Capítulo 1 - "Você é a garota nova, não é?"

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     Lá estava ela, sentada em uma das últimas cabines do expresso. Uma garota bonita, com rosto angelical, sem muitas manchas ou marcas de acnes, cabelos negros que faziam leves ondas, nariz arrebitado e olhos escuros, tão escuros quanto o céu daquela noite. Vestia um vestido preto, colado em seu corpo pálido e magro, que deixava um decote não tão grande em seu busto, ficava fino em sua cintura e abraçava seus quadris, descia até um pouco menos da metade de suas coxas, que deixavam um espaço entre elas. Aparentava medir 1 metro e 68 centímetros, não se sabe ao certo, fazia tempo que não se media.

    Amber Fawley, uma garota Sangue-puro, rica e bonita, nascida italiana, mas mudará para o Brasil, país favorito de sua mãe, assim que completou seis meses de vida. Viveu na América Latina sua vida inteira, por tanto, se mudou para Wiltshire no verão de 1943, o motivo? Seu pai precisava ajudar seu avô com os negócios da família, que por mais estranho que pareça, não se concentravam em Veneza, então ele acreditou que seria mais fácil ir morar perto, para administrar melhor, já que logo, seu avô não estaria mais apto para a função.

    Am, como era chamada por sua mãe, Anastácia, é doce e gentil, sempre gostou de ler livros e é apaixonada por astronomia, inteligente, nunca precisou estudar muito para alcançar uma alta pontuação em uma prova, além de ser muito boa em resolver desafios. Tem uma personalidade forte, e sabe deixar uma boa primeira intenção, principalmente aos adultos. Amber não era uma garota de muitos amigos, era introvertida, e faz de tudo para não precisar da ajuda dos outros ao seu redor, um pouco orgulhosa no meu ponto de vista.

    Assim como todo mundo, Amber também tem seus defeitos. Caso você fosse conhecer ela, de primeira suporia que ela é "durona", segura de si, mas se pegasse intimidade com a garota, enxergaria com clareza a procura persistente da validação das pessoas que ama, principalmente quando se trata de homens.

    Sua mãe, pessoa que mais admirava, faleceu por uma maldição de sangue quando Am ainda tinha apenas 4 anos, deixou um vazio imenso em seu pequeno coração. Depois disso começou a se aproximar mais de seu pai, se tornaram inseparáveis, eram melhores amigos, já que cada um conseguia preencher, pelo menos, um pouco do espaço que havia sido deixado em branco no outro.

    Ela podia se lembrar exatamente como havia sido aquele dia. A mansão cheira à lavanda e mel, Amber estava na sala brincando com sua imensa casa de bonecas enquanto sua mãe estava na cozinha preparando um bolo de baunilha com bananas. A mulher nunca havia demonstrado sinais de fraqueza ou de que não estivesse bem. Assim que colocou o bolo no forno, a garotinha de cabelos negros ouviu um barulho alto, sua mãe havia caído no chão e estava desacordada. Foi até ela segurando uma boneca ruiva pelos cabelos e se ajoelhou do lado da mais velha. "Mamãe, acorde! Se quiser, pode ir dormir na sua cama enquanto o bolo está no forno" ela falava com inocência estampada em seu rosto, enquanto alisava os cabelos castanhos da mãe que já havia partido "Você está bem mamãe? Quer que eu chame o papai?" pergunta ainda acariciando os fios macios, não obteve resposta alguma. Subiu as escadas com um pouco de dificuldade e a abriu a grade porta do escritório de seu pai. "Papai, a mamãe está dormindo no chão da cozinha. Eu já a chamei, mas ela não responde!" falava calma, porém, sua expressão mudou quando viu o semblante desesperado de seu pai, que correu até a cozinha e não conteve as lágrimas ao ver o corpo de sua mulher no chão.

    Estava chovendo do lado de fora, acompanhava as gotas de água que caiam na janela e deslisavam até a base. Suspirou alto por conta do tédio. Levantou-se do banco acolchoado e pegou em sua bolsa uma caixa retangular azul-marinho, com um laço branco em sua tampa. Sentou novamente e abriu, cuidadosamente, a caixa, revelando algumas fotos.

    Eram fotografias antigas, de quando sua mãe ainda estava viva. Não conseguiu conter a lágrima que caiu de seu olho esquerdo, rolando pela sua face branca, ao ver uma foto sua e de sua mãe, na casa de seus avós. Na fotografia, Amber segurava uma flor azul e vestia uma blusa branca de mangas cumpridas e uma jardineira vermelha, sua mãe vestia uma blusa, também de magas cumpridas, porém pretas, e calças brancas.

Amor é o tom mais forte - Tom Marvolo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora