Entre Espadas

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— Muito bem, Kirishima, veremos o rendimento do melhor duelista do reinado de meu irmão. — O rei sentou-se, acomodado em sua liteira aberta.

Eijirou deu um passo à frente, fez uma mesura e se postou para aguardar o duelo. A bainha da espada enganchada na cintura, a postura impecável.

— Filho, por favor — ordenou o rei ao seu lado direito. Ao receber a atenção de Katsuki, acrescentou: — Não me humilhe na frente dos meus servos.

— Não o farei, pai. — Katsuki mordeu a bochecha, fez uma mesura ao rei e se posicionou frente à Kirishima.

O salão para treinos de esgrima era um dos menos iluminados dos terrenos do palácio. Raios solares se esgueiravam entre frestas das janelas e da madeira, iluminando a poeira. Mal podia ser chamado de salão, ainda. A pedido de Katsuki seu pai iniciou reformas para o tornar um digno salão de esgrima. Contanto que ele fosse no mínimo ótimo no duelo com seu treinador em uma semana.

Hoje, o prazo se encerrou.

Katsuki cumprimentou seu adversário ao chegar à pista improvisada, e, como manda a etiqueta, Eijirou retribuiu. Vestiram as máscaras e o rei ordenou:

— Comecem.

Eijirou atacou, os pés patinando rápidos sobre o chão. Katsuki desviou da espada abrindo os braços e devolveu o ataque, sua espada foi barrada com um giro do punho de Eijirou.

Katsuki sorriu debaixo da máscara. Receou que Eijirou facilitasse a luta na presença de seu pai, mas com aquela postura, ele não faria isso. A prática de esgrima era estilo espada — só precisava de um toque no corpo de Eijirou para ganhar. Este seria um duelo justo.

Os pés levantavam poeira e logo as calças brancas estavam manchadas de marrom. Katsuki investia rápido, Eijirou desviava hábil.

Em meio segundo Katsuki viu uma abertura e enterrou sua espada ali, o corpo se projetou à frente. Eijirou desviou e o ameaçou de volta. Mas tão rápido quanto investiu, Katsuki recuou.

Lutas de esgrima eram rápidas, não podia perder mais nenhum segundo perante o rei. Eijirou investiu o ataque. Katsuki aproveitou a poeira e projetou o braço no ponto cego do adversário.

Tocou!

Um toque quase milimétrico na costela. Ainda assim, um toque.

Katsuki tirou a máscara e buscou aprovação no olhar do rei, recuperando o fôlego. Seu sorriso reivindicando vitória — seu salão de esgrima.

Uma palma soou do rei e as restantes dos cinco servos da escolta.

— Bem, a reforma dessa espelunca terminará até o final desta lua. Mas devo dizer que esperava uma luta mais rápida, na próxima, não me faça perder tanto tempo, filho.

Katsuki abaixou o tronco em uma mesura e, com os dentes cerrados, respondeu:

— Sim, meu pai. Agradeço. — Katsuki não levantou o tronco, não o faria antes de sua presença real deixar o recinto.

— Ótimo. Servos, me levem ao palácio, estou atrasado para o meu banquete. Ah! E fechem estas portas, servos. O príncipe tem muito o que treinar se quiser competir em duelos oficiais.

Era assim que o rei chamava sua escolta. Servos. Não soldados. Soldados apenas os sobreviventes da guerra. Se sua escolta quisesse o renomado título — soldados do rei — eles que vencessem batalhas em nome de Masaru Segundo. Eles que saqueassem impérios vizinhos e trouxessem ouro e sangue. E se seu príncipe quisesse não ter a mesma cordialidade de um cavalo chucro, ele que trouxesse graça e vitória ao nome Masaru Segundo em torneios perante os três reinos. Katsuki, sob o fervor do sangue chicoteando as veias, se lembrou: serei um rei diferente, cumprirei minha promessa, mãe, pela senhora, cumprirei minha promessa.

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