CINCO - Tempestade

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Naquela noite Sarah chegou pontual ao condomínio, sua mente ainda lhe perturbava sem uma pausa sequer.

Quando seus pensamentos eram invadidos pela cena do beijo e do toque abrupto que aconteceu entre elas, ela tentava de todas as formas pensar em outra coisa. Mas eles estavam lá e ela sabia disso.

"Onde eu estava com a cabeça quando deixei que isso acontecesse?" - Continuava a se martirizar. Nunca tinha se imaginado naquela situação quando aceitou o emprego, pelo contrário, Gil estava certo em dizer que ela não deu chances a Juliette, porque antes mesmo de surgir essa oportunidade, ela já não gostava de Juliette Freire. Seu nome estampado em revistas de fofoca, os boatos, as histórias... tudo a fazia não gostar.

Mas quem diria que o destino lhe pregaria uma peça como essa? O dinheiro de que precisava para dar a tão sonhada guinada em sua carreira profissional estava bem ali na sua frente e tudo o que precisava fazer era prestar serviços a uma família, mas não a qualquer família, era aos Freire. Justo aos Freire.

...

Camilla já havia ido embora e não havia sinais de Juliette na parte de baixo do duplex.

- Margaret, onde está Juliette? Não me diga que ela saiu. - Sarah perguntou ainda segurando sua bolsa e as chaves do seu carro.

- Não, não. Ela subiu, deve estar no quarto.

- Ah, mas será que ela dormiu? Está cedo, né?

- Não sei, loirinha. Por que não sobe? Assim você vê.

- Acho que vou esperar um pouco por aqui. - Falou pensativa.

- Como quiser. - A mulher mais velha falou se retirando da sala.

Sarah não queria incomodar e ficou aguardando, até que seu celular começou a vibrar mostrando na tela um nome que fez seu coração palpitar acelerado de nervosismo: "Sr. Freire".

Em questão de segundos deduziu que estava certa, Juliette havia mesmo contado tudo e ali seria sua demissão.

Respirou fundo para enfim atender.

- Oi, Sr. Freire. Em que posso ajudar?

- Oi, Sarah. Na verdade eu quem quero te ajudar. - A loira estava inerte, ouvindo atenta.

- Sei que esse trabalho tem demandado muito do seu tempo, ficar indo e voltando o dia inteiro.

- Faz parte do que me propus a fazer, Sr. Freire. Não precisa se preocupar com nada.

- Sim, eu sei. Mas estive pensando junto com a mãe de Juliette e achamos de bom grado que você possa levar algumas mudas de roupas para o apartamento de Juliette, pode se acomodar em algum dos quartos sempre que for preciso. Aí tem bastante espaço e deve facilitar para você. - Respirou aliviada pelo que ouvia, se ele estava fazendo essa proposta, não sabia do que havia acontecido.

- Agradeço muito pela preocupação de vocês, mas creio que sua filha não aceitará tão facilmente essa ideia. - Deu um riso quase inaudível.

- Bem, deixe que com ela eu me viro, certo? Vai lhe ajudar, não vai?

- Provavelmente sim, Sr.

- Então faça. Tenho que desligar agora.

- Certo, mais uma vez obrigada.

- Ah Sarah, mais uma coisa. - E com isso mais uma vez o coração dela voltou a palpitar mais forte, um pesadelo toda essa aflição.

- Sim?

- Gostaria de agradecer por ainda não ter desistido. Juliette não é fácil e sabemos bem disso. - Outra vez a loira agradeceu em pensamento ao ouvir as palavras do homem.

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