CAPÍTULO 2

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Boa noite amores. Mais um capítulo de Carmesim para vocês.

Comentem se estiverem gostando e não esqueçam da estrelinha. <3

"Eu não sei o que devo fazerAssombrado pelo seu fantasmaMe leve de volta para a noite em que nos conhecemosQuando a noite estava cheia de terroresE seus olhos cheios de lágrimasQuando você ainda não tinha me tocadoMe leve de volta para a noite em ...

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"Eu não sei o que devo fazer
Assombrado pelo seu fantasma
Me leve de volta para a noite em que nos conhecemos
Quando a noite estava cheia de terrores
E seus olhos cheios de lágrimas
Quando você ainda não tinha me tocado
Me leve de volta para a noite em que nos conhecemos"
The Night We Met - Lord Huron

"Eu não sei o que devo fazerAssombrado pelo seu fantasmaMe leve de volta para a noite em que nos conhecemosQuando a noite estava cheia de terroresE seus olhos cheios de lágrimasQuando você ainda não tinha me tocadoMe leve de volta para a noite em ...

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— EDDIE! ONDE VOCÊ ESTÁ? — ouvi a senhora Donald gritar. 

— Vá… vá agora. — Dominick falou. 

— O que… porque?— perguntei confusa. 

— Eu mandei você ir. Saía daqui! — ele estava irritado e isso me assustou muito, então sai correndo. 

Me escondendo atrás de uma árvore vi quando a Sra Donald os encontrou. Eu podia ouvir os seus gritos, ela segurava Dominick pelos braços o sacudindo e o chamando de pequeno marginal. Eu não gostava da Sra Donald. Não gostava do modo como ela falava e das palavras que ela usava com ele.

Dominick não tinha reação alguma. Logo uma pequena multidão se formou ao redor deles, os empregados da propriedade ajudaram a socorrer  Eddie, enquanto a senhora Donald arrastava Dominick para dentro da casa. 

Segurando uma mão contra o peito para controlar minha respiração, passei os dedos sobre minha bochecha limpando as lágrimas.

Mantendo a distância os segui pelo corredor. Estávamos a caminho do quarto do castigo. O tão temido quarto do terror. Então naquele momento eu temi pelo pobre Dominick. Ele mal havia chegado e já iria sofrer o pior pesadelo de todas as crianças daquele lar. 

Tique taque, tique taque, tique taque... O barulho do relógio era a única coisa que eu conseguia ouvir. Minhas pernas estavam inquietas na cama, as horas pareciam não passar e quando finalmente o aposento mergulhou no silêncio total, com todas as luzes apagadas, eu peguei o que precisava debaixo da cama junto da minha pequena boneca.

Minhas pernas tremiam com o medo que eu estava sentindo, mas nada me impediria de fazer o que tinha que ser feito. Eu não dormiria em paz enquanto ele estivesse sofrendo aquele pesadelo. 

Atravessei o quarto e abri a porta. Olhei através do corredor. Estava vazio. Corri sobre o tapete, apertando a mandíbula quando cada passo parecia fazer mais barulho do que o normal. Fui até a escada. Subi cada degrau o mais rápido possível, até chegar no andar do quarto do castigo. Corri para o canto do corredor e me abaixei junto à parede, me mantendo fora de vista, tentei focar minha visão em meio a escuridão, vi que a porta do quarto estava fechada e como eu imaginava, naquele horário não havia ninguém alí. 

Tentando fazer o mínimo de barulho possível destravei as fechaduras e a abri com força e logo a fechei atrás de mim. Me escorando contra ela consegui respirar aliviada-mente, mas então, também senti o cheiro da umidade, o fedor daquele lugar imundo.

— Meu Deus! — ofeguei, em meio a escuridão. 

— Quem está aí? — A voz sonolenta de Dominick vinha dos fundos do quarto. Olhei para onde ele estava e tentei recuperar o fôlego para respondê-lo. 

— Sou eu, Darlla! — Minha voz saiu em um sussurro. Dei dois passos a frente e então consegui enxergá-lo, ele estava sentado sobre um colchonete, parecia tranquilo. 

