Capítulo único

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 -Jasmins? -pergunto a Cal

-Pode ser sim- ele parece nervoso -Ok. Calma Calore. Gisa com certeza faz o vestido. Tramy consegue as flores. Julian

-Quieto Cal! -corto ele -Você nem pediu pra casar com a Mare e já tá planejando a cerimônia. Relaxa aí. Talvez ela diga que não.

-Quieta Eve! -dou risada -Pelas minhas cores, se soubesse que ia ser esculachado pedia conselhos para outra pessoa.

-Não tem outra pessoa. Não de folga e com paciência pra te ouvir, ao menos.

Ele bufa, provavelmente porque estou certa, e volta a mexer no motor do carro. O país ainda não está ótimo, mas as coisas estão calmas o suficiente para Cal abrir sua oficina e ajudar na Academia. Mare está lá, arrastada pelo Warren, dando aula para novos eletricons. Sorrio ao lembrar do convite de treinar magnetrons crianças. Não acredito ter a paciência necessária para isso, mas acredito na minha capacidade com metal. E Elane também.

-Será que Mare gostaria de um buquê de lilases?

-Será que você não sabe falar de outro assunto?

-Como você disse, nem pedi a mão dela ainda. Posso começar por aí.

-Acho que devia começar pelo pai e pelos irmãos dela.

Minha gargalhada sai alta quando Cal deixa a ferramenta cair e fica pálido. Nunca vou entender como um príncipe treinado para a guerra e para a coroa consegue ter tanto medo de dois brutamontes e um senhor que perde para mim no baralho.

-Aliás -ele começa, juntando a ferramenta -quando você ficou tão íntima dos Barrow?

-Fazem uns três meses. Você e Mare estavam em algum lugar com o Trovão Vermelho, e eu estava aqui para comandar a segurança de Elan... do ministro Davidson durante a reunião com as diretrizes dos Estados de Norta para firmá-los. Era fim de tarde, e o turno da guarda mudou e resolvi caminhar para a cidade. Gisa e a namorada estavam carregadas de compras, e resolvi ajudar -ele ergue a sobrancelhas -O que? Só ajudei duas meninas que precisavam. Não sou um monstro. -Cal solta algo entre um riso e uma tosse -Tá, tá. quando chegamos na casa deles, a mini Barrow me convidou para tomar um chá, e aceitei. Meia hora depois estava jogando baralho com senhor Daniel enquanto dona Ruth fazia o jantar. Foi de surpresa.

-Realmente. Do nada você e Elane estavam no almoço de família opinando os bordados de Gisa.

Dou uma risada e deixo Cal voltar a trabalhar. Me pego pensando em como minha vida mudou desde... desde tudo.

Eu integrava a casa Samos. Todos tinham certeza de que eu seria a próxima rainha, inclusive eu. Mas na Prova Real, tecnicamente o dia mais importante da minha vida, uma vermelha baixinha quase estragou tudo. Fui noiva de Cal, depois de Maven. Libertei Mare e segui meu pai, fiz o que minha família mandou. Fui princesa e depois rainha de Rift, para então abdicar. Fiz minha cidadania de Montfort. Fui soldado e agora lidero meu destacamento. Isso aconteceu há quatro anos. Tudo que fiz foi pela Elane. Nunca me arrependerei disso, porque ela com certeza é meu bem mais precioso. Agora meu irmão e Wren estão casados. Cal e Mare logo estarão. Montfort está em transição de governo, de Dane para Leonide Radis. Talvez esteja na hora de dar um passo com Elane, sei que ela quer.

Estou meio sorrindo com essa ideia, nova e há pouco tempo, impraticável, quando Mare chega na oficina. Está cansada, julgando pela oscilação na eletricidade.

-Oi, Eve. Oi, Cal. Tchau Eve. Cal, vou dormir.

Gargalho alto com a cena. Ela passou tão rápido que Cal não teve tempo de levantar a cabeça do motor, e a cara perdida dele é muito fácil de zombar.

JasmimOnde histórias criam vida. Descubra agora