Capítulo 5

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   Os meus olhos fitavam o teto de cimento da cela. O meu companheiro finalmente tivera adormecido, horas depois de virar e revirar os lençóis sujos. O meu nariz já estava habituado ao cheiro nauseabundo deste lugar, mas não deixava de ser desagradável o nosso pensamento acerca disso. 

   Barulho de passos no corredor desviam a minha atenção momentânea, fazendo-me levantar o meu tronco. Tilintar de chaves e vozes começaram depois a ser mais perceptíveis, assim que me levantei completamente da minha cama e me dirigi à porta de aço. Tentei espreitar pelo pequeno quadrado, mas nada se estava a passar com os da cela da frente. Mais barulho de pessoas a caminhar aparecem, desta vez, em direção à nossa cela. Em bicos de pés, dou uma breve corrida até debaixo dos meus lençóis, tapando-me completamente e fingindo estar num sono profundíssimo. A chave é introduzida na porta, sendo esta aberta por dois guardas.

   "Hayes, tens que nos acompanhar." Um dos guarda informou, arrancando-me da cama.

   O meu coração bate mais forte, quando sinto as algemas serem apertadas nos meus pulsos. Não era nada comum os guardas entrarem dentro das celas a meio da noite. Os meus pensamentos rodeavam apenas coisas malignas, como por exemplo: eu ter feito mal algo e, agora, ser severamente punida. 

   Olhei para trás, vendo um Harry acordado, a olhar para mim com uma expressão confusa. Rodei novamente a minha cabeça para a frente, podendo observar os meus pés serem movimentados com rapidez.

   O barulho da porta ser fechada faz-me estremecer mentalmente. O som do metal arrastar no cimento era uma audição perturbadora para mim, causava pele de galinha. 

   "Onde vamos?" Questiono aos musculados, que me seguravam os braços.

   "O teu advogado está aqui." Ele diz rapidamente, porém, num tom baixo.

   O que é que o meu advogado faria aqui, a estas horas? Apesar de estar alíviada por não vir a ser torturada esta noite, o facto de ter uma visita inesperada também era aterrorizador.

   O percurso até à pequena sala de visitas foi rápido, e senti o meu corpo ser empurrado para a frente com alguma brutidão. A porta foi fechada com um pequeno estrondo no fim e antes de encarar o meu advogado, suspirei profundamente.

   "Ava Hayes,"Ouço a voz do homem que me tem ajudado.

   "Que visita inesperada, Robert! Obrigada por me teres chateado a meio da madrugada!" Fingi um entusiasmo eufórico e irónico.

   "Trago notícias, e acho que vais gostar." O seu sorriso mafioso faz o meu coração saltitar.

   "Vou ser finalmente libertada?" Pouso as mãos na minha anca.

   "Não, mas--" Ele tenta falar, mas eu rapidamente o corto.

   "Então não vou gostar." Digo virando-lhe as costas. "Boa noite, Robert."

   "Consegui reduzir a tua pena." Ele pronuncia-se.

   Parei de caminhar em direção à porta, absorvendo bem as cinco palavras que lhe tinham escapado por entre os lábios. Como terá conseguido ele tirar-me da prisão perpétua?

   "Tens a certeza que não estás interessada nesta conversa?" Ele questiona, seguido de um estalar de dedos que me metia imensa impressão.

   "Conseguiste ou vais tentar?" Levo a minha mão até ao topp do meu nariz massajando-o.

   "Consegui, Ava. Só tens mais quatro anos para cumprir." Ele solta uma leve gargalhada. "Se te sentares aqui eu posso contar-te como o consegui fazer."

   "É muito mau?" Pergunto.

   "Envolve o Zack." Ele suspira.

   Fecho os olhos momentaneamente, não sabendo o que pensar ou o que fazer. Eu não queria ajuda dele para nada, desse Zack. Ele seria a última pessoa do mundo que eu quereria algo.

