Capitulo II

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O coração está marcado ...

Olhei para ela por alguns segundos e senti o suor em minhas mãos. Meu estômago estava revirando e eu não sabia como esconder as reações do meu corpo. O que estava acontecendo? Não sou tímido e muito menos fico tenso perto de garotas bonitas mas sua beleza me parecia surreal, de alguma forma não tradicional.

Seus lábios estavam rosados e as sardas eram pequenas, quase imperceptíveis em seu rosto pálido. Havia algo que realmente chamava atenção: seus olhos. A cor deles, era uma mistura de marrom com carmesim, um tom totalmente único, belo mas frio, profundo como o oceano.

- Seu café estará pronto em poucos minutos - eu havia falado em português, um erro grave, estava tão fora de si que nem mesmo consegui me concentrar - Me desculpe - falo em inglês novamente - Seu café estará pronto em poucos minutos, aguarde por favor.

- Tudo bem - responde em português - Eu entendo brasileiro. - seu rosto não demonstrava simpatia.

Ela era brasileira? Estudante? Quem era aquela mulher? Eu não podia demonstrar meu interesse e curiosidade, então simplesmente sorri e não consegui dizer mais nenhuma palavra. Estava sem jeito e preocupado que ela percebesse. Então pedi licença e fui até a cozinha conferir se o Philipe já havia feito o seu pedido.

Geralmente os cafés é feito por quem está na bancada, nas maquinas enormes que ficam ali mas esse café tinha um segredo e então era feito longe do olhar das pessoas. A verdade é que ele era feito de maneira tradicional, com coador de pano e água fervida na hora, não havia nada de excepcional, era só um café orgânico feito por uma fazenda pequena na área rural de Oxford.

Conferi se o pedido estava pronto e só faltava colocar na embalagem nova. Ela estava olhando a vitrine, vendo nossos doces. Suas roupas realçavam a cor dos seus fios alaranjados, ela trajava um enorme sobretudo preto até os joelhos, um vestido mersala e meias calças com enormes botas de camurça salto médio.

Eu a observava sem parecer admirado, olhava a maneira como ela era paciente e parecia ter todo o tempo do mundo. Peguei o café, coloquei na bandeja e levei até ela, que sentou-se perto da janela.

- Com licença - Me aproximei tentando evitar olhar em seus olhos - Seu café, senhorita.

- Obrigada. - sua voz era gélida.

- Algo a mais? - ainda não a encarava.

- Um Jam Roly-Poly por favor.

- Já irei trazer, senhorita.

O bolo redondo com geleia, muito parecido com nosso rocambole, mas muito menos gostoso, é uma das sobremesas mais vendidas por aqui. Embora achasse que seu paladar seria critico, seu pedido me surpreendeu ao escolher um doce popular. O que eu estava esperando? Ela é só uma garota.

Busquei seu Jam Roly Poly e a entreguei. Ela não usou o celular em nenhum momento e degustou seu café com muita tranquilidade.

A Aghata já havia voltado e então eu poderia finalmente tirar meus 15 minutos de intervalo, mas eu não queria sair, queria vê-la indo embora.

- Ícaro, me perdoe - a voz de Aghata é trêmula - Eu não estou me sentindo muito bem hoje e demorei muito no banheiro.

- Isso não importa - estou preocupado - Você está bem? Quer que eu ligue para a Emily?

- Não - respondeu rapidamente - É só um mal estar.

- Você tem certeza?

- Sim, obrigada por se preocupar - sorriu enquanto colocava seu avental novamente.

Me encontre outra vezOnde histórias criam vida. Descubra agora