Capítulo 9

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[AVISO DE GATILHO PARA ESSE CAPÍTULO! SÓ LEIA SE NÃO TIVER PROBLEMAS COM AS SITUAÇÕES RELATADAS NO PRÓLOGO.]

Seulgi ficou sozinha em seu quarto naquela tarde. A vontade de consultar um médico para checar seu ombro apareceu algumas vezes, mas ela estava com preguiça de fazer qualquer coisa naquele dia.

Por enquanto, ela apenas ficou deitada em sua cama pensando. Se deitou até que adormecesse e acordasse novamente. Deitou e sucumbiu ao silêncio ensurdecedor de seu apartamento.

Além disso, ela sempre podia entrar em contato com Joohyun ou seu marido para conversar com eles sobre sua lesão.

Ela não tinha certeza se era mesmo uma boa ideia.

Tanto faz.

Com o plano de se desligar do mundo por algum tempo, Seulgi desligou o celular. Ela queria tempo, um tempo sozinha, mesmo que apenas um pouco, para lamentar e chorar.

Mas para que? Ela ainda não sabia.

Tudo o que ela sabia era que existia um sentimento pesado no peito que ela precisava jogar para fora do seu sistema.

Podia ser por causa de Joohyun - uma grande parte disso sempre é por causa de Joohyun. Outra parte podia ser Jisoo. Talvez ninguém aceite Seulgi do jeito que ela é?

E então a outra parte é mais uma autopiedade. Por que ela ainda estava viva? Pelo que? Os Evens não existem mais. O ela poderia fazer agora? Ela não tem uma família viva, não tem alguém para chamar de sua.

Ela se sentia inútil. Não havia ninguém para quem viver, então para que sua vida ainda servia?

Ela estava começando a ouvir vozes novamente. Ela sabia que era apenas o cérebro dela que criava esses barulhos estranhos, ainda assim, ela continuava ouvindo as palavras, os ecos, os sussurros. Havia muitos deles, muitos para compreender, muitos para entender e distinguir o que era bom ou ruim.

Então, ela fechou os olhos e se deixou cair no abismo das memórias.

Seungwan estava certa. Ela precisava ir à terapia novamente. Ela colocaria isso em sua lista de tarefas amanhã, para procurar outro médico. Não pode ser Seungwan. O médico não deve estar relacionado a Joohyun de forma alguma.

Porra. Ela precisava tirar completamente Joohyun de seu sistema ou ela ficaria louca.

Mas como ela poderia tirar Joohyun de seu sistema?

Ela poderia tentar uma amnésia auto infligida? Talvez ela pulasse do terraço com a cabeça para baixo afim de chegar a essa idéia?

Mas isso não a mataria?

Bom, morrer não seria uma idéia melhor?

Morrer não a assustava. De fato, ela aprendeu a abraçar a morte, uma razão pela qual ela não teve medo durante seus dias na SAU. Ao contrário das outras, ela sempre viu a morte como uma fuga completa da dor, uma reviravolta completa da miséria com a qual lutava há muito tempo, desde que era criança.

Então ela ouviu a voz de Sooyoung, repreendendo-a, pedindo para não se machucar.

Ela riu e enquanto ela ria, lágrimas também começavam a escorrer por suas têmporas.

Ela estava rindo e chorando ao mesmo tempo.

Talvez ela já estava louca. Essa é a razão pela qual ninguém a suportava mais.

Talvez ela devesse ficar sozinha e infeliz.

Então ela continuou rindo e chorando até sentir sono. Ela cedeu à tentação de fechar os olhos, esperando não acordar mais.

Unchangeable - SeulreneOnde histórias criam vida. Descubra agora