Rockstar

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Descobri que não tinha um gosto muito bom para bebidas. Destilado com suco de fruta não foi uma ideia tão boa, mas só após experimentar da coisa verde presente do copo poderia dizer que não teria sido ideia pior. O amargo da mistura se fez jus em minha língua como o gosto do próprio inferno. Franzindo o rosto, me afastei um pouco do balcão o suficiente para ver o movimento do bar. Não havia muita gente presente, o que não estava reclamando, mas em breve o aglomerado de pessoas iria se formar. Uma banda iria tocar naquela noite, e pelo que eu ouvi parecia ser boa o bastante para lotar o lugar. Bufei. Claro que era uma banda de caras, não menosprezando o sexo feminino. Homens tocando instrumentos e cantando era o show que todos vieram assistir, provavelmente nem sejam tão bons assim como dizem, mas se forem bonitos... eles conquistam o mundo.

Meus pensamentos se ofuscaram assim que um corpo bloqueou minha visão. E, merda. Meus olhos subiram pelo seu tronco coberto por uma camiseta preta e colada até seu rosto, mal pude conter o suspiro que saiu pelos meus lábios. O mesmo sorriu para mim, um sorriso que derreteu qualquer indício de tédio e indiferença à classe masculina. O cara era um gostoso.

ㅡ Ocupado? ㅡ Perguntou o tal, se inclinando um pouco para frente. O movimento atraiu meus olhos para o seu peitoral, e engoli em seco com todas as ideias em minha mente.

Deus, nunca fui tão maliciosa. Nem quando estava morrendo de excitação tive vontade de afundar minhas garras como queria agarrar aquele cara. O corpo todo. Sem parar de checá-lo, cruzei minhas pernas e voltei a me concentrar em seu rosto. Ele arqueou uma de suas sobrancelhas loiras de modo questionador, e então eu percebi que não tinha dito absolutamente nada. Pelo menos não com a boca.

ㅡ Nem um pouco. ㅡ Sustentando meu olhar afastei meu corpo para lhe dar espaço.

Sob a luz amarelada e piscante pude notar o contorno de sua mandíbula, quadrada e máscula. Seus cabelos loiros dançavam rebeldemente pelo seu rosto, e seus dedos o puxaram levemente para cima. Pela primeira vez na noite me senti verdadeiramente entretida, e isso foi uma grande surpresa. Existia algo diferente naquele homem, algo que me fez querer devorá-lo de todas as maneiras, não era apenas pela beleza física. Sentia energia. Sentia as malditas borboletas enlouquecendo meu colo. Desviei os meus olhos para o barista que se aproximou do mais novo recém-chegado.

ㅡ Uma longneck. ㅡ Seus olhos fitaram os meus. ㅡ Duas.

Sorri. Meu copo ainda estava entre minhas mãos, mas ele pareceu não ter visto. O barman colocou as duas garrafas sobre a madeira ao mesmo tempo que o loiro depositou o dinheiro sobre o balcão. Analisei minuciosamente a extensão do seu braço direito cheio de tatuagens, algumas deram para serem vistas quando ele envolveu a garrafa com os dedos e tomou o longo gole da bebida. Seu pomo de Adão se remexeu de uma maneira tão lenta e sensual que precisei apertar as pernas.

ㅡ Está gostando?

Meus lábios se curvaram.

ㅡ Com certeza. ㅡ devolvi, desavergonhada.

Quem diria o que a noite iria me dar de presente. Levei a garrafa aos lábios, apreciando o novo gosto tomar meu paladar. Suspirei, aliviada por finalmente me livrar daquele sabor horrível.

ㅡ Não parecia estar gostando a minutos atrás. ㅡ Ele contornou o gargalo com o polegar. ㅡ Estou certo?

ㅡ Não está errado. ㅡ Suspirei dramaticamente atraindo seus olhos negros a mim. ㅡ Mas isso soa um tanto quanto suspeito. Estava me observando?

Ele assumiu uma face surpresa antes de rir nazalado. ㅡ Me pegou.

Ele me fitou sem se dar o trabalho de revistar meu pingente em formato de lua, que seguia em direção ao meu decote. Sabia que o vestido era bastante revelador e não usaria sem a pressão da minha irmã, que deveria estar pegando alguém pelos cantos do bar, porém vendo o modo como ele me olhava não gostaria de estar usando outra coisa. Nunca fui a favor de agradar homens utilizando o corpo, e aquilo estava consumindo o meu cérebro naquele momento mas... gostava da ideia, e principalmente para o benefício próprio. Ou mútuo. Queria que ele me achasse agradável, eu merecia no mínimo essa decência.