Um reencontro e corações acelerados

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"Um olhar para você
Minha vida inteira se alinha"

- Ruelle (I get to love you) 

"Os raios solares iluminavam levemente aquele dia nublado e frio, mais um dia comum no inverno de Busan. Apesar da baixa temperatura, o pequeno Jeongguk não se abalou e foi ao parque perto de sua residência. Gostava muito daquele lugar, já que foi lá que conheceu Taehyung e, a partir daquele dia, passou a encontrar-se com o garoto mais velho todo os dias.

Há algumas semanas, os dois garotos fizeram uma promessa juntos: eles seriam um do outro para sempre. Acreditavam precisamente que eram almas gêmeas e que estavam ligados pelo Akai Ito, uma linha vermelha, que ligava as pessoas pelo dedo mindinho assim que nasciam. Foi com essa promessa que acabou ganhando a delicada pulseira vermelha com uma pequena rosa no centro. Kim usava uma igual, era como uma demonstração física de que os dois estavam ligados.

Aquele dia, mesmo estando agradável ao pequeno Jeon, havia trazido algo estranho ao pequeno garoto de 7 anos. Era como um pressentimento ruim, que pesava em seu peito e lhe causava uma ligeira falta de ar.

Andando pelo parque, deixando sua mãe sentada em um dos bancos para trás, o pequeno garoto procurava pelo seu amigo. Foi ao lugar onde sempre se encontravam: a caixa de areia infantil cercada por belas cerejeiras. Ao chegar lá, não encontrou o Kim, então ficou sentado ao lado da caixa de areia e tentou distrair-se, arrancando algumas gramíneas que cresciam por alí.

Passaram-se poucos minutos, até que Jeon avistou seu amigo vindo de longe, mas havia algo errado. O jovem Kim estava com o rosto banhado por lágrimas, o que deixou o mais novo confuso, pois não via o amigo — que vivia sorrindo e rindo — chorando com frequência. Por isso correu rapidamente até o acastanhado. Precisava consolar o mais velho.

— Hyung... O que aconteceu? — perguntou o mais novo, enquanto abraçava o Kim, que fungou em resposta. Separaram-se e Jeon passou a puxá-lo pela mão em direção à caixa de areia. — Vem, vamos brincar para você esquecer o que te deixou triste.

— Eu não posso mais brincar com você... — Taehyung disse com a voz embargada. Dizer aquelas palavras e as próximas que estavam à vir lhe doía o peito. — Acho que nunca mais poderemos brincar juntos, Gguk.

Jeon pareceu assustar-se com as palavras ditas por seu melhor amigo, soltou suas mãos e se afastou um pouco. Seus olhos já estavam marejados, mas não desviou sua atenção do rosto avermelhado e levemente inchado.

Rapidamente, uma sensação de culpa cresceu no menor. Ele não deveria se sentir assim, mas saber que seu amigo, sua alma gêmea, não iria mais poder brincar consigo o abalou e passou a acreditar que isso só estaria acontecendo porque havia feito algo errado. Mas o que poderia ter feito para causar essa separação tão repentina?

— Eu fiz algo de errado, hyung? — perguntou baixinho, limpando uma única lágrima que desceu pela sua bochecha.

O garotinho de 9 anos assistiu aquela lágrima que desceu pela bochecha pálida do outro, se sentiu culpado por fazê-lo chorar. Ele só queria fazer com que seu amigo sorrisse novamente. Acariciou as madeixas escuras do Jeon e o abraçou como se fosse a última vez. Talvez, realmente, fosse o último abraço entre os dois.

— Você não fez nada de errado... — murmurou. — Eu vou ter que ir embora, irei morar com a vovó lá em Daegu.

Ouviram uma voz feminina chamar pelo pequeno Kim. Separam-se e olharam um para outro, se despediram silenciosamente com seus corações doloridos. Taehyung deixou um breve selar na testa de Jeon e se virou para ir até sua mãe, que o procurava para irem embora.

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