Capitulo I

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Pisei no acelerador, a chuva caia forte do lado de fora, e as gotas caiam embaçando o vidro e dificultando minha visão, eu sabia que estava sendo irresponsável, mas eu queria apenas chegar em casa o mais rápido possível, eu sabia o que Ebby diria, ela faria grande monólogo sobre o quanto o enterro era caro e sobre o quanto ela era ocupada demais para cuidar do apartamento sozinha, nós morávamos juntas a dois anos, e desde que meus pais haviam morrido a 1 ano, ela se tornou minha única familia.

Ebby era o tipo de garota que parecia fisicamente inocente, mas quando você a conhecia melhor, descobria que de inocente, ela só tinha a aparência. Ela trabalha em um salão de beleza no cento, e a essa hora ela já deve estar em casa.

Um tilintar baixo me tirou de meus devaneios, soltei um pesado suspiro, enquanto me esticava para pegar o celular no banco ao lado, e olhei no visou, era uma mensagem de Ebby assim como imaginei, "ONDE EXATAMENTE VOCÊ ESTÁ???"

e pelo modo como ela havia se aproveitado da ferramenta Caps Lock e do uso exagerado de interrogações ela já deveria estar surtando. Ergui os olhos para a estrada, a tempo de ver algo grande parado na frente do carro, pisei no freio, mais não rápido o suficiente para não bater.

-Droga- gemi enquanto saia do carro e enfiava meu celular no bolso de trás da calça.- Não seja um cervo, Não seja um cervo- sussurrei para mim mesma,e para minha grande sorte não era um cervo, mais sim algo muito pior. - Meu Deus, o que foi que eu fiz ?! - A minha frente estava um homem, eu não conseguia ver seu rosto, pois a chuva caia forte , ele parecia estar bem, tirando o fato de estar desacordado, eu não poderia deixa-lo alí e o hospital mais próximo era a 100 km de distância, a minha única alternativa era levá-lo para minha casa, suspirei pesadamente me abaixando a seu ledo e checando seu pulso, comprovando que ele estava vivo, agarrei seu braço e impulsionei seu corpo para cima em direção ao carro, coloquei-o no banco traseiro e corri para o banco da frente, pisando no acelerador.

Não demorou muito para que eu chegasse em casa, ou talvez eu simplesmente estivesse preocupada demais com o cara no banco traseiro do carro que não estivesse realmente mais prestando tanta atenção, a chuva havia diminuido e a julgar pelas luzes acesas no quarto andar Ebby já deveria está em casa,concerteza tendo uma síncope ou algo assim, estacionei o carro e sai rapidamente , abrindo a porta traseira e puxando-o para fora, cambaleei com ele até o elevador, e o deixei no chão enquanto apertava repetidamente o botão do meu andar rezando para que ninguém decidisse pegar o elevador . Quando o elevador finalmente parou eu o arrastei pelos pés para fora até a porta de meu apartamento e assim que consegui destrancar a porta eu o arrastei mais um pouco e coloquei-o no sofá.

-Até que enfim a senhorita chegou, achei que não ia me dar o prazer da sua presença e... espera por que exatamente tem um homem no nosso sofá? - Ebby falou vindo da cozinha.

-Engraçadinha, também é bom te ver,e bom... Eu meio que atropelei ele.- falei conçando a nuca e fazendo careta.

-VOCÊ O QUÊ? - ela meio que gritou, colocando as mãos em sua cintura, ela parecia uma criança que teve seu balão estourado ou algo do tipo.

-Não foi te propósito, ele meio que apareceu do nada frente do meu carro do nada - choraminguei - e a culpa também é sua, se você não ficasse me mandando mensagens quando estou dirigindo eu não teria parado de prestar atenção na estrada e não teria atropelado ele.

-Homens bonitos não se jogam na frente de carros em movimento de propósito, principalmente do seu, bom, sem ofensas, e não me culpe pela sua incrivel falta de atenção.- ela se aproximou do rosto dele.

-Não se preocupe, não ofendeu - falei ironicamente.

-Bom, pelo menos está vivo e não parece ter quebrado nada, eu vou pegar uma roupa do Tom para ele.

-Quem é Tom?

-Meu namorado - ela falou como se fosse o óbvio.

-O nome dele não era Jhony?.

-Não, eu acabei com o Jhony já vai fazer uma semana, mais isso não importa, eu vou buscar as roupas, tenha cuidado,eu quero dizer, ele pode ser um tarado, um muito quente e sexy mais um tarado, não que eu me preocupe comigo, só quero proteger sua virtude - ela jogou seus cabelos negros sensualmente e piscou.

-Eu sei proteger minha virtude, agora vai - ela sorriu e foi em direção ao seu quarto. A vida amorosa de Ebby é confusa, ela é bonita com seu fisico pequeno e infantil, mais troca de namorado como troca de esmalte.

Me sentei na ponta da mesinha de centro em frente a ele, Ebby tinha razão, ele era realmente bonito, possuia cabelos loiros e cacheados ,e um rosto emoldurado com lábios cheios e rosados, seu queixo era angular e sua pele era branca e suave.Ergui minha mão e tirei o cabelos molhados de sua testa, ele parecia pacifico.

-Hey, você não deveria molestá-lo, isso é contra a lei.- Abby falou vindo em minha direcão com uma muda de roupas nas mãos.

- Eu não estou...Eu só...Não importa- gaguejei.

-Relaxa - Ebby falou jogando as roupas na minha direção - eu já teria feito coisa pior.

-É eu sei, mais eu não sou você Okay?!.- levantei da mesinha apertando os olhos em sua direção.

-Okay, minha pequena menininha inocente, eu vou dormir, boa sorte com o belo adormecido, e não faça nada que eu não faria , boa noite.- Mostrei a lingua para Ebby e ela fez o mesmo voltando para seu quanto.

Coloquei as roupas na mesinha de centro, e agarrando a base de sua camisa eu a ergui retirando-a com dificuldade, ele tinha musculos perfeitamente definidos, com gominhos protuberantes que se retesaram quando o coloquei sentado. Ele possuia inumeras cicatrizes em seu corpo, algumas pequenas e outras grandes, elas estavam por todo o seu peito e tórax, as maiores delas estavam nas costas, eram paralelas e se estendiam da base da coluna até as homoplatas tão rosadas e cruas que parecia que alguém as tinha feito com fogo.

Talvez Ebby tivesse razão, ele realmente pode ser um psicopata ou um serial killer ou um maniaco por escarificações. Vesti a camisa limpa e suspirei, não! eu não tiraria sua calça, nem ferrando, eu esperaria ele acordar e se vestir sozinho. Me sentei na poltrona ao lado e não demorou muito para que a inconciência viesse.

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Acordei-me com a luz forte do sol, o homem ainda estava na mesma posição que eu havia deixa do-o, e pelo silencio Ebby já deveria ter ido para o trabalho, levantei-me da poltrona e segui para a cozinha, procurei algo para comer na geladeira, por fim agarrando uma caixa de leite , me virei para por a caixa na mesa , mas esbarrei em algo grande e relativamente rígido, ergui meus olhos lentamente e encontrei um par de profundos olhos azuis.

-Meus Deus! - ofeguei ,me afastando, senti a caixa de leite escorregar de minha mão e meu pé bater em algo, tudo foi muito rápido, eu estava caindo e então suas mãos fortes agarraram minha cintura levantando-me e chocando-me contra seu peito, em nenhum momento seus olhos se distanciaram dos meus.

-Bom- ele disse, sua voz forte e rouca - Acho que você me deve uma explicação.

Anjo PerdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora