Eutanásia | Hu Tao x Xingqiu

Capítulo Único

Terminando de recitar seu poema mentalmente, Xingqiu dobrou o papel e guardou em seu bolso. Não era muito comum fazer isso, já que sempre decorou tudo, mas nesta ocasião ele precisava disso; não eram mais simples versos, eram uma declaração que veio do fundo de seu coração. Nunca sentiu tal sensação, mas sabia que não poderia desperdiçar essa oportunidade, mesmo sem ter experiência alguma em romance.

(Xingqiu, um garoto educado e inteligente, sempre encontrado lendo livros ou praticando as artes marciais do Clã de Guhua)

Escolheu a colina de Wuyang para ser o palco da sua apresentação especial, o lugar onde Hu Tao adora vir. Esse local não é apreciado pela maioria das pessoas por ser assustador demais e ter relatos constantes de espíritos macabros, porém para uma coveira e um exorcista, não é nada fora do comum. O menino já tinha um plano formado para distrair o seu amigo durante a sua declaração; inventou uma história de que ali perto uma entidade havia sido solta e que precisaria de um segurança durante a troca de poemas. O que dificultava sua vida era seu objetivo em si.

Seu coração batia forte, seu rosto ruborizado, suas mãos levemente trêmulas, todos esses sinais indicavam para o sentimento, até então inexplorado: o amor. "Tem certeza? É isso mesmo? Não é uma doença?" Ficava se perguntando o garoto. Não queria perguntar para ninguém sobre isso, como um leitor tão culto como ele não saberia essa resposta? Alguém com tanto conhecimento assim inevitavelmente já teve contato com a paixão, embora escrita em folhas de papel, deveria ser a mesma coisa, não é? "Não, não é".

Seu coração pertence à tão extrovertida coveira, Hu Tao. Não porque era bonita, não por interesse próprio, não por coincidência, nada disso; era por ser ela. Uma pessoa tão interessante, cativante e enigmática como ela fazia Xingqiu delirar em pensamentos profundos, tão próximos e ao mesmo tempo muito afastados da realidade. Os poemas da garota é o principal motivo de sua paixão, neles ele conseguia identificar cada aspecto seu, desde sua forma de pensar, até mesmo hobbies despreocupados (um deles sendo o próprio fato de escrever poemas, ele percebe isso ao ver como ela progride toda vez que se encontram).

-Ei, já terminou aí? - Chongyun apareceu de repente, ele é o juíz das competições de poemas que os dois fazem - Eu não aguento ficar mais ao lado dela...

-Sim já estou pronto! - levantando da pedra em que estava sentado, seguiu o amigo até um certo ponto, onde se separaram. O seu ápice, sua ascensão, o momento que tanto esperou finalmente chegou.

Conforme passeou em meio as árvores, conseguiu escutar ela cantarolar. Sua voz solitária ecoando pelo espaço certamente faria uma pessoa distraída ter calafrios; não era muito seu tipo ficar parada sem fazer nada. Corou a medida que foi se aproximando. "Porque eu estou tão nervoso? É o medo de ser rejeitado? Ou a angústia de cometer algum erro?" pensou, sabendo que aquilo não tinha mais volta.

(Hu Tao, a diretora da funerária Wangsheng. Uma garota muito brincalhona, porém perspicaz)

O coração da garota, por mais que seja despreocupado, batia forte como um tambor em festivais orientais. O que ela mostrava por fora era totalmente diferente por dentro: nervosismo, ansiedade, preocupação. Sabia que assim que terminasse sua declaração, ou algo muito ruim ou algo muito bom iria acontecer, não existia meio termo.

Passou a noite inteira pensando como iria expressar seus sentimentos. Ela também estava apaixonada. Os dois pensavam que isso não faria sentido, como era possível um artista marcial e uma coveira ficarem juntos? Olhando por esse lado, realmente não parece ter relação alguma, mas quem pode dizer quais são as regras do amor certo? (Apenas as leis kk).