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Eu nunca dormi tão bem quanto eu durmo na minha cama. Nem acostumada com aquela cama horrível da prisão, não tinha nada melhor que dormir confortável na própria cama Eu acordei rejuvenescida! Era uma sensação que eu estava com saudades.

Quando desci já estavam todos na mesa

- Bom dia mãe! - Foi quando percebi outra pessoa na mesa,que não era Ruggero

- AGUSTÍN!! — eu exclamei com felicidade

-Bom dia mana.

- Sente-se filha - minha mãe me disse batendo na cadeira para que eu sentasse

- Onde está Ruggero? -perguntei notando que ele não estava na mesa Minha mãe se mexeu desconfortavelmente na cadeira

- Está lá fora, tomando o café da manhã dele - comentou ignorante

- Mãe! Lá fora está nevando!. - reclamei - ele vai pegar uma hipotermia!

Ela bebericou seu café como se não ligasse, que poderia estar havendo o fim do mundo lá fora, ele não tomaria as refeições juntos de nós.

Minha mãe podia ser bem má quando quisesse, principalmente, policiais Agus olhava discretamente para nós, eu estava com uma cara de indignação e ele escondia um sorriso por trás da xícara.

- Acho que vou patinar - eu disse e sai da mesa antes de terminar o café

- kar... — mamãe começou, mas eu já tinha saído.

Peguei meus patins e corri pela escada como um trovão, só parei quando cheguei a varanda. Olhei para a frente, como o jardim colorido e cheio de vida de mamãe, estava branco e apaziguado. Alguém fingiu uma tosse atras de mim, me tirando do meu transe

- Aonde vai ? - Ruggero perguntou

- Vou patinar- falei sorrindo animada ele riu com a minha animação

- Sabe que não pode ir sozinha, né? - ele comentou

- Sei - tirei da bolsa mais dois pares de patins e os balancei na frente dele

- Ah não - ele falou negando com a cabeça

- Ahh sim!

- Espera, eu vou também - Agustín disse saindo pela porta

- Vamos - falei

- Millady - Agus ofereceu seu braço para mim e eu os segurei

- Vamos Ruggero - Eu acho que era minha primeira animação em meses. Inverno sempre foi minha estação favorita. Os rios congelados, as árvores peladas e a mistura de branco e marrom.

A fumacinha que sai quando expiro o ar, os floquinhos de neve. O lago que tinha, antes cheios de peixes, agora congelado e cheio de crianças sobre suas águas, com suas roupas e patins coloridos.

Sentei em um dos bancos e coloquei meus patins, não levantei, apenas fiquei encarando o parque.

Quando criança, costumava ter aulas aqui, mamãe queria que eu fosse graciosa até em patinar, como em falar, andar, até dormir. É claro que as que eu não gostava eu parei de usar com o tempo. No começo também não gostava de patinar, até que conheci a professora que foi o exemplo da minha vida.

Tão preciosa quanto uma fada, bonita como uma princesa e carinhosa como um anjo, Erica , era seu nome. Eu nunca a esqueci, era impossível esquecê-la. Como nunca esqueci como patinar com graciosidade e truques.

Agustín me estendeu sua mão, me puxando para a pista. Nas aulas ele sempre foi o companheiro perfeito, afinal, nunca deixava os outros meninos chegarem perto demais de mim também.

- Você lembra de tudo? - Agus perguntou

- Óbvio - falei fazendo uma pirueta no ar

— Divina, como sempre. - ele comentou Enquanto patinava vi Lucas observando do banco, sozinho abandonado, como um adolescente em festa de criança.

Sinalizei cabeça pra ele vir e ele fez sinal negativo com a Fingi puxar uma corda para que ele viesse, ele riu do ato, e balançou a cabeça de novo Até que eu fui até ele

- Vamos, vai ficar aí? - chamei

- Vou

- Já ouviu falar de diversão no trabalho?- Ele me lançou um sorriso - Se você vir patinar, eu faço o que você pedir, por 1 semana

- Sério? - ele falou com a sobrancelha arqueada

- Sério! Eu prometo!

[...]

- Karol, eu vou cair nisso - Ruggero falou, ele segurava minha mão desesperado

- Vai nada, você pega o jeito com o tempo. - Fui puxando ele. Parecia uma criança, aprendendo a andar

- Vai até o outro lado ele me olhou assustado — Vai! Tá esperando o que?

Ele soltou a minha mão devagar, tentando o equilíbrio, andou, tendo espaço entre as crianças. Ele não conseguiu parar ou dar a volta, não, foi mais engraçado, ele perdeu o controle e foi parar de cara na neve eu fui até lá rindo dei um tapa na sua bunda

- Precisa de ajuda aí? — Falei e recebi um murmuro e ele mexeu as pernas. Puxei seus pés e o tirei

- Pronto eu tentei. Uma semana não foi? - confirmou

- Você só vai ganhar essa uma semana se conseguir andar. - Falei na frente dele

- Puf - ele fechou a cara e começou a murmurar coisas inaudíveis.

Acredite ou não, só saímos de lá quando todo mundo tinha ido embora, até Agustín foi, o parque estava deserto só havia nos ali ele rodava em volta de mim, ambos de nos ríamos.

- Pronto, consegui andar. Uma semana!.- cobrou

- Uma semana, como prometido.- falei

— Vamos patinar - ele ofereceu o braço e eu o segurei -  Então, qualquer coisa né?

- Sim

- Então...Sobre seu pai? E depois o porque de toda a sua família não gosta de mim? - Eu deveria saber, era provável que ele me perguntaria sobre isso

— É... Que — eu respirei fundo - Longa história...

- Tenho o mês inteiro pra saber - ele me guiou até um banco e nos sentamos ali, era perto da ponte para atravessar o lago, e atras uma igreja

— Foi aqui — eu falei — Antigamente, quando eu tinha 10 anos, havia alguém ou algo, ameaçando as famílias poderosas, e minha família era uma dessas. Tínhamos um policial de escolta, para nos levar para a escola, Cris era como eu e minha irmã os chamava ele virou amigo da família. Ele levava eu e Agus pra escola e depois levava minha irmã, de 4 anos Ana.

- Você tinha uma Irmã mais nova?

— Tinha, ela era inocente e boa, gostaria dela, ela era o sol na tempestade. Nunca havia pensado em coisas ruins na sua cabecinha. Nós nunca tivemos uma briga ou reclamação da escola. Até que começou uma época...

- O que?

- A escola começou a mandar recados, falando que Ana estava muito quieta, que não falava com as outras crianças, brigava. Então conversamos com ela, e ela disse que Cris estava fazendo algo que ele dizia ser o segredo deles. Depois de um tempo eu consegui a confiança suficiente pra ela me dizer.

— Ele estuprava ela? — Ruggero perguntou assustado

- Não. Ele a tocava, assediava, e os companheiros dele também. Então contei para o meu pai, e ele o denunciou, 12 anos de prisão. Estávamos bem, as ameaças sumiram, ele estava na prisão....até que, a família pagou sua fiança. Mamãe e papai tiveram medo de vingança. Esquivávamos de qualquer lugar que ele poderia nos pegar e nos fazer algo. Até que ele encontrou uma fenda e pegou Ana Ela só apareceu no jornal no dia seguinte - eu já começava a chorar - Ele a mutilou e a estuprou e ela não resistiu.

O policial e a prisioneira Onde histórias criam vida. Descubra agora