   "Consegui culpar o Zack por todos os crimes e que te usava inocentemente para traficar o dinheiro dos órgãos de todas aquelas pessoas." 

   "Mas sabes que nada foi inocente. Eu matei trinta e oito pessoas, Robert." Sento-me na cadeira à sua frente.

   "Eu sei, mas consegui culpar o Zack em matar todas aquelas pessoas." 

   "Como? Como é que encontraste o Zack? Como é que ele se deixou ser capturado dessa maneira?" Nada disto fazia qualquer sentido. Zack é um assassino profissional, ele já cometeu centenas de crimes sem nunca ter sido apanhado. 

   "Ele disse que estava disposto a ajudar-te." Robert tenta explicar.

   "Ajudar?" Solto uma risada doentia. "Esse gajo quer tudo menos ajudar, como foste cair, Robert?! Ele vai-me perseguir até me matar!"

   "Ele vai preso, Ava, prisão perpétua. Ele nunca na vida te vai perseguir!" O meu advogado revira os olhos.

   "És tão inocente que até me dá vontade de não sair desta prisão." Chateio-me e levanto-me bruscamente. "Até a um dia."

   "Espera, Ava!" Ele exclama antes de eu abrir a porta de saída. Parei, sem lhe deitar o olhar, esperando pelo que ele quereria dizer mais.

   "O pagamento, como vai ser? Eu já cumpri a minha tarefa." Ele questiona.

   "Olha, vai à merda. Se conseguiste apanhar o Zack também consegues tirar o dinheiro da minha conta." Levanto o meu dedo do meio e saio fora da pequena sala. 

   Os dois guardas que me encaminharam para aqui, estão a levar-me de volta para a minha cela. As algemas estavam tão apertadas como à bocado. Conseguia ver olhares doentios dos criminosos das outras celas. Eles saciavam por sangue, por conseguir deitar-me as mãos e torturar-me da pior maneira possível. Eu sabia disso porque esse sentimento era mútuo. 

   Eles atiram o meu corpo para a frente, obrigando-me a entrar na cela e retiram-me as algumas antes de saírem. 

   Os olhos de Harry estavam abertos e encaravam-me sem pestanejar. Eu não conseguia entender qual era o seu problema, mas ele parecia ser um doente mental. Ele nem devia de estar aqui, devia de estar num asilo de psicopatas. Ele tanto age de maneira normal, como de maneira assustadora. Observo que em cima da sua cama tem um pacote com uma seringa usada e uma gota de sangue no seu braço.

   "Filho da puta de drogado." Calunio. "Como meteste drogas aqui dentro? O que é esta merda, sequer?" Avanço e pego no recipiente que continha o líquido.

   Antipsicótico. Era o que dizia em letras pequenas em baixo do nome. Por que é que ele tomaria um antipsicótico? Sinto as suas mãos agarrarem-me o braço, arrancando a pequena embalagem. Ele parecia chateado por eu ter lido o que lá dizia.

   "Não toques nas minhas coisas." Ele murmura.

   "Se sabem que andas a ir à farmácia ou fazes contrabando de dro-"

   "Mas não vão saber!" O tom da sua voz aumenta. "Eu preciso disto e eles não receitam esta merda lá na farmácia, já falei com o psiquiatra."

   "Eu também preciso de medicação e não ando a roubar a farmácia." Reviro os olhos exausta.

   "Chega de conversa, foda-se." Ele diz, deitando-se na sua cama virado de costas para mim.

   Sem dúvida que esta pequena informação ia direta para o Richard, sei que ele ia adorar tramar o pequeno segredo de Harry.


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Peço desculpa a demora, mas andei um bocado ausente em relação a todas as minhas histórias. Andei mais a traduzir a Texting nestas férias, espero que tenham gostado deste capítulo! :)

LY

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⏰ Última atualização: May 05, 2016 ⏰

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