Capítulo Único

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Notas iniciais: Eu ri de nervoso escrevendo essa história porque o limite de palavras do desafio era de 7k. Adivinhem? Isso mesmo! Deu mais de 7k huehehueuheueu 

Enfim, era pra ser só uma história fofinha para o Dia dos Namorados (atrasado), mas, como sempre, perdi o controle que nunca tive e minha total queda por hurt/comfort decidiu agir. 

Então, é isso que temos para hoje. 

Espero que gostem e boa leitura!

*

Como um aspirante a herói profissional, Todoroki Shouto podia se orgulhar em dizer que existiam poucas coisas no mundo capazes de assustá-lo.

Entretanto, no presente momento, olhando para a vitrine intimidadora e coberta por um número sem igual de corações vermelhos e cupidos flutuantes da loja de uma grande franquia, ele sentiu um arrepio irracional lhe subir pela coluna e atingir os pelos dos seus braços, deixando-os eriçados. Uma gota de suor escorreu pelo pescoço e ele deslocou o peso do corpo de um pé para o outro, o único gesto visível que evidenciava o seu desconforto, enquanto a mente compilava uma lista das opções que vinha considerando nas duas últimas semanas.

Internamente, Shouto amaldiçoou o Dia dos Namorados por ousar dar as caras tão cedo, quando ele ainda não estava preparado devidamente para a sua chegada, quando a pergunta " O que eu devo comprar?" continuava sem resposta.

Nada havia mudado desde a última vez que ele tinha consultado aquela lista e isso o deixava mais e mais frustrado a cada minuto que passava. Supostamente, os amigos comentavam que Shouto era bom em tomar decisões. Ele estava irritado consigo mesmo por descobrir que o fato não era uma verdade absoluta. Ao menos, quando não se tratavam de decisões em momentos de vida ou morte cruciais, como por exemplo: escolher um presente. Aquilo devia ser fácil, uma brincadeira de criança até, mas Todoroki continuava ali parado de modo nada suspeito e com o olhar fixo na vitrine sem decidir o que deveria comprar.

Havia muita pressão e expectativas envolvidas. Bem, verdade seja dita que boa parte das expectativas emanava dele. Midoriya Izuku não fazia ideia do conflito interno do namorado, muito menos do quanto essa questão em particular vinha tomando o seu sono nos últimos dias em especial. Não, ele se mantinha alheio às dúvidas que enchiam a cabeça de Shouto, tão duais quanto as cores de seus cabelos.

A questão era: o que deveria dar de presente para Midoriya?

Shouto precisava de um presente, é claro, além dos chocolates tradicionais e já esperados, mas ele não queria que fosse qualquer presente. Não, queria encontrar O presente. A coisa especial que faria os olhos de Midoriya se arregalarem e o rubor que tanto apreciava correr livre pelas bochechas sardentas. Shouto quase podia visualizar o brilho entusiasmado dos olhos e ouvir a voz empolgada divagando em um rio rápido e constante de considerações sobre a enormidade do seu gesto. Era isso que ele desejava e o motivo pelo qual seus pensamentos se reviravam sem rumo como um náufrago preso em um mar revolto.

No entanto, encontrar o símbolo perfeito estava se provando uma tarefa complicada. Distraidamente, Shouto se perguntava o porquê disso. Sua lista de exigências nem era tão longa assim: tudo o que estava pedindo é que o objeto de alguma forma refletisse a importância que a presença de Izuku ao seu lado tinha para si e a enormidade do sentimento que o tomava de súbito ao se dar por conta de que cada um daqueles sorrisos largo e verdadeiros eram direcionados a si, que ele tinha permissão para tocá-lo quando desejava. E suas mãos coçavam o tempo inteiro para que o fizesse, a mente enumerando pretextos ridículos e absurdos para isso: afastar um fio rebelde de sua testa, retirar um caroço de arroz de suas bochechas, cobrir a mão dele com a sua enquanto eles estudavam, fazendo tudo parecer um incidente ocasional, e acariciar as linhas de pele mais claras que formavam a cicatriz no dorso de sua mão direita. Izuku não era alguém frágil e, ainda assim, Shouto vivia constantemente com medo que um toque seu pudesse de algum modo quebrá-lo, como se ao fazê-lo, tivesse a capacidade de estilhaçar a ilusão bem executada que constituía o fato de eles estarem namorando a sério desde o início do semestre. Ninguém poderia culpá-lo por almejar encontrar o presente perfeito. Era tudo o que ele desejava, apenas isso. Nem mesmo era um pedido tão grande quanto a paz mundial. Então por que estava se mostrando uma tarefa tão difícil?

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