Sangue Dourado

Términus Aurean

A chuva caía grossa e sem piedade sobre a cabeça daquelas pessoas, embora , elas parecessem não se importar. Uma pequena multidão que, em meio a lama, insistia em comemorar uma vitórias que não era delas, arriscando um resfriado ou algo pior , além de correr o risco de manchar para sempre as roupas que usavam, como se pudessem se dar a esse luxo. Quanta bobagem... Era só o que Alex conseguia pensar a respeito deles, enquanto os observava da varanda íngreme da pensão, ao lado de Xavier que ria e batia palmas no ritimo dos bobos la de baixo, indignada, Alex se limitou a cruzar os braços e e revirar os olhos.
- Não seja uma estraga prazeres, estão todos felizes. - Ela não queria dar o braço a torcer, mas também não queria ser desagradável com ele, afinal de contas, eram raros os dias de visita; olhou o velho rosto de Xavier com o canto do olho, continuava vermelho de felicidade.
- Eu não entendo, por que toda essa festa se apenas uma pessoa vai passar pelo portão dourado?
Xavier parou de bater palmas e desfez o sorriso. - Que pergunta mais boba, Alex. Você sabe o quanto é caro conseguir sair daqui. Ela vai ser uma tutora, com toda certza a famila vem guardando o dinheiro por muito tempo. Ela vai poder morar em Áurea do Sul, vai poder casar lá, vai ter permissão de visitar a família, ajuda los. Vai começar um novo futuro, cheio de liberdades, bem diferente do que ela teria aqui. Xavier era um dos poucos no Terminus com propriedade para falar sobre o assunto, ele também era um cidadão lilás, livre para ir e vir.

O Terminus era um pedaço de terra tão grande quanto alguns países pequenos dos outros tempos, antes da terceira guerra de décadas atrás, ali, por um tempo foi formada uma grande rebelião contra Áurea, o primeiro regime do mundo a se estabelecer depois de quase tudo ser destruído, graças às incontáveis minas de ouro que foram descobertas em meio aos escombros da guerra.
Muitos líderes tentaram recuperar alguma democracia mas não aconteceu, duas famílias se mantiveram no poder por um tempo e ambas não abririam mão do mesmo, com tanto poder militar a disposição e sem energia para enfrentar uma nova guerra que poderia durar dias ou anos, um dos líderes simplesmente se estabeleceu no Sul com parte do enorme exército que era fiel a ele, dividindo assim o país literalmente ao meio, deixando os rebeldes do terminus entre o sul e o norte, esses por sua vez acabaram perdendo boa parte do ânimo e da força de vontade, os dois lados os consideravam traidores e por isso não tinham permissão para entrar em nenhum país, só muito depois algumas entidades religiosas acabaram por convencer as autoridado de ambos os lados que fosse instalado naquele fim de mundo uma patrulha das leis comuns como a de não matar sem permissão dos dois líderes entre outras para que de alguma forma aquela terra fosse útil caso precisassem se livrar de pessoas indesejadas ou simplesmente para ter algum controle sobre aquelas milhares de pessoas. A escória de dois países.
Um lugar cheio de estrangeiros que chegavam ali através do porto interncional sonhando em conseguir entrar em qualquer um dos lados e viver o sonho dourado de dois dos pouquíssimos lugares do mundo que melhor conseguiram se desenvolver. Nem sempre fora fácil, mesmo com muita riqueza, a pausa científica e tecnológica quase prejudicou faltamnete o sul enquanto que a tecnologia do Norte quase não foi o suficiente para a agronomia e vários setores ambientais se estabilizarem. Mesmo precisando da ajuda um do outro, ela nunca aconteceu, na verdade sempre houve uma espera de rendição pelas partes interessadas.
A reunificação também nunca aconteceu, ao contrário, os dois lados se consolidaram em uma espécie de regime monárquico constitucional que só não era absolutista por meros detalhes.
As pessoas não podiam transitar entre o Sul e o Norte mas, ao Términus todos os anos era dada a chance das pessoas entrarem nos países, quem estivesse mais ao norte deveria entrar no norte e assim sucessivamente. A seleção acontece através de um dos cursos oferecidos no instinto educacional do terminus. Uma bolsa era integral, a segunda apenas meio integral e a partir da terceira as pessoas deveriam pagar um preço que levava quase a vida toda só para juntar. A maioria nunca conseguia...