2 - Rise

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Bem diferente de mim, meu irmão sempre se encantou com a ideia de se tornar rei. Eu diria que ele está melhor preprado do que eu para o cargo na questão de estudos necessários.
Ele sempre tentou provar para o pai que ele era melhor, mais responsável, mais maduro, porém nosso pai sempre confiou a mim as tarefas mais difíceis. Sempre era eu o convidado à jantares de negociação, estrategia de comércio. Por isso ele me odeia tanto, ele quer o poder a qualquer custo. Ele pode até ser melhor em muitas questões, mas ele é o mais cruel também, ele não pensaria nem duas vezes antes de me matar e tomar o meu trono.

Sentado em frente a lareira de meu quarto, observando o fogo e bebericando uma taça de vinho, enquato penso sobre o que irei fazer a respeito disso tudo que está acontecendo. Olho para um velho criado mudo de duas gavetas parado ao lado da lareira. Ele está todo empoeirado, no entanto, a gaveta de baixo parece ter um padrão de poeira diferente do resto do móvel, parece ter sido aberta recentemente.
Ando até a gaveta e abro-a. Pego um pedaço de papel que estava ali, parece ter sido colocado há pouco tempo, pois havia pouquissima poeira nele.
Abro o papel dobrado.

Começo a ler o que está escrito:

Querido Jug

Sei bem que a ideia de ser rei te assusta, mas eu tenho certeza de que será um rei maravilhoso, melhor até do que eu e seu avô. Sempre tentei governar com benevolência, mas você, filho, possui uma bondade inexplicável em seu olhar, algo que eu só fui capaz de ver uma vez em minha vida, nos olhos de sua mãe, sei que a falta dela aperta todos os dias, não há sequer um que eu não pense nela. E infelizmente a vida é assim, os filhos ficam e os pais se vão.
Sei que fui muito duro com você por algumas vezes, e que acabei falhando como pai. Mas você precisa ser forte, o nosso povo precisa de você, eu preciso de você.
Você não deve deixar seu irmão tomar seu trono. Eu amo o Dylan, mas ele é frio, egoísta e cruel, ele fará tudo para tentar te derrubar, inclusive me matar. Seja firme acima de tudo.

Com amor, Papai.

As palavras de meu pai cairam como uma bomba. Não havia nem sequer cogitado a  possibilidade de Dylan ter matado o nosso pai. Não consigo acreditar que ele seria capaz de tamanha crueldade.
Uma de minhas criadas bate na porta, e eu imeditamente coloco a carta de volta na gaveta.

J- Entre.

M- Não sabia se o senhor queria o jantar no quarto ainda, ou se vai querer descer à mesa de jantar.

Penso bem sobre isso. Não tenho me sentido muito bem devido a morte de meu pai, então tenho jantado em meu quarto desde então. Mas depois de suas palavras naquela carta, acho que está na hora de mostrar ao meu irmão quem está no comando.

J- Tudo bem, Mary. Já está na hora de começar a superar.

Ela se retira.

Me visto apropriadamente para uma ocasião como esta, e desço.
Encaro a porta que me separa da mesa e penso novamente se deveria mesmo  fazer isso. Por fim, decido entrar.

Apro as grandes portas.
Encaro dezenas de olhares surpresos e curiosos pelo motivo de minha presença.

Troco olhares com Cheryl, uma de minhas melhores amigas, que diz algo como "está tudo bem?", respondo com um acendo de cabeça para dizer que sim.

Logo depois, começo a andar até meu irmão, que está sentado na ponta da mesa, onde o rei costuma sentar. Irônico não?
Chego em meu irmão e faço sinal para que se levante, para que eu possa sentar.

J- Agradeço a gentileza, irmão. - ele me olha com confusão ( Autora: aquela cara que você faz quando digita "?????????") - Você guardou o meu lugar mesmo eu não tendo pedido para que o fizesse. - Agora seu olhar muda para raiva. Acho que soou como uma ofensa para ele, mas essa era mesmo a intenção.

D- E quem disse que eu estava guardando este lugar para você. Ele é meu desde que você se isolou no seu quarto. Na verdade, ele é meu desde que você deixou bem claro que não o queria.

Ele queria brigar. E eu estava ficando irritado. Mas eu penso com cuidado em minhas palavras antes de falar.

J- Você sabe muito bem que você não vai ser o rei Dylan, eu vou sei, então, por favor saia da minha cadeira de jantar. Não vou brigar com você na frente de todos.

Um guarda já fica a seu posto, caso eu precise, mas faço sinal de que está tudo sob controle.

Dylan me olha com fogo nos olhos, mas sai da cadeira levando seu prato até a cadeira ao lado da minha.

Cheryl está um pouco afastada, mas conseguimos conversar muito bem somente com o olhar.
Ela parece preocupada comigo.
É engraçado como as pessoas que mais deveriam te apoiar, são aquelas que vão contra você, e aquelas que não tem nenhuma ligação de sangue são capazes de te entender tão bem e te apoiar mais do que qualquer um.
Cheryl sempre foi minha melhor amiga, e meu pai sempre quis que me casasse com ela, e se ele estivesse vivo, isso provavelmente aconteceria, mas agora que realmente tenho escolha, sei que não me casarei com ela. Não a vejo dessa maneira, tampouco ela a mim.
Mas se fosse o caso, sei que eu não teria problemas com isso, Cheryl é uma mulher linda, e acima de tudo inteligente e sensata, sei que seria uma rainha maravilhosa. Mas não tenho certeza se ela seria feliz assim. Conheço ela mais do que ninguém, e sei de coisas que nem mesmo sua própria mão sabe, como o caso que ela tem com a filha do Duque. Pelo que sei elas são muito mais do que amigas, e houve um tempo que até tramaram fugir juntas, mas eu a convenci de que era loucura.

Termino meu jantar e faço sinal para que Cheryl venha atrás de mim para nosso lugar secreto, onde sempre ficamos conversando.

Espero por ela, até que a porta se abre e ela entra. Dou um sorriso e logo a abraço.

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⏰ Última atualização: Jun 14, 2021 ⏰

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