Estava cansada de ouvir meu pai dizer novamente quanto se orgulhava de Dominic durante o jantar da noite passada, principalmente por repetir sobre como ele desde pequeno sempre teve habilidades incríveis com a esgrima, e como era excelente no hipismo, e mais orgulhoso ainda de seu tão amado primogênito estar prestes a se casar com a princesa de um dos reinos vizinhos.
Enquanto isso, eu ainda estava sendo jogada de lado, por ser a quinta na ordem de sucessão ao trono, e ainda mais por nascer mulher, como nenhum dos reinos vizinhos possui um príncipe ele me trata como inútil por não servir nem mesmo para nos unir a outras cortes reais, mesmo sendo bem óbvio que poderia ser tão boa ou até melhor que qualquer um dos meus irmãos na arte de manusear uma espada, poderia citar aqui vários motivos que provam isso, mas vou poupar seus ouvidos.
Até por isso decidi logo ir de manhã ao trono confrontar meu pai.
- Alexander! - gritei a plenos pulmões, pois sabia que conseguiria irritá-lo chamar ele pelo nome - já completei meus 15 anos, e você, ou vossa realeza como preferir ser chamado me prometeu que permitiria que eu fosse ao santuário para o ritual de retirada da espada, e como rei suas promessas devem ser cumpridas.
Ele novamente veio com diversas desculpas repetindo a história de que a espada não me aceitaria, pois, somente o futuro rei poderia retirar a espada, mas eu já estava com a resposta perfeita na ponta da língua
- Se somente o rei pode retirar a espada então por que você não conseguiu tirar ela da pedra?
Pensando agora talvez eu tenha pegado um pouco pesado com ele nesta hora.
Até por isso ele com raiva me obrigou a ficar nos meus aposentos até o dia do casamento de Dominic.
Mas eu já estava farta de ser menosprezada, eu sei que ele me trata assim, pois sabe que eu sou digna e eu irei provar para ele isso.
Então durante a noite, já sabendo os horários das trocas de turno dos guardas e como um deles sempre parava para tentar paquerar a faxineira, sai de fininho pela porta com todo cuidado para impedir que seu barulho revele meus planos, fui nos armários e peguei um casaco de um dos meus criados, pois mesmo meu casaco de frio sendo lindo, acho que o azul-turquesa iria se destacar muito nas paredes brancas do castelo enquanto eu tentasse passar despercebida, já se fosse só mais um criado andando por aí seria bem mais fácil.
E sinceramente, não sei se foi mérito meu de conseguir passar despercebida por todos até chegar ao santuário ou se foi demérito dos guardas por deixar eu passar por todos os corredores até o santuário.
Poderia estranhar o fato de eles estarem abertos, mas talvez seja um descuido pela descrença de existir um ladrão digno de reinar, porém, lá estava eu, infelizmente não pude estar com o vestido que minha mãe havia deixado para eu usar no dia do ritual da espada como era de seu desejo, mas ainda estava usando sua aliança em minha mão direita, meus passos ecoavam enquanto eu caminhava por aquele salão vazio, poderia ouvir as vozes dos nobres surpresos quando me vissem com a espada em minha mão, meu pai principalmente, iria ter que se curvar diante a mim, agora que fosse a rainha e tomaria o lugar dele como regente de Avalon.
Admito pensar na possibilidade de estar ultrapassando os limites, mas depois do primeiro passo ser dado, eu preciso ir até o final.
Naquele momento, estava somente eu e a espada, aquela que concretizou a linhagem real, aquela que meu ancestral usou para moldar nosso reino, a lendária Excalibur estava na minha frente.
Pus minhas mãos tremendo em seu cabo, pude sentir ali a importância dela, até ouvir tocarem os sinos da torre de vigilância.
O susto foi o suficiente para tirar toda a minha concentração, então eu fui logo tentar sair do santuário antes que alguém conseguisse ver, porém, havia muitos guardas andando pelo castelo e seria muito difícil eu voltar ao meu quarto despercebida, então eu decidi ir para a porta dos fundos que é por onde os servos costumam entrar ao castelo, pois lá teria menos movimento, aí então que eu olhei para minha mão e percebi, que segurava a Excalibur, porém um dos guardas me avistou ao longe antes que eu pudesse computar tudo que acontecia, enquanto ele vinha em minha direção eu pus a espada na frente a fim de me proteger e um clarão enorme veio de sua lâmina, até agora ainda não entendi como não me ceguei com o brilho, porém o guarda não teve a mesma sorte então usei dessa vantagem para fugir
Já ao passar por aqueles corredores labirínticos finalmente cheguei ao lado de fora do castelo onde me encontrei com um dos meus criados que chegava de viagem com alguns suprimentos ao reino.
- Deixa eu entender, você fugiu durante a noite, roubou a Excalibur, enquanto usava o meu casaco e ainda foi vista com ele?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Herdeira da espada
FantasiaAmbiciosa, Genevieve nascida como quinta na ordem de sucessão ao trono, deveria ter uma vida confortável, porém isso não saciaria sua sede de liderança. Mesmo que para alcançar seus objetivos tivesse de profanar o santuário da lendária Excalibur e e...