Casa de festa noturna

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"Surpreendente! Hoje presenciamos uma garota de 10 anos desvendar quem era o bandido por trás do crime ocorrido nesses últimos dias. Ela é a pessoa mais jovem a resolver um mistério que nem os policiais conseguiram." Sempre passava isso na televisão nos intervalos dos programas, e minha pergunta sempre é ao ouvir a mesma coisa: quem é ela? Será que é gentil? Ela é muito bonita!

- Roberto! - mamãe grita meu nome. - Saía da frente da televisão e vá dá um jeito naqueles abestados dos teus irmãos!
- Sim, sim mamãe!

Mesmo mamãe ter me mandado dar um jeito nos meus irmãos, não consigo tirar a garota de 10 anos da cabeça, mas deixando isso de lado vou me apresentar. Chamo-me Roberto da Silva Santos, tenho 8 anos e moro numa cidadezinha do interior de Ceará, e aqui moro com meus pais e meus irmãos. Não sou muito próximo do meu pai, porque né, ele nunca aparece em casa e quando aparece está bêbado ao ponto de dormir de pipi para fora no meio da sala. Mamãe sempre me disse pra esquecer a história de virar assistente de detetive, por conta das notícias sobre a menina "misteriosa", ela acha que seguir esse caminho pode me dar problemas e posso acabar como policiais, morto. Pretendo sair do Ceará quando estiver mais velho e procurar algum detetive que me aceite como seu assistente e, melhor ainda, se for a garota das notícias.
Se passaram alguns anos desde a notícia da garota "detetive" e já comecei a resolver casos na minha cidade. Mamãe só faltava explodir de raiva porque eu entrava todo minuto na cozinha pra perguntar se havia algum objeto perdido ou se ela soube de algum assassinato ou roubo pela cidade.

- Mamãe! Mamãe! Mamãe!
- O que foi agora Roberto? - mamãe parou de cortar o pimentão e olhou para minha cara. - Desembucha logo moleque, não tenho o dia todo não.
- A senhora soube de algum caso de assassinato ou roubo pela cidade? Ou, ou então algum objeto valioso seu sumiu? - falo com uma voz alegre que uso quando estou alegre o bastante.
- Sei de nada não menino, vai brincar mais teus irmãos vai, e me deixe quieta porque quero terminar de fazer a comida.

Off Roberto criança

- Senhor, senhor, calma!
- O que você quer guri? Já te avisei, não sou nenhum detetive e por isso não quero assistente nenhum! - respondeu o homem sem paciência me levando até a porta de seu escritório.
- Mas senhor, eu entendi e só quero ser seu assistente para qualquer coisa. Sério, qualquer coi-
- Espera, você disse qualquer coisa? Hm, está me convencendo.

Por fora posso até está sorrindo normalmente, mas por dentro só tem as borboletas soltas revirando meus órgãos. Confesso que nunca me senti tão feliz como estou agora, posso provar para mamãe o quanto ela estava errada sobre ser assistente de alguém. O Sr. Burgees me fez várias perguntas enquanto eu estava sentado em uma cadeira em frente a poltrona dele, com uma mesa separando a gente, e todas mantive confiança e respondi com sinceridade.

- Pelo que vejo você ainda não tem idade suficiente para o trabalho disponível com o tipo de ser assistente. - diz o Sr. Burgees com um óculos em uma mão e um caderno na outra. - Mas caso queira, tenho outro trabalho perfeito com esta idade.
- E qual seria esse trabalho, Sr. Burgees? Estou muito ansioso!
- Logo logo você irá ver.

Quando o Sr. Burgees sorriu me senti desconfortável e agoniado, olhei para os quadros do escritório dele e um deles contém um grupo de garotas quase nuas com um homem entre elas, sendo muito parecido com o Sr. Burgees. Apertei minha gravata tentando manter a calma enquanto o sorridente se levanta da poltrona, e então penso em algo para aliviar aquele clima desconfortável entre dois estranhos.

- Senhor... Esses quadros são de algum filme, arte, concurso ou familiares? Desculpa pela curiosidade, esses dias ando muito curioso e não sei qual o motivo. - soltei uma risada pra abafar minha curiosidade e vejo o mais velho se levantar da poltrona.
- Alguns desses quadros são das garotas que já trabalharam aqui, tempo bom era aquele.
- Aconteceu alguma coisa com elas? Percebi o seu tom de fala de uma maneira triste.
- Pois bem, não é da sua conta. - Sr. Burgees respondeu de uma forma grosseira e veio em minha direção. - Levante e tire essa bunda da cadeira e me acompanhe até o lugar do seu trabalho, tenho mais coisas interessantes pra fazer.

Detetive até o fimOnde histórias criam vida. Descubra agora