Alma ausente

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Sabe essa pessoa maravilhosa que está na imagem anexo? Não, ela não é a Anjelica Huston. É a Rita Lee e ela é a Sra. Talida nesta história.

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ROLO DE MASSA.

Um barulho muito forte inundava a cidade. Eram os trovoes que de tão severos balançavam as janelas de vidro de todas as casas da Rua Jeffrey Mulher. Uma dessas residências é a morada da família Atela, que, apesar da fachada não ser pintada, esbanjava modernidade nas paredes que a erguia.

Era noite e a energia de toda a cidade foi cortada. Uma correria dentro da casa denunciava que todos ali presente estavam prestes a fugir. A luz voltou então à televisão, todas as luzes da casa e da rua foram ligadas provocando um clarão que incomodou um pouco a visão. Um homem, de aparência militar, apareceu na tela interrompendo o desenho animado que Filipe, filho do Sr. Atela, começou a assistir.

- Queridos cidadãos de O’utfire, gostaríamos de salientar que todos os adolescentes e jovens de idade entre 15-29 anos devem comparecer até o batalhão mais próximo para alistarem-se. Lembrando, a ingressão é obrigatória e aqueles que se negarem a proteger a nação serão detidos e acusados de crime contra a pátria.

Depois desse pronunciamento a luz foi cortada novamente e tudo voltou para a escuridão. Um barulho de carro estava se aproximando, então o Sr. Atela foi até a janela para observar. Ele viu a rua vazia, nem uma casa revelava ter vida existente em seu interior, um carro se aproximou e se dirigiu a garagem da casa. Era um amigo da família, Dheoré, acompanhada da sua mulher, Constantina, e dos filhos, Marco e Afro.

        - Você assistiu o pronunciamento do mais novo e querido presidente dessa droga de país? - esbravejou Dheoré batendo a porta do carro, Constantina e as crianças entraram na casa enquanto o Sr. Atela ficou na porta observando se eles não foram seguidos.

        - Você está louco Dheoré? Como você pode vir até aqui? A pouco passou um caminhão tanque seguido de guardas, levaram os filhos dos George e foram embora. - falou o Sr. Atela deixando Dheoré entrar, sentaram-se no sofá e ele continuou - o que você tem para se preocupar? Seus filhos ainda são jovens, não servem para eles - virou-se para Constantina e disse - desculpe-me. - ela assentiu com a cabeça e ele voltou-se para o amigo - Se nos pegam, vamos todos para a ALA 7.

        - Você que pensa… eles querem qualquer um, levaram, também, os filhos do meu vizinho e a idade deles era entre 7-14 anos. Preste atenção, temos que sair daqui, o Condado já está ficando quase todo fechado, a nossa única saída é se refugiar no país vizinho, Mondgol.

        As crianças brincavam e sorriam na sala, esqueceram-se do barulho ensurdecedor dos trovões enquanto dublavam vozes para os bonecos. As mães, Sra. Atela e Constantina, conversavam na cozinha tomando um pouco de café e, constantemente, movendo seus corpos bruscamente pelo susto, ainda não se acostumaram com os trovões.

        Um dos filhos do Sr. Atela apareceu na cozinha, deu um abraço na mãe e começou a chorar. As lágrimas molhavam os seus ombros porque ele era mais alto que ela. Gutenberg, o filho, olhou alguns segundos nos alhos da mãe e ela disse:

        - Não se preocupe meu filho. Nós não iremos morrer.

        - Mãe - o filho calou a boca da mãe com um dos dedos e continuou - eu sei que preciso ir. Vocês vão correr ainda mais perigo me carregando junto.

        - Não, meu filho. Você vai comigo, eu… não sei como ficaria sem você.

        Gutenberg abraçou a mãe cada vez mais forte deixando, por alguns segundos, ela sem ar. Sra. Atela sentiu todos os músculos do corpo em desenvolvimento do seu filho. Por alguns instantes, afogou-se naquele mar de amor e acreditou ter 17 anos, ainda no ginásio, apaixonando-se pelo cara mais bonito da escola.