1. wrong place

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Maeve's POV.

Estava com as duas mãos enfiadas nos bolsos do moletom preto, usando uma touca e meus tênis brancos. Estava frio. O vento batia contra o meu rosto, balançando meus cabelos escuros e me fazendo tremer de frio e me arrepender amargamente por ter saído tão tarde da lanchonete. A voz da minha mãe começou a ecoar na minha cabeça.

Você tem que andar sempre com agasalhos, Maeve. — mamãe falou enquanto me entregava um casaco pesado. — E não volte tarde para casa a , é perigoso e frio.

Naquele dia eu estava indo me encontrar com alguns amigos na nossa lanchonete favorita, como já é de praxe.

Infelizmente eu sou como a maioria dos adolescentes, não ouve os conselhos da mãe e acaba se ferrando depois. Não estou nem com agasalhos o suficiente, muito menos voltando para casa mais cedo. Se o arrependimento matasse eu já estaria morta e enterrada, a sete palmos debaixo da terra. Mamãe, eu prometo que a partir de agora vou te ouvir sempre. Falei comigo mesma, mesmo sabendo que amanhã ou depois irei cometer o mesmo erro e me arrepender, e de novo e de novo, como um ciclo vicioso.

Para mim uma das piores sensações do mundo é o arrependimento. Odeio sentí-lo. É como um incômodo. Uma voz que fica zombando de você só por não ter feito algo que deveria. É péssimo. Por isso, às vezes, prefiro fazer as coisas ao invés de ficar sem fazer e chorar de arrependimento depois. A vida é muito curta para arrependimentos.

As ruas estavam tão silenciosas que eu conseguia ouvir minha respiração e o barulho dos insetos da noite, o balançar suave das árvores e algumas folhas que se arrastavam pela calçada asfaltada. Estava tudo escuro, sendo iluminado apenas por luzes brancas dos postes públicos. Ainda não devem ser nem duas da manhã, onde estão meus vizinhos festeiros quando se precisa deles? Se eles estivessem aqui eu estaria um pouco mais confiante para andar por aqui, mesmo que eles sejam um bando de bêbados escrotos que mexem com as mulheres.

Enquanto eu andava em passos lentos, ouvi uma voz sussurrada que vinha de um beco. Eu não queria ter escutado aquilo, isso nunca dá certo. Era um sussurro, mas ouvi que era uma mulher, uma mulher que estava ameaçando alguém de morte. Isso fez meu coração acelerar e um mau tipo de borboletas começar a voar em meu estômago. Eu deveria andar, mas fiquei paralisada. Minhas pernas não me obedeciam.

— Peguem esse lixo e o levem para a van. — ouvi a voz da mesma mulher, dessa vez mais audível e terrivelmente perto.

Em um piscar de olhos senti o olhar dela em meu rosto. Ela tem uma expressão fechada e dura, os olhos estavam semicerrados e o maxilar trincado. Eu a encarei com medo e assustada. Então virei para frente e forcei meu corpo para frente, começando a andar rápido.

— Vocês ai, — ouvi a voz da mulher atrás de mim. — vão atrás dela.

E quando eu ouvi isso entrei em completo desespero. Não sabia quantas pessoas estavam atrás de mim, mas conseguia ouvir os pés deles baterem no chão enquanto corriam atrás de mim. Eu corria o mais rápido possível, o máximo que minhas pernas conseguiam. Meu coração socava minha caixa torácica com uma força descomunal. O sangue corria pelas minhas veias com uma velocidade assustadora. Minha testa estava quente, assim como o meu corpo. A adrenalina percorria minhas veias. Eu tinha que correr pela minha vida.

Eu estava quase chegando em casa, os caras continuavam atrás de mim, eles também correm assustadoramente rápido. Mas então eu pisei em um galho grande na calçada e acabei tropeçando e caindo no chão. Minhas lágrimas já começaram a descer livremente pela minha bochecha, eu fiquei com mais medo ainda. Os homens se aproximaram de mim e um deles me pegou pelo braço.

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