apenas nesse momento que descobrimos que estávamos perigosamente perto. De repente a lembrança do beijo que havíamos dividido em meu quarto voltou e com uma força que eu desconhecia.


Ah... Acho que essa chuva não vai passar tão cedo! —  Ofegou S/N olhando para meus lábios.


Eu não deveria ter feito aquilo, porém antes que ela desistisse, puxei S/N para mim e terminei com aquela distância. Os lábios dela eram macios e aquele gosto de menta assim como da outra vez estava ali.


Uau! Sentiu isso? — Indaguei assim que o nosso beijo acabou.


S/N não disse mais nada, apenas me encarou. Por longos minutos o silêncio tomou conta daquele carro. S/N mal se movimentava e seu silêncio apenas me irritava mais.


Quer falar logo comigo? Dizer se sentiu algo bom ou ruim, ou mesmo se não sentiu nada? Fale comigo sua empregadinha! — Provoquei S/N sabendo que ela diria dizer algo por conta do "empregadinha".



— Acho... Acho que a chuva está diminuindo! — Comentou S/N ignorando completamente minha pergunta de antes.


Estava irritada com ela, porque S/N era tão estranha? Porque ela mexia tanto comigo? Enquanto ela estava focada na estrada, tentei chamar sua atenção, porém S/N apenas me ignorava e com raiva acabei puxando o volante do carro, fazendo com que por alguns minutos S/N perdesse o controle do veículo.


Você ficou louca? Poderia ter batido em algum carro e você morrido! — Gritou S/N possessa.



— E você também sua estúpida! Qual é o seu problema? Seu planeta saiu de órbita? — Discuti com ela assim que S/N estacionou o carro.


Ah chega! O meu problema é você, Ariana! Você que é uma garota mimada, caprichosa e irritante! Agora entendo porque ninguém suporta você e porque fingem que gostam de você! Porque ninguém na terra poderia amar de verdade você! Uma vez você me disse isso e agora é a minha vez de falar! Você me dá nojo Ariana Grande! — Esbravejou S/N irritada.


Naquele momento não tive o que dizer assim como S/N, ainda mais depois dela ter descarregado aquela raiva acumulada em mim.


— Me leva para casa! — Ordenei olhando para o lado oposto ao qual S/N estava.


Estamos a menos de cem metros da sua casa! Você pode muito bem ir a pé se deseja tanto! — Sugeriu S/N impaciente.


Estávamos com os ânimos alterados e por mais que lutasse para impedir que as lágrimas caíssem, acabou sendo impossível.


Não é para a casa de praia sua idiota! Quero que me leve para a minha casa na cidade! — Suspirei secando minhas lágrimas.



S/N estacionou o carro e me encarou por alguns minutos, talvez ela estivesse tão sentimental quanto eu.


Desculpa, ok? — Pediu S/N respirando fundo.


Pedir desculpas não irá apagar o que você disse! — Retruquei possessa.


Eu sei! Mas você me maltrata o tempo inteiro! Acho que falei apenas o que estava entalado. — Suspirou S/N me encarando.

Por alguns minutos nos encaramos e não demorou muito para que S/N ligasse o carro novamente e seguíssemos para a casa na praia.

Durante aquele restante de dia e início de noite, S/N e eu não trocamos uma única palavra que fosse e agora eu já não sabia se poderia ou não continuar com ela.


— Menina Ariana? Você não jantou ou comeu algo desde que voltou da praia, achei que gostaria de alguns biscoitos. —  Ofereceu Gamboa assim que abriu a porta de meu quarto.


Gamboa, entre por favor! Queria te fazer uma pergunta... Eu sou mesmo alguém tão ruim que ninguém possa me amar? — Indaguei com lágrimas teimosas que não paravam por nada.

Bad Chick  (Ariana /You G!P) Onde histórias criam vida. Descubra agora