"i hate the beach, but i stay in California with my toes in the sand"

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  Felix odiava praia mais que tudo nessa vida. O sol escaldante, a areia indelicada e invasiva e a multidão barulhenta. De todas as cidades do mundo onde ele gostaria de morar, Malibu era a última em sua lista simplesmente por suas malditas praias e clima tropical infernal.

— Se fosse para me internar que nem um doente, não poderia ser na própria Manhattan?- Felix perguntou carrancudo. Já fazia 5 minutos que o avião pousou e sua família de três pessoas estava dentro de um dos carros alugados disponíveis, indo, temporariamente, para casa de seus parentes maternos. Felix também odiava todos eles.

— Mas você está doente, J. E sua psicóloga sugeriu distância de todas as influências negativas que estão te deixando pior. Malibu é uma cidade linda e calma, além de termos nossos parentes morando aqui.- Kendra, sua mãe, sorriu para ele no retrovisor. Felix bufou e tirou uma mecha do cabelo castanho do rosto.

   Felix era um garoto bonito, mas não atraente. Tinha um cabelo castanho avelã, quase puxado para o castanho avermelhado de sua mãe, que vivia bagunçado porque quase sempre esquecia de pentear. Olhos verdes folha atrás de óculos de armação redonda e simplória, fazendo o garoto parecer ter mais de QI do que ele realmente gostaria de ter. Sua pele branca era pálida como uma lagartixa, um dos motivos de ter sofrido tanto bullying e por odiar praias. Originalmente tinha um peso saudável e recomendado para um garoto de 17 anos com 1,80 de altura, mas, depois de ter sido comparado a um sapo albino por sua ex namorada, foi perdendo peso até assumir uma forma quase esquelética.

  Seus pais de primeira não entenderam o motivo da repentina depressão e o porque dele começar a perder tanto peso de uma hora para outra, até mesmo pensaram que talvez fosse um meio do garoto chamar atenção por ser o caçula e ter um irmão famoso. Mas depois que Jason, o irmão mais velho de Felix, achou-o caído e tendo uma overdose de remédios ao lado da pia do hotel onde Felix foi o visitar, eles finalmente perceberam que não era por drama ou atenção. Seu filho precisava de ajuda, e urgentemente.

— Vai ser bom para você, e isso é tudo o que importa.- Peter, seu pai, disse por ver a cara fechada do filho..

  "Humph, duvido muito."- Felix pensou enquanto se ajeitava no banco do carro para finalmente poder dormir e esquecer onde seus pais foram lhe enfiar.

[...]

   Depois de ter passado na casa de seus avós para colocar a bagagem de seus pais, Kendra e Peter não perderam tempo e foram direto para o centro de reabilitação. Felix achou aquela atitude como uma forma de seus pais tentarem despacha-lo com mais rapidez, mas a sensação de alívio foi inevitável por ter achado uma desculpa para fugir de seus parentes grudentos e inxeridos.

  A fachada da Georgie Quentin House parecia realmente uma casa de vó de 3 andares. Continha um jardim gigantesco recheado com flores das diversas espécies e cores, dando leveza e um cheiro doce e agradável ao local. As paredes externas eram pintadas de azul celeste e branco, e por dentro um verde claro que dava um ar de limpeza e seriedade. Felix nunca iria admitir, mas pelo menos gostou da decoração da clínica.

— Olá, bom dia. No que posso ajudar?- a recepcionista morena sorriu a aproximação da família.

— Bom dia, viemos deixar nosso filho aqui. Ele foi cadastrado tem 2 semanas já.- Kendra explicou cordialmente. A recepcionista apertou uns três botões no teclado.

— Qual é o nome dele?- Felix se afastou só para não ser obrigado a ouvir o primeiro nome. A recepcionista fez careta. Kendra riu.

— Ele não gosta muito do primeiro nome dele. Mas é só procurar aí, o nome é: John Felix Eaton.- a recepcionista digitou o nome rindo.

— Aaah tá, mas John é um nome tão bonito!

— Não é, menina? Vivo dizendo isso para ele, mas ele não me escuta!- Kendra iniciou uma conversa animada com a recepcionista.

  Felix aproveitou para olhar a janela principal, que dava para um campo de girassóis, onde uma garota com uma idade aparente a sua andava ds braços dados com uma senhora de quase 80 anos. Seria assim sua vida daqui em diante? Sendo escoltado como alguém que acabou de sair de uma cirurgia até sei lá quando?

   A cada segundo naquele lugar fazia Felix se sentir mais mal-humorado e carrancudo, não melhorando nem mesmo quando ele foi apresentado até o quarto onde ele ficaria.

— Filho, você vai...

  Felix não deu tempo da mãe terminar a frase, e bateu a porta na cara dos pais. Se jogando na cama de molas logo em seguida. Ele não estava nem um pouco afim de ouvi-los recitar aquele típico discurso de motivação e de "nós te amamos, e fazemos isso para seu próprio bem". Até porque, ele não acreditava nem um pingo nisso. Da mesma forma que não tem como transformar uma lata em uma barra de ouro, não tem como fazer seus pais mudarem da noite pro dia.

  Mas por ele tudo bem, já havia aprendido há muito tempo a se virar sozinho.

  E com esse tipo de pensamento, ele dormiu.

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⏰ Última atualização: Jul 16, 2021 ⏰

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