O temporal se maximizava e a chuva caia como um esplêndido espetáculo saudando dezembro com sua música e dança. O relógio batia à meia noite e permaneçamos sentados em volta de nossa mesa de madeira que comportava 4 pessoas, mesmo havendo cinco; havia taças cheias e taças vazias o wisque já dava adeus para o vinho, a vodka já havia sido quebrada pelo mesmo que já dormira em sua cadeira.
O que sobrara da festa não passava de álcool e desânimo. Até que ele encontra uma vitrola velha no canto do cômodo, todos olham em confusão até que ele volta e enche sua taça me chamando para dançar; era um clássico que eu poderia reconhecer ao longe pois tínhamos este gosto peculiar.
Trocamos cumplicidade pelo olhar e assim me levantei deixando-o me guiar com seu movimento de vem e vai, giros e giros e assim aos poucos éramos engolidos pela música que já não era mais música, era o ar que respiravamos, o chão que dançavamos, o álcool em nosso sangue. A sensualidade transbordava e já não era mais dança, mas sim um conflito sexual; assim me girava como uma bailarina e me puxava para si sabendo que eu já estava entregue. Os outros olhavam embasbacados jurando ser alucinação provocada pelo excesso de álcool, aquele que havia dormido agora sequer piscava, a sensualidade estava concreta como qualquer ser vivo, como qualquer coração que tivesse a façanha de amar, a chuva seguia o ritmo provocando raios para iluminar. E assim o grandioso trovão deu fim à música trazendo de volta a lucidez para o casal que não era casal mas que havia tanta química como um, amenizando os desejos que ali circulavam.
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Palavras E Sentimentos- Crônicas E Ideias De Uma Jovem Na Pandemia
PoetryApenas palavras carregadas de sentimentos de jovem para jovem