Capítulo 01

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Pov.Julia

Eu estava terminando de colocar que havia trazido pra maternidade no porta malas do meu carro. Cansada, desgastada e totalmente esgotada são as sensações que certamente me definem nesse exato momento.

Oh, um momento. Vocês não devem estar entendendo nada não é mesmo? Perdoem me, vou me apresentar da forma que é devida.

Sou Julia Santiez, pode me chamar de Julia ou do que preferirem, tenho 25 anos e a minha situação atual é saindo da maternidade após dar a luz a uma linda menina, mas não pensem que é mil maravilhas, afinal eu estou sozinha  mas não tenho tempo pra pensar nisso e me lamentar, não agora com uma criatura sem culpa alguma dependendo de mim.

Após colocar uma das últimas bolsas com o enxoval da minha pequena, olhei pela pequena fresta entre o banco de trás e da frente e admirei o pequeno pacotinho enrolado em muitos cobertores dormindo calmamente no banco do passageiro longe da chuva que caia aqui fora.

Bati levemente a porta do porta-malas afim de não acorda-lá - o que por sorte deu certo.
Desabotoei alguns botões dá capa de chuva que me protegia das gotas gélidas que caiam do céu escuro iluminado apenas por uma lua cheia.

Em um movimento rápido e eficaz me livrei da capa molhada, sacudindo-a brevemente para que não encharcasse totalmente o chão do meu carro, abri a porta e adentrei o veículo rapidamente, colocando em seguida a capa debaixo do meu assento.

Conectei a chave e dei partida querendo chegar em casa o mais rápido possível para me aquecer do frio que Londres está, puxei uma longa respiração e coloquei o cinto de segurança em volta de minha cintura ouvindo o click do pequeno aparelho.

- Ok. Vamos pra casa filha - mesmo que eu tivesse plena consciência de que não ouviria uma resposta concreta, gosto de conversar com ela pra não me sentir tão só.

Cerca de alguns minutos dirigindo com cautela por causa da intensidade da precipitação um pequeno congestionamento entrou no meu campo de visão. Verifiquei brevemente meus documentos de motorista e minha identidade, estava tudo ok. Exceto por uma coisa...

Uma batida leve ecoou no meu vidro esquerdo e devido ao meu vidro embaçado, não tive uma visão perfeita porém sabia que era um policial pela farda que ele vestia.

Abaixei metade do vidro pelo botão automático e encontrei o seu par de olhos azuis escuros e postura exemplar.

- Documento por favor senhorita - ele estendeu a mão e eu sem demora entreguei minha carteira de motorista e identificação.

Ele vasculhou frente e verso de ambos documentos e depois se cortou para ficar na minha autora e ter uma proximidade maior.

- Tudo certo, pode ir e obrigada pela....

Peguei meus pertences de suas mãos não dando muita bola para o que ele tinha a dizer, só que por algum motivo, quando sua fala parou sem motivo voltei a encara-lo, e notei que seus olhos estavam na minha pequena dormindo calmamente ao meu lado.

Oh não, acho que tenho um probleminha.

- Senhorita vou ter que multa-la por estar levando um bebê no banco do passageiro, por gentileza encoste o veículo na lateral da rodovia para não aumentar o transtorno dos outros cidadãos - aquele ser charmoso teve a ousadia de dizer.

- Não.

- Perdão? - sua feição indicava que ele duvidava da resposta que eu havia dito poucos segundos atrás.

- Não, foi isso que eu disse. Ou você também tem problema de audição além da falta de bom senso em estar discutindo, debaixo de uma chuva, com uma mulher que acabou de colocar uma criança no mundo que por obséquio está ao seu lado dormindo e a mãe totalmente cansada e esgotada, o senhor provavelmente não deve ter filhos ou sequer ter convivido com uma criança.

𝑷𝒂𝒓𝒂𝒅𝒂 𝑵𝒐 𝑨𝒎𝒐𝒓 Onde histórias criam vida. Descubra agora