Fêmea

II - Erica

— Não! VOCÊ NÃO!!! — Foram as palavras de boas vindas que eu recebi da minha irmã antes que ela batesse a porta na minha cara!

Eu não consigo acreditar que eu dividi um útero e mais da metade da minha vida com essa pessoa! Não dá pra entender quando foi que a Fátima ficou louca e muito menos por quê... as pessoas acham que quando você nasce gêmeo com alguém existe essa ligação mágica entre você e seu irmão que faz os dois se entenderem com olhares, sentirem o perigo se aproximando do outro e coisa e tal! Com a gente nunca foi assim... eu era o exemplo da casa, minhas notas eram impecáveis, eu tinha medalhas de primeiro lugar em concursos de redação, matemática e biologia, um ou outro troféu como destaque dos campeonatos de basquete, vôlei e futsal da escola, todos os professores me adoravam, os pais dos meus amigos queriam que eles fossem iguais à mim e meus pais me usavam como exemplo dentro de casa, por que a minha irmã era um desastre!

Ela nunca se importou em seguir as regras, não que ela fosse uma vagabunda ou uma marginal, ela só era quieta... estranha, sei lá! Começou a se enrolar com o André no ultimo ano da escola e nunca mais largou dele, foi a decisão dela que eu menos entendi... O André era um cuzão, vivia lambendo o chão onde ela pisava e se acomodava bem no lugar de capacho, era desses manézinhos que nunca viveu de verdade na vida! Eu até arrumei outros caras pra ela, ora mais inteligentes, ora mais gostosos, só que ela gostava do estranho dela, eles se davam bem!

Apesar de tudo a Fátima era minha melhor amiga! Ela me ajudou em quase tudo nessa vida, não que minha vida fosse difícil, eu era um filhinho de papai que fazia de tudo pra se destacar por aí, um menino de ouro... mas essa perfeição toda era só um desvio! Meus pais não podiam sonhar que eu era gay, não até eu conseguir um jeito de me virar caso tudo desse errado, minha irmã foi meu porto seguro a vida toda, ela conseguia resolver qualquer problema, ainda bem que virou psicóloga... ela sabe entender a vida dos outros!

A escola não foi um problema pra mim, as pessoas achavam que eu era gay mas não tinham coragem de perguntar e também não forçavam a barra pro meu lado, nem quando eu e o George começamos a ficar juntos de verdade a história se espalhou, mas pra mim aquilo tudo foi um fardo! Minha vida começou de verdade quando nós viemos estudar em São Paulo, papai e mamãe se divorciaram meses depois, a gente já esperava por isso... ele acabou descobrindo que um terno de alta costura, um cartão de crédito de limite alto e um cargo importante conseguem todo sexo que quiser e decidiu comer todo mundo que ele não comeu quando era um nerd magrelo, ela decidiu que era melhor viajar por ai gastando o dinheiro dele e nós ficamos numa cidade gigante sem ninguém pra ditar as regras!

Logo eu comecei a trabalhar, o papai mandava um monte de grana pra compensar o fato de ter se transformado num desses coroas ricaços que aparecem nas colunas sociais todo dia com uma loira vinte anos mais nova diferente grudada no braço, mas eu queria terminar a faculdade e contar pra eles sobre a minha sexualidade e tinha que economizar essa grana pra criar um plano B! Quando eu me formei jornalista, contei pra mamãe que era gay e ela enlouqueceu! Minha mãe sempre foi louca e eu decidi deixar ela sofrer com isso... meu pai ficou confuso no começo, ai entrou num período de negação e por fim decidiu que eu não existia mais! Quando a Fátima casou com o André eu fiz ele jurar pela própria vida que nunca ia fazer ela sofrer e decidi que precisava viver minha vida ainda mais longe desse buraco negro que eu chamava de família!

Consegui um intercambio numa revista de moda da Califórnia, e descobri o mundo editorial americano! Festas, eventos, moda, vodca, um pouco de maconha, mais moda, semanas de moda, coquetéis, ressacas, café, prazos estourados, surfistas, sexo, sexo, SEXO! Foi alucinante, extremamente intenso e incrível, nos dois anos de intercambio eu aprendi a viver de verdade!

Agora minha mãe decidiu morrer, há mais ou menos três anos ela descobriu um câncer e parece que o tratamento parou de funcionar meses atrás! Pelo que a Fátima disse ela pode bater as botas a qualquer momento e decidiu que precisava pedir desculpas por ter sido mãe só durante os anos em que ela podia me esfregar como exemplo na cara das pessoas! Agora eu sou mulher, lide com isso mãezinha...

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Eu não sei se você chegou aqui pelo blog, pelas redes sociais ou por indicação do whattpad, mas eu gostaria muito que você compartilhasse o "Fêmea" com as outras pessoas, amigos e familiares, colegas de escola, faculdade ou trabalho... Qualquer pessoa! É muito importante pra mim que o mundo conheça essa história e na internet é tão fácil compartilhar as coisas, nem dói! HAHAHA

Se você gostou da história, me ajude a fazer o mundo gostar também e pode comentar aqui, eu vou adorar interagir com você! Pra quem não me conhece, eu sou o Renan, de Campo Grande (MS), quero ser escritor e estou estudando comunicação social! Eu tenho um blog e um canal no youtube também, sobre livros e todo o resto, pra saber mais é só acessar www.blogreverso.com.br! Valeu, até o próximo capitulo!