- Pois é verdade o que tô de dizendo ,home.Ocê num acredita? Eu ví cum estes zóio que a terra há de comer,Simão. - Juca,Juca,você está ficando de miolo mole.Se for verdade,você não comente com ninguém.Este pessoal é muito perigoso.Você tem certeza de não foi visto por ninguém? - Mas é claro,home.Ocê pensa que sou burro? - Não estou dizendo isto.Eu só acho que você deve ficar quieto no seu canto e não comentar com ninguém o que viu.Mas,vamos falar de outro assunto,pois este me dá arrepio na espinha. Dizendo isto,Simão procurava disfarçar o mal estar provocado pelo que acabara de ouvir do velho amigo Juca. - Estão comentando na cidade que daqui 15 dias vai começar a construção de Hotel Municipal e eu vou procurar um serviço de servente para mim.Quem sabe eu consiga um dinheiro extra para arrumar o telhado da minha casinha.É só goteira. - E ocê acha que eles vão dar emprego prum véio qui nem ocê?Pode tirar o cavalo da chuva.Os home vão é querer braço de gente nova,não os nossos,qui já tão cum tremedeira.Eu vou continuar vendendo pasterzinho do seu Joaquim Português. - É... pastel cheio de vento.O pessoal até diz que quem achar um fusquinha dentro dele,ganha uma azeitona. - Mas bem que ocê gosta de cumê alguns. -Não é verdade,Simão? Como já passava das 4:00 da manhã,seu Simão despediu-se do velho amigo e foi-se caminhando lentamente,em direção à padaria,pensando no que Juca acabara lhe contar.
Fernanda ouvia,sorrindo a amiga Ângela falar de Roger e seu irmão. - Imagina você:Eles vão ficar acompanhando a obra aqui em Santa Helena.Dr Roger é realmente um pão,balançou o meu coração. -Quem diria,Ângela.Você tão durona,imunizada contra o cupido,acaba sendo flexada pelo primeiro estranho que aparece em Santa Helena? Ruborizada,Ângela tentou disfarçar a emoção ao pronunciar o nome de Roger. - Não é bem assim.É... é que fiquei impressionada com a maneira educada com que ele me tratou.Só isto ,nada mais. - Esta bem.Vou me esforçar para acreditar...Eu também estou surpresa com o tratamento que venho recebendo ultimamente,mas não é de nenhum gato. - De quem,então? - Da Dra Claudia Bandeira. - Claudia Bandeira? - Isto mesmo.No princípio eu achava que era somente interesse dela para poder se aproximar mais de papai,mas acho que me enganei.Ela parece ser sincera. -O ela lhe disse? - Não sei se você percebeu,ela tem o mesmo sotaque que papai,mas como ele jura que nasceu no Brasil. - Não entendi o que você quis dizer. - É simples:O sotaque de português de papai é tão marcante que é difícil acreditar que ele seja somente filho de português. - O mesmo acontece com Claudia Bandeira,mas com o sotaque menos acentuado. Ângela,inteligente,raciocinava com rapidez e chegou a conclusão de que não deveria comentar com a amiga o bilhete de Jorge Aranha para Fausto.
Jorge Aranha,nos últimos dias,andava agitado,nervoso ,deixando seus empregados preocupados. - Mas não é possível! Eu determinei que a ração dos animais fossem compradas na Cooperativa e não na Casa Agropecuária.Será que estou falando outra língua? Com humildade,o pobre empregado tentava explicar que havia recebido a ordem do gerente,mas Jorge Aranha não ouvia ou fazia de conta que não ouvia.Queria de uma forma ou de outra,descarregar todo seu mal humor e isto perigoso se alguém retrucasse. - Recarregue o caminhão com esta merda de ração e leve-a de volta de onde veio... Por enquanto quem manda por aqui ainda sou eu. À distância,alguns empregados comentavam sobre a atitude do patrão: - Será que os negócios dele não estão dando certo ou será que não conseguiu nada com a doutorzinha,e ela meteu o pé na bunda dele? - Você está ficando louco,homem?Se ele pega você falando assim é capaz de mandar cortar o seu saco e tua língua. - É... eu não duvido disto.Ele é capaz mesmo,mas daí eu viro santo milagreiro. Realmente o dia não estava bom para Jorge Aranha,pois após conversar no seu celular com Pedro,entrou em seu carro e retornou imediatamente para a cidade onde era aguardado por um visitante. - Julio,quantas vezes já lhe disse para não me procurar aqui em Santa Helena? -Calma Jorge,eu tinha que vir pessoalmente.As investigações que você propôs,vai acabar em terreno perigoso e quando quisermos retornar,será tarde demais. Julio Melo era uma espécie de curinga na vida de Jorge Aranha.Mesmo no anonimato,estava sempre na sua sombra,articulando ou executando todo o tipo de serviço determinado ,por isso era merecedor da intimidade com que era tratado. - Julio,Julio,nós podemos perder o domínio da situação.Foi tão difícil conquistá-lo.Você sabe muito bem o quanto ficaria feliz,se você astuto,como é,colocasse um ponto final nesta situação. Jorge Aranha ,raposa velha,sabia muito bem como mexer com o ego do seu homem de confiança.Colocou o braço sobre seus ombros e o levou até o bar e ofereceu um aperitivo. Em outra sala,o empregado Pedro,procurava ficar atento à conversa de Jorge Aranha e Julio.Por quê?
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Segredo Fatal
Mystery / ThrillerDe narrativa fácil e texto envolvente,este livro aborda alguns dos grandes problemas brasileiro e de um grande número de países:droga,sexo promíscuo e corrupção. Essa história se passa na cidade Santa Helena,fundada no século passado há...