2

1 0 0
                                    

A princípio, o novo sistema que subiu ao poder parecia estar resolvendo todos os problemas que antigamente aquela nação apresentava.

A educação foi melhorada com tópicos realmente relevantes e necessários para a formação dos jovens, como matérias sobre trabalhos domésticos e como investir no mercado de trabalho.

A saúde foi reerguida, com novos tratamentos e planos de saúde estratégicos e gratuitos que garantiram a aniquilação de várias doenças perigosas e contagiosas.

A habitação deixou de ser um problema. Não existiam mais sem abrigos e a segurança era tal que nem as portas das casas necessitavam ser trancadas.

O índice de criminalidade nunca esteve tão redondo. Qualquer crime seria julgado rapidamente e não mais seria reincidente, uma vez que os inquisidores o cortariam pela raiz, literalmente.

Poluição? Os cidadãos já não conheciam o significado dessa palavra. Os transportes públicos eram ótimos. Horários regulares e caminhos bem definidos. Ninguém tinha mais necessidade de ter gastos com automóveis próprios, e com o tempo, deixaram de ser fabricados também.

A alimentação tomou um novo significado. Nunca se consumiu tanta comida biológica saída do cultivo de cada um, nem que fosse feito em potinhos de iogurte na janela.

A velhice também não era um problema. Quando o idoso não podia mais trabalhar, era levado para uma colónia de férias juntamente dos outros idosos lá residentes até o fim dos seus dias.

Tudo parecia perfeito, quase utópico. A tecnologia avançou tanto que viver ali não era mais um sofrimento, senão uma bênção.

Claro que nada vem de graça. Muitas leis foram implementadas para que ao longo do século, toda esta evolução fosse possível. Sempre da melhor maneira.

A vida é feita de escolhas e em troca de segurança e condições dignas, o povo decidiu entregar a sua liberdade.

O novo país, Kandria do norte, tornou-se auto-suficiente de forma a não depender de países externos para nada. Assim as fronteiras foram fechadas para impedir que doenças e imigrantes ilegais entrassem.

Nada sai e nada entra.

Por outro lado, parecia haver um buraco profundo e vazio no meio de toda essa utopia. As condições de vida da população foram-se degradando ao longo das várias décadas até chegar onde está agora. Neste momento, os cidadãos perderam não só a liberdade, como também qualquer hipótese e perspetiva de uma vida melhor.

Quem não nasceu em berço de ouro já iniciou a vida com um pé na cova.

(...)

Changbin não entendia como Jenni conseguia vestir saia todos os dias. Não que ela tivesse outra opção, claro.

Meninas vestem saias, meninos vestem calças, meninas usam rosa, meninos usam azul... Era isso que lhe diziam desde que era pequeno e embora sentisse uma vontade gigantesca de usar essa cor por gostar muito, não tinha coragem devido ao medo e opressão que sofria mesmo sem perceber.

—Gostei!- sorriu passando os dedos pela saia rosa bordada da irmã que agradeceu educadamente enquanto prendia o cabelo com grampinhos coloridos.

Era bonita mas parecia desconfortável tendo em conta o frio daquela gélida manhã e os olhares descarados dos homens que haviam se tornado rotineiros.

—A mamãe falou que deveria estar bonita para que Jisung me note!- comentou ela passando perfume em frente ao espelho grande do quarto de paredes brancas e janela com ligação ao terraço. Era domingo, dia de missa na capital.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Oct 17 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

The Kandria Prison RevolutionOnde histórias criam vida. Descubra agora