Como ele poderia estar tão tranquilo? Só de entrar ali eu já estava apavorada e com vontade de chorar

— O que você está fazendo aqui? Alguém pegou você? 

— Não. Eu vim sozinha e trouxe alguns restos do jantar que consegui esconder. — falei entregando a ele a comida enrolada num tecido. — Não é muito, mas acho que vai ajudar. 

—  Você não precisava se incomodar por minha causa. — ele falou, mas mesmo assim comeu o que eu havia conseguido. 

— Eu precisava sim. Eu também vim aqui te agradecer por ter me ajudado. Por minha culpa você está neste lugar terrível.

— Terrível? — ele riu — Já estive em lugares bem piores do que esse. Além do que, você não teve culpa alguma, eu bati naquele verme porque me deu vontade. 

— Certo! — engolindo em seco me sentei ao seu lado e abracei minha boneca. Dominick me encarava  enquanto comia e eu olhei ao redor do quarto escuro. Colocando minha boneca no meu colo, puxei minhas pernas contra o peito e as abracei. — Esse lugar me dá muito medo, ele é mau. — sussurrei e voltei a olhar para ele. Ele continuava a me encarar e então exalou profundamente.

— Eu não acredito que lugares possam ser maus, pessoas são más, lugares não, esse é apenas um quarto sujo. 

—  Como você sabe? Você já conheceu pessoas más, Dominick? 

— Já, muitas. E acho que você também. 

— É, eu acho que sim. As crianças daqui são muito más, a Sra Donald e o filho dela também. — sussurrei para ele e tremi só em pensar. — Bom, eu preciso voltar para meu quarto, se me pegarem fora da cama eu estarei encrencada. — falei com tristeza ao me levantar. — Espero que amanhã você já esteja livre do castigo e possamos nos ver no café da manhã. 

— Não acho que aquela velha vá me liberar tão cedo, pelo que fiz com o filho dela. Mas por mim tudo bem ficar aqui, ao menos tenho minha privacidade. 

Privacidade. Ele falava muitas palavras difíceis, parecia ser muito inteligente. 

— Não fique tão feliz, por mais que você não tenha medo desse quarto, a comida que servem aqui é muito ruim. Acho que nem os porcos comeriam. — falei  e fiz uma careta. 

Dominick que estava se levantando congelou diante das minhas palavras, então seu lábio começou a se curvar nos cantos, e acho que o vi sorrir. De qualquer forma, foi um tipo de sorriso. No entanto, não achei que Dominick sorrisse muito. Ele parecia triste. Parecia muito com o Eddie, ambos eram sérios. Mas com Dominick, era algo diferente e sombrio e eu iria descobrir o porquê. 

— Bom, é melhor do que ficar com fome, não é? — perguntou e eu concordei. 

— Se você não sair amanhã, roubarei mais comida e trarei durante a noite. — Garanti quando cheguei até a porta.

— Darlla, é muito arriscado, deixe que eu me viro. — De maneira alguma eu o deixaria com fome, se ele não saísse eu daria um jeito de trazer comida. 

—  Tudo bem. — concordei e ele pareceu um pouco confuso com o quão rápido eu desisti da ideia. — Até amanhã então. — sorri. Antes que eu fechasse a porta Dominick ainda parecia confuso, mas finalmente encolheu os ombros concordando. 

Hoje eu sei que o mundo divide-se em pessoas boas e pessoas más. As pessoas boas têm um sono tranquilo. As pessoas más, divertem-se muito mais. Eu passei muitas noites em claro, muitas noites chorando e alguns dos meus dias eram muito divertidos. Mas a maioria eu passei junto a você dominick! Talvez fomos forjados na maldade e destinados ao desastre. Eu só queria poder voltar no tempo, para o dia em que nos conhecemos e então eu poderia dizer a mim mesma para não me envolver com você, pois talvez eu ainda o tivesse junto a mim e não apenas sendo assombrada por seu fantasma.





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