⭟ | capítulo três

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ATUALMENTE

julieta

ao chegar em casa, meu namorado deixa um beijo em meus lábios antes de se despedir "até amanhã, amor". quando entro em casa, lá estão meus pais, com sorrisos esperançosos e animados para escutar sobre meu primeiro dia de aula.

---- e então ? como foi ? - eu amo contar as coisas para os meus pais, eles são ótimos ouvintes. meu pai alex é psicólogo, mas ele não usa a psicologia comigo, sou esperta demais pra cair nesse papinho. meu pai joe é estilista numa filial da dior. eles estabelecem um ótimo relacionamento com isso, além do mais, joe passa a maioria dos dias em casa trabalhando em sua mesinha de alfaiate e alex possui seu escritório médico em casa.

---- ah... você sabe, fiz pouquíssimas tarefas no primeiro dia, viviane continua no pé de carlos...

---- aquela garota não desiste mesmo, hein ? - joe comenta, alex ri e dá um tapinha no braço dele por ter me interrompido.

---- sr. holland está no hospital, disseram que o coração dele tá bem mal - meus pais lamentam. ---- o payton vai dar uma festa na piscina e euviolouis.

---- você viu o que ? - perguntam em uníssono.

me jogo no "sofá da terapia", como chamamos o sofá branco e confortável da sala, que realmente parece aqueles sofás de filme onde as pessoas deitam pra desabafar. ---- eu vi o louis.

---- e o que ele disse ?

---- disse tchau.

---- como assim "disse tchau" ? - alex pergunta.

---- ah, payton o convidou pra festa, ele disse que iria então se despediu e parecia desesperado pra sumir.

---- talvez ele só estivesse com pressa.

---- ele podia ter me dito pelo menos um oi - digo emburrada, mas então me recomponho e olho para meus pais sentados do outro lado da sala e digo : ---- desculpa... é que eu queria que ele me dissesse, mas ele não disse. não me disse nada, nunca disse.

---- ainda estamos falando sobre o "oi" que você queria receber ? - pai alex pergunta, com aquele ar tranquilizador de terapeuta.

---- não vem com esse tom pro meu lado, mocinho - joe solta uma risadinha e eu abro um sorriso antes de completar : ---- não, pai... meu problema é que eu sempre fico voltando naquele dia, naquela casa, naquele momento estúpido que eu tanto queria esquecer. e eu só queria que ele me dissesse, sabe ?

---- por que não perguntar à ele sobre isso ? por que guardar isso para si e deixar te corroer ? - de novo o tom terapeuta. mas fico pensando nisso por um tempo.


---- prometo pensar nisso, obrigado pai - me levanto do sofá e beijo a bochecha de alex, então beijo a bochecha de joe e pego minha mochila. ---- vou subir, carlos vai me ligar daqui a pouco.

---- jantar saí às nove, chama o carlinho.

---- vou chamar.

às cinco todas as minhas atividades estavam concluídas com sucesso. às seis meu quarto estava relativamente arrumado - com excessão às roupas sujas e os livros espalhados por aí pois ainda não arrumei minha estante. às sete vi louis sair de sua casa, ele se sentou na varanda e estalou o pescoço e os braços, depois tirou um bloco de notas do bolso e olhou em direção à minha janela - para mim - e ele corou quando nossos olhos se encontraram, e eu senti vontade de morrer por ser pega espionando.

fechei a cortina. melhor assim.

às sete e cinco minhas unhas não existiam mais graças à minha ansiedade. às cinco e dez eu me deitei perto da janela de uma forma em que louis não pudesse me ver e me senti o próprio joe goldberg. às sete e quinze louis tocava umas notas com seu violão marrom que sua irmã mais velha dera quando ele completou 14.

às sete e meia eu não me aguentei e peguei um livro do chão chamado "o sol também é uma estrela", uma referência à uma piada interna que nós tínhamos. escrevi um bilhete.

seus olhos são castanhos como as folhas secas de outono
indo e vindo pelo céu nublando a estrela-sol
não há coisa mais bonita que vê-los sorrir
te ver chorar foi pior que te ver partir
outrora meu amigo agora um desconhecido

mas por isso peço perdão
uma última lembrança como aquela parte meu coração
igualmente terrível fora vê-lo naquela situação
te amo demais para deixá-lo definitivamente se afastar
ou, você poderia, por favor, me deixar tudo com ti consertar.

parece brega, mas sei lá. louis gostava de meus poemas antes, ele dizia que escrever poema era bom já que eu sempre teria altas expectativas e não namoraria um merdinha.

hesito quando chego na varanda da minha casa, louis continua lá, entretido em sua música. queria apenas poder seguir em frente de uma vez, sem me importar com o que houve naquele dia, mas me importo. passei o um ano inteiro fingindo que não me importo, que não ligo, mas eu o faço e muito.

---- oi, estranho - eu cumprimento, como costumava fazer. louis se assusta, mas se recompõe e para de tocar, escondendo o bloco de notas de mim. ---- eu estava arrumando meu quarto e achei isso - estendo o livro. ---- queria que ficasse com ele.

quando estávamos no nono ano, louis e eu descobrimos que ambos gostávamos de ler (apesar de eu preferir ler fanfic de um tal casal de gays não assumidos) e então começamos a ler alguns juntos. como um pequeno clube de leitura com apenas dois membros, louis gostava de me escutar lendo enquanto eu gostava de vê-lo interpretar.

---- não precisava... - ele diz, mas pega o livro mesmo assim, nossos dedos se tocam um segundo antes de eu me afastar.

eu devia sair correndo e me trancar no quarto? por que agora não tem como voltar, não posso arrancar o livro das mãos do garoto e dizer que estava mentindo, que não queria dar a ele meu livro. eu escrevi o bilhete na primeira folha... quero perguntar o que ele estava compondo mas faço a pergunta mais idiota de todas.

---- você vai mesmo na festa de payton ?

---- não se depender de mim.

---- nem se tiver comida de graça e mulher bonita de roupa de baixo ? - jogo uma brincadeirinha.

louis

---- nem com todas as mulheres bonitas do mundo - digo, querendo sumir. é claro que eu queria ir na festa de payton, não pra ver mulheres em roupas de baixo, mas apenas para vê-la mais um pouco. assumo que me sentei na varanda apenas para tentar ter um vislumbre de julieta. vê-la apenas na escola não bastou. pensei que estivesse feliz, mas não estou. eu a quero de volta, mas não sei como o fazer. " oi, julieta, me desculpa por ter sido um cuzão com você naquele dia. podemos seguir em frente normalmente como se nada tivesse acontecido ? " é claro que não. julieta olha para trás, na direção de sua casa, onde há um carro que acredito ser de payton.

---- bem, eu tenho que ir, meus pais estão fazendo lasanha. carlos já chegou - ah. é carlos, seu amigo, não payton.

não consigo esconder o ciúme, eu deveria ser o amigo que come lasanha em sua casa, quando digo : ---- boa janta.

julieta hesita e por um segundo acho que me convidaria também - eu queria que me convidasse - mas ela apenas acena e corre de volta para casa, andando para dentro abraçada à carlos.

NOTAS -

vocês preferem capítulos curtos ou longos ? comentem!!!

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