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--- A mãe dela é irmã da madame B.--- Escuta Yelena falar assim que se põe ao seu lado.--- Quer dizer, era.

--- Como sabe disso?--- A olha confusa tentando acompanhar a loira que anda com pressa.

--- Desde que saímos daquele lugar, eu procurei um jeito de tentar entender, eu já era órfã, não fazia muito diferença, mas a Natália é a pessoa mais importante do mundo para mim.--- Balança a cabeça virando para outra rua.--- Tudo que fizeram com ela foi muito pior que com as outras.

--- Então você foi atrás, esse tempo todo?--- Morde o lábio vendo pegar uma arma ao entrarem em um beco.

--- Não, a minha ideia era desmanchar aquele lugar de dentro para fora, nunca vemos ser livre a de verdade enquanto ele ainda existir.--- Volta a guardar a arma ao ver o beco vazio.--- A sala vermelha foi fundada pelo bisavô da madame B, era um negócio de família e tal. O pai dela se casou com uma menina normal, que gerou duas meninas, Elizabeth e Beatrice. Elizabeth deu luz a Natália, Beatrice, ou madame B, a transformou em uma assassina.

--- Então onde está essa mãe dela que não manteve a filha dela segura dessa mulher maluca?--- Balança a cabeça olhando para a loira.--- Isso é maluquice.

--- Os pais delas morreram, e depois disso a Elizabeth fugiu, deixando a Beatrice no controle de tudo. Enfim, ela se apaixonou e casou com um garoto e foram para longe, tiveram uma filha, Natália.--- Para na frente de um prédio franzindo a testa.--- Foi uma gravidez complicada, quando a Nath nasceu ela perdeu a capacidade de gerar, a Beatrice achou que o fato dela ter abandonado o legado da família e ela era uma traição, então foi lá e pegou o resultado disso, dessa tal traição que a cabeça dela falava, se vingou transformando a filha na irmã dela na assassina que ela se recusou a ser.

--- Isso é...--- Balança a cabeça vendo-a chutar a porta e atira uma rajada de magia para a abrir.--- Maluquice.

--- Ela tinha três anos, ia fazer quatro, parecia uma bonequinha, vermelha e ruiva, temos quase cinco anos de diferença e...

--- Mesmo assim cuidou dela.--- Levanta suas mãos clareando o lugar ao entrarem.--- Ela me disse.

--- Mantive ela viva, é diferente de cuidar.--- Murmura olhando para as faíscas escarlate em suas mãos.--- Mesmo sendo maluca, a madame B tratava ela de um jeito especial, de certa forma, ela tinha um quarto só pra ela, e o treino dela era mais pesado, desde pequeninha, os guardas também notaram o tanto que ela era "especial". Tenho quase certeza que ela foi estuprada.

--- Quase certeza?--- Para no meio da sala a olhando.--- Isso é mais do que achar.

--- Aconteceu, ela fingia sua não mas era mais fácil para eles.--- Puxa a arma de sua cintura voltando a andar.--- Ficava em um quarto sozinha, presa, as vezes eu conseguia escapar e ficar com ela, mas eu não consegui o tempo todo.

--- Olhando para ela agora, você fez um bom trabalho.--- Murmura vendo a loira suspirar guardando a arma.--- Onde tá essa Elizabeth afinal.

--- Em algum lugar por aí.--- Se vira para a morena ao ver que o local estava fazio.--- Tinha câmeras lá, acredito que ela mandava vídeos da Natália para eles, em algum momento devem ter desistido.

--- Que tipo de pessoa desiste de um filho?--- Pegunta abaixando as mãos.

--- O tipo de mãe que tem o marido morto pela filha.--- Responde se aproximando da janela.--- Na primeira missão da Natália ela matou um camponês chamado Joseph, nunca entendi o porquê até descobrir isso.

--- A quanto tempo você sabe disso tudo?--- Passa a mão no rosto se aproximando.

--- Bom, a uns dois anos, é o mesmo tempo que eu passei sem falar com a Natália, ou Natasha.--- Se vira cruzando os braços.--- Não sabia como falar pra ela.

--- Mas está aqui agora.

--- Quando minha irmã precisa de mim eu apareço.--- Murmura sorrindo.--- Se for ficar com ela mesmo é bom se acostumar.

--- Tá bom, qual seu plano agora?--- Volta a segui-la em direção a porta.

--- Você é telepata né? Não consegue sentir a essência dela ou alguma coisa assim?

--- Não pensei nisso.--- Balança a cabeça confusa.--- Acho que posso tentar.

(...)

--- Então acho que é isso, esse é um prédio muito seguro, vamos precisar de todo o nosso poder de fogo.--- Escuta Nicky falando enquanto veste a jaqueta vermelha de Natasha olhando para a bebê que agora dormia, encolhido no sofá, até o momento não entendia como ela havia ido parar naquele lugar.

--- Imagina alguém com as suas habilidades de poderes.--- Se vira para Yelena que se põe ao seu lado.--- Com o treinamento que a Natália teve, seria...

--- Indestrutível.--- Completa se virando para a loira.--- Mas onde arranjaram um bebê?

--- Orfanatos, berços de casas simples, maternidades.--- Responde olhando para a criança franzindo o nariz.--- Olhando assim, parece a Natália quando era criança.

--- Vamos garotas.--- Se vira para Steve e suspira.--- O que faremos com o bebê?

--- Acredito que ela vá ficar bem segura no seu jato de gente rica.

--- Vamos mesmo confiar nessa garota.--- Revira os olhos para Tony.

--- É claro,  por que confiar em alguém que resolveu em três horas algo que vocês estão empacados desde ontem.--- Resmunga se aproximando de steve.--- Ela tá viva Steve, mas tá machucada eu sinto, se não formos buscá-la vão levar ela de volta pro quarto vermelho.

--- Vamos logo então.

(...)

--- Você me olha diferente agora.--- Fecha os olhos ouvindo a voz repulsiva do homem que se vestia, tentou nublar sua mente enquanto o mesmo usava seu corpo, exatamente como fazia quando ela era criança, a diferença agora era que Natasha não chorava ou gritava.--- Natáli...

--- Meu nome é Natasha.--- Murmura tentando se manter alerta, seja lá qual fosse o veneno que percorria seu corpo no dia anterior já havia recebido um antídoto, porém a bala ainda estava em seu abdômen.--- Eu não tenho medo de você, tenho nojo, repulsa, ódio. Não importa quantas vezes você me estupre, não vai me ver como me via a dez anos.

--- Bom...--- Termina de de vestir a olhando deitada, agora estava vestida com uma camisola de hospital.--- Em algumas horas iremos para a Rússia, e quando a madame B reiniciar sua mente vai ser exatamente quem era a dez anos.

Você Não Está SozinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora