Prólogo parte II

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Ten

Será que o Johnny já trocou minha flor de vaso? Não sei se foi uma boa ideia ter deixado uma coisa tão importante nas mãos dele. E se ele estragou alguma pétala? Argh, acho que deveria confiar mais nele.

Estamos juntos faz um bom tempo, este é o relacionamento mais longo que já tive. Mas ainda assim, tenho as minhas preocupações.
Enquanto crio paranoias na minha cabeça, percebo que o sobrinho de Yuta está me observando. Era só o que me faltava. Não vejo mais ninguém além de nós dois no enorme cômodo. Faz alguns minutos que encerramos a seção, Yuta foi se olhar no espelho e ainda não voltou. Preciso receber meu ouro para ir embora. O garotinho está se aproximando de mim inocentemente achando que eu sou legal. 

– Oi! – diz o garoto sorrindo como se estivesse vendo uma bacia de guloseimas encantadas cheia de corante e substâncias prejudiciais à saúde – meu nome é Chenle de Neve.

 – Eu sei, pirralho bonitinho – digo apertando suas bochechas fartas e rosadas, tentando agir da forma mais amigável que posso. Não gosto de ter que lidar com criancinhas, mas de vez em quando tenho que fazer o papel de titio bonzinho.

– Você é amigo do titio? – pergunta Chenle. Ele não se lembra, mas já nos vimos várias vezes. Não sei se é porque ele era mais novo ou sua memória é terrível.

– Sim, eu sou – respondo com um sorriso largo mais falso que as cópias descaradas de DVD que o Gancho do Morro da Caveira produz – cadê sua mãe? 

– Viajou com o papai – respondeu Chenle, como se fosse uma realidade normal para ele.  

 – E você não tá com a babá por que, meu anjo? – pergunto com intenção de me livrar do garoto o mais rápido possível. 

– Ela dormiu – respondeu o menor.

– Hein? Durante o horário de expediente? Eu demitiria essa folgada se eu fosse seu tio – digo automaticamente demonstrando a minha indignação. Nem eu que sou perfeito posso dormir em serviço.

– A gente tava brincando de escolinha – Chenle começa a falar enquanto mantenho minha expressão de desaprovação sobre a atitude da babá – eu peguei uma maçã pra ela e depois ela dormiu antes da brincadeira acabar. Eu quero brincar com alguém!

– Uma maçã, pirralho? – pergunto, com a certeza de que a pobre mulher tenha sido envenenada por uma das maçãs batizadas pelo Rei Mau.

– Foi – simplesmente o garoto responde me fazendo sentir uma pontada de medo dessa criança. 

– Mas que porra, moleque! Tu matou a babá?!

Vinte minutos depois o irresponsável do Yuta voltou com meu ouro. Nem eu que sou perfeito demais para este mundo encantado demoro tanto apreciando minha beleza no espelho. Esta nova geração está perdida. Chenle já está matando as pessoas envenenadas que nem o tio. A mãe dele e o pai nunca estão presentes para cuidar do pirralho, esses loucos ainda o deixam com o Nakamoto. Ele não é chamado de Rei Mau por acaso. Eu tinha falado para ele não deixar essas maçãs nojentas atoa pelo castelo, sabia que iria dar merda. 

Peguei meu ouro e fui embora daquele lugar. Enquanto passava pelo reino, vi alguns homens vendendo cavalos que me chamaram atenção me fazendo ir analisar mais de perto. Um dos cavalos era incrivelmente belo, sua pelagem tão branca e reluzente que me fez querer comprá-lo. Me aproximo na intenção de pechinchar antes de fazer a compra. Acabei de receber um pagamento, mas espero que não seja tão caro. 

– Moço bonito não paga, mas também não leva! Quer um cavalo bonito pra viajar com conforto, meu rapaz?! Te faço um preço camarada – diz um simples senhor camponês. Berrando todas essas palavras em meus ouvidos quando chego perto dos animais, como se estivesse do outro lado da rua.

Enrolados até o pescoço Onde histórias criam vida. Descubra agora