Capítulo 09

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Antes Lua pensou em fazer uma ligação normal, mas queria ver o rosto do irmão que a tempos não via. Eximindo assim a saudade.

Fala cara pálida! — Saudou com um sorriso aberto no rosto quadrado, coberto por pelugem.

— Cara pálida, é você… — devolveu a ofensa do irmão com empolgação. — Está com tempo agora? — Pergunto enquanto sorria.

Para você, sempre tenho tempo. — disse.

Cobrindo a câmera frontal, correu para a sala.

Qual foi? — Soou curioso. Lua rui, pois achava engraçado o fato do irmão ter saído da cidade natal a tempo, mas ainda usar as gírias como se nunca tivesse saído.

— TACHARAM! — Exclamou esticando o braço livre dando visão do ambiente. Sorriu ainda mais com a reação do homem ao se aproximar do aparelho na esperança de enxergar melhor. — Vou te apresentar a casa.

E assim seguiu, a jovem discorria sobre pontos de cada cômodo que achava relevante, e o mais velho ouvia pacientemente, dando opiniões sempre que lhe convinha, mesmo que não fizesse diferença alguma, afinal já estava tudo pronto.

Ficou barril, Lua, mais bonito do que seu planejamento. — falou em provocação.

Já repulsando na cama, ao acabar de mostrar o quarto, lembrou de quando ele foi morar em outro estado e o fiz mostrar todos os cômodos, descrever tudo que via ou sentia, no entanto, hoje ele pode fazer o mesmo com ela.

 O fato de não ter Antoni presente, a deixava entristecida, mas Lua mesmo jovem tinha noção de que todos temos caminhos que devem ser trilhados individualmente. E estava feliz pelo irmão estar seguindo seu.

— Eu disse para confiar em mim, não ficou tão ruim quanto você pensava. — Antoni revirou os olhos âmbar brilhantes. Afinal, onde ele estava mesmo? A irmã pensou quando não reconheceu o lugar.

Eu não falei isso… — Sorriu de canto. — Só pensei. — O mais velho gargalhou após ver a reação da menina, já que a mesma fingiu surpresa.

— Você é ridículo! — falou sorrindo. — Onde você está? — Deitou na cama com preguiça de ficar segurando o celular.

Na cantina da empresa, tomando um cafezinho, esperando dar meu horário de ir embora. — cantarolou enquanto deixava aparente o copinho de plástico e um sorriso sem vergonha na cara.

— Falando em trabalho… Quando, enfim, vai tirar férias e visitar sua família que morre de saudade? — Soou manhosa.

Depois que o irmão foi morar no lugar distante, os familiares sentiram que, para ele, Salvador nem existe mais no mapa. O que deixou muito ressentimentos.

Vou ver se consigo esse mês, mas… eu vou ver se consigo, dona Lua. Não é nada certo. — Não convencido, ele advertiu quando notou a irmã cheia de euforia.

— LUA! — Com os cenhos franzidos estranhou a mãe estar na sua casa em um horário avançado, eram quase dezessete. Estranhou. Geralmente Virgínia frequentava pela manhã.

— TO INDO! — Lua falou mais alto para a jovem senhora saber que estava em casa, sem a procurar por todos os cantos.

— Quer falar com minha mãe? — vi meu irmão negar freneticamente, me fazendo rir.

Não, depois falo com ela. Já deu até meu horário. — Olhou para o pulso verificando o relógio.

— Tá bom, ligue mesmo, você sabe que ela fica triste que passa muito tempo se falar com você. — falei tentando apaziguar a situação.

É, eu sei, temos uma mãe carente. — Levou a mão na barba em sinal de nervosismo. Decidiu não arrastar o assunto, afinal, o pivô dela estava do outro lado da porta e, impaciente como era, não demoraria a questionar o motivo da demora.

— Tudo bem, tenho que ir. — falou, se levantando para conferir veracidade às palavras.

De boa. Beijos para todos e diz a ela que depois ligo. — falou, se movimentando do outro lado.

— Vou dizer, beijos. — Sem mais demora, encerrou a chamada, respirou fundo e começou a averiguar o que a mãe queria nessa hora.

Sentindo o celular vibrar, constatou ser do que a pouco falava.

Sei que vocês ficam preocupadas comigo, mas estou bem. Não gosto de estar longe, porém é necessário. Amo todos vocês! Saudades, Lua.”

Ao terminar de ler a mensagem do irmão, Lua abriu a porta do quarto para ver o que Virgínia aprontava, pois estava bastante silenciosa.

Seus olhos se depararam com a mesa abarrotada de sacolas plásticas, enquanto a matriarca, sentada no chão da cozinha, estava organizando produtos de limpeza embaixo da pia, porém no momento mirava o celular com a boca exibindo um lindo sorriso ao ser humano do outro lado da tela.

— Por que desta cara? — disse ao sentar na ponta da mesa, pois toda ela estava coberta por sacos de mercado.

— Toni vem passar as férias aqui. — Com lentidão, ela digitou uma resposta que, pela experiência de Lua com a mesma, deve ter sido uma frase curta. — Aí, que bom que meu bebê vem me visitar — empolgada, voltou a guardar os produtos.

— Hum, e ele disse quando exatamente? — Perguntou. A senhora negou com um balancear de cabeça. — Que milagre a senhora aqui a essa hora… — Soou despretensiosa.

— É, que não tinha algumas coisas, então decidi — “Sem a minha permissão”, pensou a garota. — … ir fazer umas comprinhas. Você sabia que tem uma feira aqui perto? — A mulher já tinha terminado de guardar materiais de limpeza, os mantimentos na parte superior do armário e todo o tipo que a validade entendesse fora da geladeira.

Mas o eletrodoméstico não ficou de fora, dona Virgínia se dirigiu ao refrigerador para colocar o que lhe era devido. Olhando para a filha, sentindo frio que escapava da porta aberta, esperou que entregasse os frios para dar início a sua missão.

— Sim, eu sabia. — Respondeu à pergunta. — Para que tanto extrato de tomate? — Questionou ao ver cinco saquinhos de molho tradicional. — Comprei cocada cremosa para a senhora, está aí no potinho.

Hugo sorriu ao ouvir a mulher. Mesmo negando, não tem coragem de afastar a mãe da sua vida.

Olhando para o celular, estava relutante em ouvir a mensagem que o pai deixara mais cedo. Eles tinham um acordo não dito de deixar a mensagem para depois ser ouvida e respondida.

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