Capítulo 02

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Pov.Scott

A bebê havia dormido e agora a mulher a minha frente comia calmamente.

– está muito bom, obrigada por isso, não era sua obrigação. – ela dizia depois de terminar de comer e tomar um pouco de suco.

– você quer mais? Parece ter gostado – sugeri quando me levantei para buscar a sobremesa.

– eu não sei se é bom, preciso maneirar o que comer, já estou sobre peso suficiente – ela deu um sorriso nervoso e olhou um pouco para baixo.

Que merda é essa?

Tipo a pessoa pode não gostar do peso e querer emagrecer, mas ela acabou de ter um neném precisa se alimentar bem, tanto por ela, quanto para a amamentação.

Peguei a travessa e coloquei mais um pouco pra ela junto com uma quantidade de salada.

– Coma sem culpa, você é linda – sorri de forma contida pra ela me levantando para colocar a louça na máquina de levar.

– Obrigada – ouvi ela dizer e, murmurei um "não por isso" enquanto organizava a cozinha.

Peguei o mousse na geladeira e caminhei até parte do meio da sala onde a mesa estava.

Coloquei o doce e uma garrafa de água com gás gelada caso ela quisesse, nesse período de pós-parto é importante ela se hidratar.

– eu fiz esse doce, vi que você tinha muitos morangos na geladeira e... – eu coloquei uma colher do doce com chocolate no seu pratinho e servi um pouco de água se ela quisesse quebrar o doce do sabor.

Mas um soluço chamou minha atenção, quando ergui o olhar para Julia seu rosto estava banhado em lágrimas e sua mão estava sobre a boca provavelmente abafando outros soluços.

Dei a volta na mesa e me ajoelhei na sua frente.

– você está com dor? Está sentindo algo? – disse preocupado.

– não...eu só... Porquê está fazendo isso? Não podia ser rude? Ou apenas me julgar por não ter um pai pra minha bebê? Como todos fizeram? – ela continuava a falar enquanto passava as mãos nervosamente sobre o rosto, afastando as lágrimas.

– minha mãe me dizia que eu não era como todo mundo quando mais novo, ao que parece, permaneci assim até adulto – segurei suas mãos que tremiam de forma nervosa, dando um sorriso de lado pra ela.

– é muito difícil...eu me sinto cansada, não tenho ninguém pra ajudar, estou com medo dos próximos dias e até meses, seu eu deixar ela cair por estar cansada? Ou se não tiver leite suficiente? Se eu errar na introdução alimentar? Eu estou com medo, muito. Não sei se consigo fazer isso. – ela começou a chorar mais intensivamente, eu olhei para a bebê que ainda dormia no conforto do sofá e, a abracei enquanto seu choro molhava minha camiseta.

– vai ficar tudo bem, comentar erros faz parte da natureza humana, a maternidade concerteza não deve ser fácil mas aquela coisa fofa que está dormindo no sofá te ama independentemente do que os outros digam – acariciei seu cabelo.

– e agora eu desabafei com o policial, que não conheço e que, provavelmente pensa em me delatar como uma péssima mãe para o conselho tutelar – ela saiu do meu abraço e abaixou a cabeça suspirando.

Que tipo de monstro ela pensa que sou?

– mães ruins não ligam se são ruins, Julia, isso é o que te torna diferente delas, você está com medo de errar, e de não ser o melhor pra sua filha, elas não pensam assim, por isso você não é como elas. Mães ruins não tentam e muitas vezes não se culpam – expliquei.

𝑷𝒂𝒓𝒂𝒅𝒂 𝑵𝒐 𝑨𝒎𝒐𝒓 Onde histórias criam vida. Descubra agora