O coração está marcado ...
Olhei para ela por alguns segundos e senti o suor em minhas mãos. Meu estômago estava revirando e eu não sabia como esconder as reações do meu corpo. O que estava acontecendo? Não sou tímido e muito menos fico tenso perto de garotas bonitas mas sua beleza me parecia surreal, de alguma forma não tradicional.
Seus lábios estavam rosados e as sardas eram pequenas, quase imperceptíveis em seu rosto pálido. Havia algo que realmente chamava atenção: seus olhos. A cor deles, era uma mistura de marrom com carmesim, um tom totalmente único, belo mas frio, profundo como o oceano.
- Seu café estará pronto em poucos minutos - eu havia falado em português, um erro grave, estava tão fora de si que nem mesmo consegui me concentrar - Me desculpe - falo em inglês novamente - Seu café estará pronto em poucos minutos, aguarde por favor.
- Tudo bem - responde em português - Eu entendo brasileiro. - seu rosto não demonstrava simpatia.
Ela era brasileira? Estudante? Quem era aquela mulher? Eu não podia demonstrar meu interesse e curiosidade, então simplesmente sorri e não consegui dizer mais nenhuma palavra. Estava sem jeito e preocupado que ela percebesse. Então pedi licença e fui até a cozinha conferir se o Philipe já havia feito o seu pedido.
Geralmente os cafés é feito por quem está na bancada, nas maquinas enormes que ficam ali mas esse café tinha um segredo e então era feito longe do olhar das pessoas. A verdade é que ele era feito de maneira tradicional, com coador de pano e água fervida na hora, não havia nada de excepcional, era só um café orgânico feito por uma fazenda pequena na área rural de Oxford.
Conferi se o pedido estava pronto e só faltava colocar na embalagem nova. Ela estava olhando a vitrine, vendo nossos doces. Suas roupas realçavam a cor dos seus fios alaranjados, ela trajava um enorme sobretudo preto até os joelhos, um vestido mersala e meias calças com enormes botas de camurça salto médio.
Eu a observava sem parecer admirado, olhava a maneira como ela era paciente e parecia ter todo o tempo do mundo. Peguei o café, coloquei na bandeja e levei até ela, que sentou-se perto da janela.
- Com licença - Me aproximei tentando evitar olhar em seus olhos - Seu café, senhorita.
- Obrigada. - sua voz era gélida.
- Algo a mais? - ainda não a encarava.
- Um Jam Roly-Poly por favor.
- Já irei trazer, senhorita.
O bolo redondo com geleia, muito parecido com nosso rocambole, mas muito menos gostoso, é uma das sobremesas mais vendidas por aqui. Embora achasse que seu paladar seria critico, seu pedido me surpreendeu ao escolher um doce popular. O que eu estava esperando? Ela é só uma garota.
Busquei seu Jam Roly Poly e a entreguei. Ela não usou o celular em nenhum momento e degustou seu café com muita tranquilidade.
A Aghata já havia voltado e então eu poderia finalmente tirar meus 15 minutos de intervalo, mas eu não queria sair, queria vê-la indo embora.
- Ícaro, me perdoe - a voz de Aghata é trêmula - Eu não estou me sentindo muito bem hoje e demorei muito no banheiro.
- Isso não importa - estou preocupado - Você está bem? Quer que eu ligue para a Emily?
- Não - respondeu rapidamente - É só um mal estar.
- Você tem certeza?
- Sim, obrigada por se preocupar - sorriu enquanto colocava seu avental novamente.
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Me encontre outra vez
FantasyÍcaro é um paulistano que após se destacar em uma seletiva em sua faculdade, ganha uma bolsa de estudos em Oxford, na Inglaterra. Em sua nova universidade, ele conhece a bela e misteriosa Aurora, que esconde um grande segredo. Ele se atrai rapidamen...