Quando Megumi abriu os olhos a primeira vez, Itadori estava amarrado nas mãos e nos pés, papéis com feitiços colados no corpo e um sorriso gentil no rosto. Seus olhares se encontraram uma última vez antes dele piscar escutar o som metálico de uma lámina e corpo morto batendo abafado contra o concreto.
Ao piscar novamente, ele via seu professor Gojo Satoru afastado da multidão, chorando em agonia. Como se presenciasse o assassinato de um ente querido.
Em seu rosto, sentiu as lágrimas descendo pelas bochechas antes de fechar e abrir novamente os olhos.
Era o teto de seu quarto no dormitório do Colégio Técnico de Feitiçaria em Tóquio. Ainda estava escuro, a luz da lua na invadindo suas cortinas era fraca mas o bastante para deixá-lo enxergar suas mãos e tatear procurando seu celular.
Ainda era madrugada, logo amanheceria. Quis tentar voltar a dormir mas seu peito estava apertado, presenciar a cena de Yuji sendo sacrificado novamente, mesmo que em um pesadelo, e a dor no semblante de Satoru afetaram seu coração.
"Eu não me arrependo de ter te salvado."
Ele sorria enquanto estava sendo levado para a morte.
Todos naquele colégio corriam risco de morrer a qualquer momento mesmo sendo apenas jovens de no mínimo 15 anos. No entanto, Itadori era o único com esse destino programado antecipadamente.
Ele iria morrer para salvar todos do Sukuna, desta vez por definitivo e mais uma vez na sua frente.
Fushiguro se levantou da cama e colocou chinelos antes de sair, silenciosamente, do quarto para se sentar na frente do dojo em que treinava junto de seu professor.
Pretendia amenizar o aperto no peito com meditação e talvez parar de sofrer por antecedência.
Ele encostou o corpo sonolento em uma das madeiras que sustentava o telhado do dojo, olhando para a frente. Um jardim plano tradicional de flora vívida; com uma pequena ponte de madeira; caminhos e figuras mitológicas de pedra; além de um lago transparente com peixes nadando.
Não era de seu feitio se apegar tão rápido a estranhos, mas o modo como Yuuji agia com sinceridade deixava tudo diferente. Sempre foi gentil e animado com as pessoas ao redor, ficar perto dele e não se sentir acolhido era impossível.
Pelo menos era isso que Megumi achava. Ele gostava de Yuuji.
Seu sorriso conseguia deixar tudo mais fácil, mas quando teve seu coração perfurado por Sukuna e agora em seu pesadelo, um pesar tomou seu peito.
Não o veria mais da mesma forma.
Megumi estava entorpecido pelos seus próprios pensamentos quando uma voz conhecida surgiu atrás dele.
- Fushiguro, o que faz aqui fora?
Ele não se mexeu ao replicar em um tom monótono.
- Por que me seguiu, Itadori?
Escutou um resmungo antes de se sentar ao seu lado.
- Eu não segui você. Estava indo no banheiro quando escutei seus passos no quarto ao lado.
Havia se esforçado para não fazer barulho, mas Itadori era quase um animal selvagem e passar despercebido perto dele era muito difícil. Megumi suspirou e quis se levantar para voltar ao quarto quando o outro segurou seu pulso.
- Espera! Fique. Não queria te atrapalhar, eu já vou sair. - Ele sorriu, fechando os olhos e juntando as sobrancelhas.
O coração de Megumi pesou e ele abaixou a cabeça, quando o braço de Itadori o soltou, ele pegou de volta.
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Antes que tudo acabe - Fushidori/Itafushi
FanficFushiguro acorda de madrugada, Itadori percebe que há algo de errado e tentar ser uma boa companhia.