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Acordei com um barulho de metal batendo contra metal da cela e levantei com o ódio no olhar.

— Bom Dia — James falou arrastando as palavras, segurando uma xícara térmica, donde ele batia nas barras de metal e fazia aquele som infernal ecoar pelo ambiente.

- Arrrg! — reclamei e tampei a meus ouvidos - Você é um ser do demônio!

— Vamos lá, é meu último dia nesse inferno, seja legal uma vez na sua vida - ele falou irônico.

Levantei e fiquei sentada na cama, cheguei até a grade e ele deu um passo para trás, gosto quando os eles fazem isso, é a fraqueza deles, o medo. Sinto o cheiro de longe.

- Parabéns! Vai sair do inferno mas vai ficar sozinho! Você não tem amigos, sua família inteira morreu! - o olhar dele era de puro ódio, eu sorri - Você já tem 63 anos James, não tem mulher, nem filhos, admita ninguém te quer. Você é só um fantasma ninguém vai lembrar de você quando morrer, você é tão invisível quanto eu...

Ele ficou com raiva e tentou socar pra dentro da grade, mas eu cheguei pra trás.
-Tá com raiva? — - provoquei e encostei casualmente na parede do outro lado - Você tem a chave, entre aqui e tente a sorte - ele trancou o maxilar acirrando seus olhos para mim — Ou tem medo? — provoquei Ele tirou a chave do bolso mas uma mão agarrou o pulso antes que fizesse qualquer movimento.

-Quer que ela fuja de novo? - disse a voz grossa.

-Diretooorrr— cantarolei —Quanto tempo...

-Já pode ir, o garoto novo já chegou. - o diretor dispensou-o com um aceno de mão.

- Adeus James, até nunca mais - eu despedi com um aceno de mão exagerado, super feliz.

- Espero que esse garoto dure - disse o diretor passando a mão pelos cabelos.

— Não vai ser uma surpresa se não durar não é diretor. Depois dos meus últimos 9. -me vangloriei

- Em primeiro lugar, você fez 5 deles enlouquecerem, 2 desistiram e os outros 2 se aposentaram. Como você faz isso?

- Eu sou impossível. E vocês continuam tentando, que amor.- eu falei - E como está sua filha?

- Numa cadeira de rodas, onde você á colocou. - ele disse olhando para o corredor.

- Ah é, aquele tiro foi certeiro! — brinquei

Era na verdade triste, há muito tempo, uns 4 anos, teve um farsante que estava se fingindo de policial para tirar uma amiga minha daqui, o diretor estava com a filha dele, Laura , de 16 anos, no refeitório. Então os tiros começaram, lutamos contra os policiais, eu iria atirar no policial mas eu acabei acertando na coluna vertebral de Laura por um infeliz acidente.

- E como a laura ficou? -perguntei irônica, eu era a criatura fria aqui, não podia demonstrar que foi um acidente, ou que me sentia triste por isso, ou o respeito se esvaia, era assim que funcionava.

- O sonho dela era ser bailarina, e você estragou isso. — ele disse, sua raiva era eminente. — Você não tem coração? Sentimentos?

- Ops — falei fingindo culpa. - Acho que perdi algo assim a muito tempo

— Enfim aí está ele— o diretor pegou no ombro do garoto — Esse é seu novo policial.

Ele era jovem, na verdade jovem demais, inexperiente, vai ser fácil acabar com ele.

- Karol esse é Ruggero, seu novo guarda pessoal.

-Hum - olhei com desdém - Não vai durar uma semana - sussurrei perto do Diretor.

- É o que vamos ver. - ele responde de volta me desafiando

- Você quer fazer uma aposta com o demônio? — tentei apostar, sendo completamente ignorada

- É um prazer — Lucas disse sorrindo completamente alheio da minha conversa aos sussurros com o diretor.

- Awww ele é educado - fingi fofura - Aposto um pão de queijo tamanho família que ele não dura 2 dias. — sussurrei de novo pro diretor.

- Apostado - ele sussurrou de volta - Vou deixar vocês a sós — E foi embora.

— Então — pendurei meus braços na grade da minha cela - Novato, quantos anos tem?

- 25 - ele respondeu

- Nossa, muito novo. Como te deixaram entrar aqui?! Parece um bebê num brinquedo de terror.

— Bom Treinamento e uma paciência enorme. - ele sorriu

- Isso porque não me conhece - falei o desafiando Vamos ver

- Você não é má de verdade- ele falou e meu sorriso desapareceu — Você apenas tem uma história triste. Pessoas não são más de verdade. É um quesito psicológico.

- Você não sabe nada sobre mim-ameacei O barulho estridente vindo do refeitório soou alto nos meus ouvidos e fez um eco enorme na minha cela

— Ah! - tampei os ouvidos, alarme de almoço.

- Hora do lanchinho - ele falou sorrindo e balançou as algemas na minha frente.

- Se falar lanchinho de novo eu mato você — eu disse e ele riu, pegando as chaves da minha cela no seu bolso

O policial e a prisioneira Onde histórias criam vida. Descubra agora